«A MISERICÓRDIA… ACIMA da JUSTIÇA!»

Iniciamos hoje com a transcrição de um breve trecho – uma interrogação – que aparecia no final da nossa anterior Reflexão, do mês passado (22-02-25): 

“Aparece a grande ‘questão’ de sempre: Como é que vai ser “o Além” para aqueles que, infelizmente, fizeram, nesta “primeira ‘etapa’ da Vida” e pelo mau uso da sua liberdade, todo o tipo de males ou perversões!?… Realmente, é a interrogação que muitos podem fazer relativamente a si próprios, ou a outrem…”.

E aqui entra a questão da justiça e, portanto, do possível castigo.

Entramos, assim, numa outra questão consequente, da qual muitos tentam fugir, ou não querem lá saber. É esta: Será que existe isso que se costuma chamar ‘inferno’, ou pior ainda, ‘inferno eterno’, mas que, seja como for, é preferível ignorar e esquecer?…

Acontece que muitos (teólogos ou não) podem defender, ou negar, a sua existência, mas ficando por aí, sem entrar em mais questões, principalmente no que diz respeito ao significado do termo ‘infinitude’ (‘para’ sempre, só num sentido)e do termo ‘eternidade’ (‘desde’ e ‘para’ sempre, nos dois sentidos)…

Quanto a nós (?), não vamos entrar nessas ‘dialéticas’. O nosso raciocínio irá no sentido de fazer algumas afirmações – pela positiva! – a começar por deixar bem claras as convicções ou verdades seguintes. E logo, cada qual decida (!).

A primeira e mais importante é: Só pode ser Eterno (que é muito mais do que infinito) Deus, o Amor, a Bondade… Ou, também, tudo o que se considera essencialmente Bom, Positivo, Vital…  Isto, por uma razão muito simples: tudo o que é ‘oposto’ (Mal, Negativo, Mortal…) não tem existência em si mesmo.

Vejamos o porquê, com alguns exemplos. O mal é só a ausência do Bem; o negativo é a ausência do Positivo; a morte é ausência da Vida; e assim por diante… Do mesmo modo que – na Física – o frio é só a ausência de Calor; a treva é apenas a ausência da Luz... Ou seja, o negativo não existe!

Por consequência, o inferno… (qual outras coisas semelhantes) não pode existir como tal, e menos ainda ser eterno. Quando, nas Escrituras, apareçam expressões como ‘infinito’, ‘não terá fim’ ou ‘será eterno’… referidas ao Mal (direta ou indiretamente) haverá que ter em atenção a tendência a exagerar que temos os humanos (mormente aquelas culturas “orientais”, em cujo seio nasceu a Bíblia)…

Mas talvez já tenhamos reparado que estas realidades ou verdades – que estamos a constatar e declarar – têm a sua razão de ser e o seu fundamento (nada mais e nada menos!) no Amor e na Misericórdia de Deus… que – estes sim – são Eternos!

Porém, levanta-se então uma complexa sequência de questões (?):

Será que, então – e amparados nessa Infinita Misericórdia Divina – já não vai haver ‘crime e castigo’ nem “juízo e condenação”?… Ou, afinal, todos vamos ser iguais, seja qual for o bem ou o mal que tivermos praticamos e vivido nesta vida?… Ou será que vai ser assim, mesmo para aqueles humanos que causaram, neles próprios e/ou nos outros, os maiores males e perversões?…

A resposta é não, evidentemente, pois partimos da base de que a Justiça não pode faltar. É o que todos ‘pedimos’ sempre, não é?!  E, além do mais, deveremos ter em conta que a Justiça é igualmente um dos atributos de Deus…

Por isso, é também impreterível – por ser de justiça – que, aqueles que chegarem, ou chegarmos, ao tal “dia e hora da Verdade”, imersos – consciente e livremente! – no Mal, teremos que pôr as coisas no seu lugar: “limpar” o que estiver ‘sujo’; “endireitar” o que estiver ‘torto’… Numa palavra, “purificar como se purifica o ouro no crisol”. É o que escreve o Apóstolo Paulo: “Mas, se a obra de alguém se queimar, perdê-la-á; porém, ele será salvo, embora como quem passa pelo fogo” (1Cor 3,15 )… Mas como será isso, máxime nos casos ‘mais graves’!?… Deus é que sabe! Até porque, a partir desse “instante” estaremos, já todos e cada um, na ‘outra margem’, isto é,numa “Outra Dimensão”, fora das «coordenadas espácio-temporais» que nos envolvem e determinam neste mundo… Ou seja, a justiça há de ficar a salvo, sem prejuízo de ninguém e para bem de todos!…

Porém, nunca devemos esquecer isto: a Misericórdia é, e será sempre, superior à Justiça!  Di-lo a própria Sagrada Escritura, pelo Apóstolo Tiago: “Quem não pratica a misericórdia será julgado sem misericórdia. Mas a misericórdia está sempre acima da justiça e do julgamento”.(Tg 2,13).       

(21-03-2025)

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