
«A GRANDE ‘BRINCADEIRA’ DO PAI-DEUS» (1)
Alguém já ouviu falar, alguma vez, de certa obra teatral – mistura de comédia e drama, ou então, de jogo e de tragédia – ou ambas as coisas, uma espécie de “tragicomédia universal”?… E se nos dissessem que (sem nós darmos por isso) tod@s estamos a “participar” nesta peça, apenas e só pelo facto de termos nascido “seres humanos”?… É que – reparem bem! – a nossa Salvação eterna vai depender, também, desta nossa “participação” consciente e responsável, como agentes (‘atores’ e ‘atrizes’) nisto, que nós poderíamos apelidar de uma grande brincadeira… Aliás, e por consequência, essa nossa “participação” teria de ser a escolha livre mais importante na vida de cada qual e de nós todos!… Mas, olhem, que esta “maneira de brincar” é também uma coisa “muito séria”! Sim, é cómica e é trágica, ao mesmo tempo!…
Imaginemos agora, que este divertimento ou brincadeira, é uma espécie de ‘jogo do eixo’ (sabem?). Esse tal jogo de crianças, e não só… Aí se diz: «Uma vez calha-me a mim saltar por cima de ti, e a seguir és tu que vais fazê-lo por cima de mim, e assim por diante…». Ora bem, e quando é o próprio Deus, o Pai, a entrar neste jogo connosco, neste “eixo” ou roda?… Então?… – Vamos lá ver se conseguimos ‘entendê-lo’… Então, vai ser que o pular ‘eu por cima de Deus’ signifique uma ‘ofensa’ que eu Lhe faço?… E quando ‘calhe’ a Deus passar por cima de mim’, não serão então aquelas ‘situações’ em que eu ‘me sinto mal’ (remorsos, sofrimentos, cruzes…) pelo facto de me achar culpado, devido a alguma coisa que fiz(!) ou deixei de fazer(!)?…
Acontece, porém, que neste “jogo”, além do Pai, também participam connosco, Jesus e Maria (o Filho de Deus e a Mãe de Deus, nada menos!), como ‘personagens’ principais. Claro que O Protagonista – indiscutível e absoluto – é, evidentemente, o próprio Cristo-Jesus. Mas como? – Aí estão: a sua Cruz e a sua Glória, junto com as “Cruzes” e as “Glórias” do Pai e da Mãe; e junto com as nossas “cruzes” e “glórias”!… Porém, uma vez que ‘Eles os três’ não conhecem o pecado, a sua participação na nossa ‘Brincadeira’ é uma aceitação ‘generosa’ e ‘espontânea’ (consciente e livre, e nunca culpável!). Mas, isso sim, com todas as consequências: Eles suportaram o nosso ‘peso’, o peso das nossas culpas e pecados: É o sentido e a causa da nossa Redenção em Cristo! (Is 53…; 1Pe 2,24…).
Aliás, precisamente nestes próximos dias (na semana que vem), vamos relembrar e reviver, a Semana Santa deste ano. Chamada, também, «Semana Grande» por concluir no Domingo da PÁSCOA, o grande Dia da RESSURREIÇÃO do Redentor (Homem-Deus) que foi capaz de criar e realizar, como excelente “Autor”, junto com o Pai, e a Mãe, essa tal «Grande Brincadeira de Deus»…
E saibamos – todos os participantes neste “Jogo dramático” – acudir a Maria, nossa Mãe, para que Ela, como bem sabe fazer, nos ensine e acompanhe na “realização” do nosso “papel” neste, afinal, «Grande Teatro do Mundo» (2), no qual todo o ser humano ‘é chamado a participar’, desde que entra neste mundo-palco até à sua saída dele (‘quando o pano cair’!).
É bom, portanto, ter em atenção que, a nossa Mãe, Maria, é quem melhor pode ‘ensaiar e dirigir’ a nossa real e autêntica “representação”, durante toda a nossa vida neste “aquém”, até à passagem para o definitivo e absoluto “Além”!
