«MAS… É POSSÍVEL “EXALTAR uma CRUZ”!?»

O nosso ‘ponto de partida’ vai ser, hoje, um texto evangélico, aliás já conhecido de aqueles que ‘são adictos’ às nossas ‘publicações’… É este: «Se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, dá muito fruto».(Jo 12,24). Assim, tal e qual! É uma das afirmações mais “revolucionárias” de Cristo Jesus. Sim, um “texto” do seu «Evangelho Radical» (na expressão utilizada e explorada pelo nosso atual Papa Leão, que “citávamos” na nossa Reflexão anterior)…

Trata-se, portanto, do “grão de trigo que morre”. Tendo bem presente que, deste texto ‘parabólico’ de Jesus deduz-se que há de haver mais do que um tipo de “morte”, ou seja, várias formas de “morrer”(!?). Entenda-se bem isto!… Vamos, então, para a nossa Reflexão comentada.

Uma coisa parece ficar clara, já desde o início: que, ‘se o grão de trigo não morrer, a sua vida acabará’(!?); o qual parece um contrassenso (?). Claro, exatamente por isto que o texto é “revolucionário”… e é “radical”!  E, certamente, também é um ‘mistério’… Mas afinal, que tipo de morte é este, ou esta maneira de morrer?  – Sim, porque se ‘o grão’ não morrer desse modo, vai ficar ele ‘só’, e então, aos poucos, ‘secará’ (e ficará “estéril”!), desagregando-se, desintegrando-se… e acabando por desaparecer deixando pó e nada… É evidente que, desse modo, ele também “morreu”, mas, neste caso, com uma morte definitiva (não com a morte aparente e temporária – ‘corporal’(!) – de que se tratava naquele outro modo de morrer)!

Ora bom, mas esta outra morte ‘definitiva’ do ‘grão’ acontece porque, ao ficar ele só e ‘sem ligação’ com outros, esses ‘outros’ a quem ele poderia ter transmitido a sua vida (e assim ele continuaria vivo!) esses ‘outros’ não chegaram a existir (!?)… Então, uma vez “desaparecido” quem ‘estava só’, acabou tudo para ele… É evidente que ninguém quer esta classe de morte para si! Pois não!?…  

Porém, se refletirmos e investigarmos, verificamos que, ao longo destes vinte séculos de “história do Cristianismo”, houve muita gente, mesmo muita! – entre todos os “seguidores” de Jesus – que, depoisde conhecer e saber que o seu próprio Mestre, ou seja, o seu Irmão mais velho, isto é, o mesmo Deus, escolheu este tal estilo de morte, eles optaram igualmente por esse mesmo estilo. Sim, houve muita gente que morreu assim! Melhor dizendo: não só houve no passado mas também no presente e haverá de igual modo no futuro!… E é esta, claramente, “a morte do grão que dá vida, que transmite vida aos outros”.

Exatamente. Trata-se daquela morte que Cristo Jesus “aceitou” – livremente! – e levou até ao fim, na Cruz e pela Cruz… Precisamente acabamos de celebrar estes dias a Festa litúrgica da «Exaltação da Santa Cruz» (no dia 14) e, como se isto não bastasse, no dia seguinte (dia 15) a festa de “Nossa Senhora das Dores”. Sim, Jesus quis associar a Mãe (d’Ele e nossa) aos seus sofrimentos Redentores… E, não é isto «dar Vida» a tod@s, ou seja, aos humanos que viviam numa situação sem esperança de Salvação (aí sim, num estado de morte-morte)?

Então, é isso que faz “a morte do grão de trigo” da ‘parábola’ inventada por Jesus, para predizer e significar a sua própria “Morte”…

Certamente, desta maneira compreendemos e aceitamos melhor tanta morte e sofrimento – humanos – ‘sem sentido’(!) neste mundo nosso… Se não fosse assim, seria muito mais difícil, ou impossível, “aceitarmos” nas nossas vidas, estas situações terríveis (por ex. das guerras), que afinal são os frutos da nossa própria e ‘adorada’(!) liberdade humana mal entendida!… Porém, só quando “olhamos para esta «Cruz de Deus»”, as coisas mudam radicalmente. E lembramos o exemplo daqueles hebreus “olhando” para a ‘cruz’ – onde estava afixada a tal ‘serpente de bronze’ – para ficarem salvos da morte que produziam as serpentes venenosas do deserto… [ Sim, e poderíamos ler esta ‘história’ que aparece, casualmente (!?), nas Leituras bíblicas da Palavra da, já acima citada, Celebração Eucarística (14-setembro) da festa da «Exaltação da Cruz». [Nm 21,8-9(1ªL) / Jo 3,14-15(3ªL)]. É um dos casos de “prefiguração” bíblica, em que um ‘texto’ do AT (Livro dos Números) é “figura” antecipada de um outro texto do NT (Evangelho em S. João) ].

É compreensível, também, que possa ser afirmado isto: «Deus, que sabia das terríficas dores e penúrias dos seres humanos – fruto da sua liberdade e não só – quis viver, experimentar, até ao fundo, ‘em própria carne’ (e nunca melhor dito), na Pessoa de Seu Filho Jesus Cristo, as dores e os tormentos mais atrozes!»… Será que estamos a compreender!?

Bom. Em definitivo: saibamos ‘encontrar’ e ‘segurar’ a única “morte” que interessa: o estilo de morte “de Jesus” – “de Deus” – essa morte, capaz de «dar Vida» e, ao mesmo tempo, «ficar com a Vida», para sempre!                   

(18-09-2025)

// PARA outras REFLEXÕES, afins aos Tempos Litúrgicos, ABRIR o ‘BLOG’: http://palavradeamorpalavra.sallep.net