4bb- «O Senhor... vai fazer-te uma casa»

– A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico –

(Ciclo B – Domingo 4 do Advento)

 

“«Vai dizer ao meu servo David: Assim fala o Senhor: Pensas edificar um palácio para Eu habitar?… Farei que vivas seguro de todos os teus inimigos. O Senhor anuncia que te vai fazer uma casa… Um descendente, que há de nascer de ti, consolidará a tua realeza. Serei para ele um pai e ele será para Mim um filho. A tua casa e o teu reino permanecerão diante de Mim eternamente…” (2 Sm 7,5.11-14 / 1ª L.). 

 

Episódio e revelação profética (através de Natã) nos Livros Históricos (2º de Samuel)… Quando o rei David manifesta o seu desejo de construir para Deus um templo digno (em vez daquela tenda ou barraca que albergava a Arca da Aliança) o próprio Deus responde-lhe com essas palavras, por meio do profeta Natã… Aí fala-se em palácios, em casas, em templos… mas também em “reinos”, em “tronos”, em “realezas”… Que sentido tem isso?…

 

A – Fala-se, portanto, de “casas e casas”, ou “casas de Deus” e “casas dos homens”… Será que a ‘casa de Deus’ é superior às outras?… E as ‘casas dos homens’ terão todas igual importância?…

B – A realidade é mais simples do que à primeira vista parece. Nas palavras que diz o Senhor Deus ao Seu servo David, vemos que não considera a Sua casa (ou templo) superior às dos homens…

A – Sim, parece que o Senhor fica satisfeito com o projeto e “pensamento que David tinha no coração” para realizar esse seu desígnio de “edificar um palácio para a Arca de Deus”

B – Porém, o Senhor faz-lhe ver que “a verdadeira casa que Ele próprio vai construir-lhe” não vai ter uma estrutura material como as casas e templos construídos pelas mãos humanas…

A – É que irá surgir um misterioso “descendente” de David, “cuja realeza será consolidadae “cuja casa e reino permanecerão diante de Deus eternamente”… Então, a ‘casa’ passará a ser “reino”?…

B – E vai ser justamente esse “descendente” (o Messias Jesus, “que será para Ele um filho”) quem, na plenitude do tempo, anunciará: «Os verdadeiros adoradores de Meu Pai não precisam do templo da Samaria nem do templo de Jerusalém… porque adoram “em espírito e verdade”» (Jo 4,21-24).

A – Afinal, a “casa ou templo” que vai edificar Deus, em Cristo Jesus, está no interior mesmo de cada ser humano, no centro do seu ser, no que agora denominamos como «a Interioridade»

B – Aliás, para S. Paulo estava claro: “O templo de Deus é santo, e esse templo sois vós” (1Cor 3,17). “Não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo que mora em vós?” (1Cor 6,19).

A – E além disso, o Evangelho diz: “Jesus falava, porém, do templo que é o Seu corpo” (Jo 2,21). Então, devemos concluir: Deus é morada (casa) para nós; e nós somos morada (templo) para Ele!

 

A-B: A nossa habitação natural, Senhor, não é só o Teu templo santo

– como o eram, para as andorinhas, os beirais do templo de Jerusalém [Sal 83(84),4];

mas Tu queres estabelecer a Tua morada em nós (“corpo-alma-espírito”),

para que assim também, a nossa casa habitual sejas Tu mesmo, ó Pai nosso…

E Tu, Jesus, a pedra rejeitada pelos construtores mas que és a pedra angular,

transforma-nos em pedras vivas na edificação do ‘templo espiritual’ (1Pe 2,5).

 

// PARA uma outra REFLEXÃO ALARGADA: http://palavradeamorpalavra.sallep.net