Com toda a razão, podemos concluir, como alguém escreveu: «Com Jesus, e como Maria, importante é ‘entrarmos na brincadeira’ do Pai-Deus».
(1)- A figura central (o ‘Abba’) da Imagem, é do humorista gráfico, José L. Cortés.
(2)- É um “Auto sacramental” do dramaturgo Pedro Calderón de la Barca.
(10-04-2025) // PARA outras REFLEXÕES, afins aos Tempos Litúrgicos, ABRIR o ‘BLOG’:
30 Abril, 2025
«ASSIM COMO o ‘ABBA’ (PAI-MÃE)…»-
Luis López A Palavra REFLETIDA
«“ASSIM COMO o ‘ABBA’ (PAI-MÃE). . . ”»
Acontece em bastantes “passagens” (‘textos’) da Bíblia(a Palavra de Deus), sobretudo no Antigo Testamento (AT)…
Isto é, quando pretendemos ‘comparar’o ser humano com Deus – ou vice-versa – utilizamos o ‘argumento’ no sentido errado, sem darmos conta. Claro, com a melhor boa vontade; até porque nos aparece ‘nessa ordem’ (?) na nossa mente.
Vejamos agora algum exemplo, entre muitos outros… O caso do Salmo 103: “Como um pai se compadece dos filhos, assim o Senhor se compadece dos seus fiéis” [Sl 103(102),13] (*). Ou, então, este outro exemplo (onde é o próprio Deus a falar): “Acaso pode uma mulher esquecer-se do seu bebé, e não ter carinho pelo fruto das suas entranhas? Pois ainda que ela se esquecesse do filho, Eu nunca te esqueceria” (Is 49,15).
Ou seja, muitas vezes aparecem, no AT da Bíblia, estas ‘comparações’ ou outras semelhantes. Por exemplo: Assim como uma mãe faz isto ou aquilo… assim Deus…; tal como um pai faz aqueloutro… assim Deus…; do mesmo modo que uma mulher, ou um homem, é assim ou assado… assim é Deus…; etc. Porém, é preciso reconhecer, admitir e aceitar a sinceridade e boa vontade de quem escreve estas comparações, nos Livros Bíblicos, servindo-se daqueles símiles, para exaltar as qualidades incomparáveis de Deus. Entender isto, aceitá-lo e louvá-lo nos autores sagrados, é justo e equitativo, embora reconhecendo que não será a forma correta nas nossas linguagens atuais.
Sim. Porque, postos a ‘comparar’: o correto – na verdade – seria exatamente usar a ordem inversa; que não seria ‘Deus é assim’ porque ‘a pessoa é assim’. Senão: ‘A pessoa é assim’ porque tendo ela sido criada, «gerada», “à imagem e semelhança de Deus”… a mãe, ou o pai… a mulher, ou o homem… são – ou deveriam sê-lo! – semelhantes ao Pai-Deus, que, como Jesus nos revelou e ensinou, é o ‘ABBA’ (Pai-Mãe).
Então, em vez de ‘aquela maneira’ (que se costuma usar) deveríamos dizer, realmente, por exemplo: «Como Deus se compadece dos filhos – que somos tod@s! – assim uma mãe, um pai, deve compadecer-se dos seus filhos…».
Ou, no caso do segundo exemplo (em Is 49), diríamos: «Assim como o Pai-Deus (‘ABBA’) nunca esqueceria nenhum dos seus filhos (como Ele mesmo afirma), assim qualquer ser humano (homem ou mulher) também nunca deveria esquecer o seu filho».
E fica aqui esta “chamada de atenção” para tod@s @s que – atualmente – têm a “vocação” de pai ou de mãe!
(*)- Note-se que aqui já foi substituído ‘os que o temem’ por “seus fiéis” (“os que o amam”) como é costume fazer-se para fugir do ‘temor’ e apostar no “amor”. Além disso, o sentido que tinha
no AT ‘o temor de Deus’ era diferente do que agora tem nas nossas línguas…
(30-04-2025) // PARA outras REFLEXÕES, afins aos Tempos Litúrgicos, ABRIR o ‘BLOG’:http://palavradeamorpalavra.sallep.net