Nestes últimos dias do fim do Ano Litúrgico (C) e entrada no novo Ciclo (A), achamo-nos num tempo e ambiente semelhantes aos que tínhamos (há um mês atrás) na altura da nossa reflexão anterior («TRANSCENDÊNCIA – para nós – é INCOMPREENSÍVEL»). [Por isso, não estaria demais consultar essa reflexão]…
E este ambiente dos dias presentes, são tempos e circunstâncias que nos convidam a pensar e refletir nas ocorrências que terão lugar, impreterivelmente, nas etapas finais da nossa existência humana terrena e mortal, e que na linguagem popular tradicional se designam como “os Novíssimos” (que desde antigo se diziam: morte, juízo, inferno, paraíso)… Tudo isto acontecerá na “Parúsia”, que se define como “a segunda e definitiva vinda ou presença de Cristo”. O que é designado também como “Escatologia” ou Acontecimentos Escatológicos… Cada qual pode pensar ou imaginar o que achar por bem…
Porém, e a respeito dos “Novíssimos”, de “Parúsia”, e de “Escatologia”, tem aqui cabimento um dos Novíssimos (= realidades últimas que acontecem, a todos e cada qual, ao fim dos tempos): referimo-nos ao novíssimo que damos o nome de “morte”, sem ter muito claro o que se quer dizer com tal termo (não é?)…
Cristo Jesus – com a autoridade de quem aceitou também a sua própria morte para nos dar exemplo, também nisso! – não deixou de nos explicar, previamente, “o sentido” mais profundo “de salvação” que tem esta realidade humana da morte. E não só dos humanos mas de todo o ser vivo: animais e plantas… E ainda que pareça um paradoxo: morrer (e até nas plantas vê-se mais claro!) significa dar ou transmitirvida.
O próprio Jesus explica-o através da parábola do “grão de trigo que morre” (ou, que ‘não quer morrer’). Diz Ele: “Se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, dá muito fruto”(Jo 12,24). Certamente, muitos conhecem esta passagem do Evangelho (em João). E, curiosamente, o contexto em que Jesus diz esta parábola (podes ler o texto mais completo) é quando anuncia aos discípulos que a sua paixão, morte e ressurreição estão já próximas.
Mas, bem vale a pena uma breve explicação… Se essa ‘semente’ não morrer assim, irá ficar ela ‘só’, e então, aos poucos vai ‘secar’ (ficando “infecunda”!), desagregando-se, desintegrando-se… e acabando por desaparecer deixando pó e nada… Claro que, desse modo, ele (o “grão de trigo” da parábola) também “morre”, mas, neste caso, com uma morte definitiva e estéril (não com a morte aparente e temporária – ou seja, simplesmente “corporal” – de que se tratava naquele primeiro caso)! Ora bom, esta morte definitiva acontece porque, ao ficar só e sem ‘ligação’ com outros – esses ‘outros’ a que poderia haver transmitido a sua vida – não chegaram a existir (!?)… Então, uma vez “desaparecido” quem ‘já estava só’, acabou tudo para ele, ou então, findou ele próprio!… Ficou assim tudo claro!?
Vamos, então, continuar com mais algumas outras das ‘questões’ que iniciávamos no tema-reflexão anterior. Para tal, começamos por transcrever esta afirmação, que fazíamos lá: “Se só Deus (o Amor, o Bem, a Bondade,…) é Eterno, então, todo o resto, ou seja, o Mal, ‘o espírito Maligno’ em todas as suas manifestações e ‘poderes demoníacos’! – ainda que pareça e apareça com grande poder e força neste nosso mundo! – tudo isso está, finalmente, condenado a desaparecer!”.
Mas há quem foque esta questão desde um outro ponto de vista.
Na realidade, se só existe Deus (o Bem, o Amor…), então ‘o Mal, em si mesmo, no tem razão de ser, simplesmente não existe’… Mas como é que isto se explica?… Ajudemo-nos de um ‘símil’, tomado da Natureza (concretamente da Física). Sabe-se que, por exemplo, nos pares frio-calor, treva-luz,… quem tem entidade real é só um dos dois termos, o outro “não existe”(!?). O frio não existe, pois é – apenas e só – a ausência de calor, que é quem tem entidade física; também não existe a treva, pois é o que fica quando falta a luz… Nesta ordem de ideias: onde observemos ‘o mal’ é porque lá não se está a fazer o bem. Faça-se o bem (que deveria ter sido feito) e, no mesmo instante – ‘ipso facto’ – ‘o mal’ desaparece. Ou seja que, afinal, o ser humano, consciente e livre, é quem pode transformar o Mal – ainda um ‘ente irreal’ – em factos reais de maldade… E assim, o mal que, dentro de nós, existe apenas como possibilidade, ou dito noutros termos, existe “em potência”(!), passa a existir “em facto”(!) pela nossa livre vontade… Oxalá que não!
Bom. Devemos ir já terminando. Ou, como se diz, resumindo e concluindo:
… Quando tudo “terá” acabado em Bem, quando tudo ‘terá’ sido transformado em Bom… então, por si só, ‘terá’desaparecido tudo o mais… e já não ficará rasto nenhum do ‘mal’ e dos ‘males’… [Repare-se no verbo “terá” acabado, que vai no tempofuturo + particípio passado, a indicar, propositadamente, certeza de futuro!].
Ou então, dito doutro modo. Quando “chegar” a vida-VIDA, quando “se abrir” a ETERNIDADE… então acaba o ‘meu eu’, e o ‘teu tu’, e o ‘seu ele’… Sem perder a nossa personalidade individual, evidentemente! -Ó grande mistério!-… E já somente EXISTE o NÓS: o grande e único NÓS – D E U S – que conforma a integração de todos os “eus” (não só dos humanos mas também dos angélicos…) possíveis e até inimagináveis; passados, presentes e futuros. TODOS… num PRESENTE Eterno; não estático mas dinâmico, em contínua mutação e em constante movimento!… E tudo isto, claro, conscientes da nossa linguagem humana, “antropológica” (perfeitamente limitada e circunscrita às coordenadas espácio-temporais) que – ‘por enquanto’ – não pode exprimir ou espelhar as “realidades transcendentes”!
(29-11-2025)
// PARA outras REFLEXÕES, afins aos Tempos Litúrgicos, ABRIR o ‘BLOG’:
29 Novembro, 2025
«O ‘ENCONTRO’ DEFINITIVO… ETERNO!»
Luis López A Palavra REFLETIDA
«O ‘ENCONTRO’ DEFINITIVO… ETERNO!»
Nestes últimos dias do fim do Ano Litúrgico (C) e entrada no novo Ciclo (A), achamo-nos num tempo e ambiente semelhantes aos que tínhamos (há um mês atrás) na altura da nossa reflexão anterior («TRANSCENDÊNCIA – para nós – é INCOMPREENSÍVEL»). [Por isso, não estaria demais consultar essa reflexão]…
E este ambiente dos dias presentes, são tempos e circunstâncias que nos convidam a pensar e refletir nas ocorrências que terão lugar, impreterivelmente, nas etapas finais da nossa existência humana terrena e mortal, e que na linguagem popular tradicional se designam como “os Novíssimos” (que desde antigo se diziam: morte, juízo, inferno, paraíso)… Tudo isto acontecerá na “Parúsia”, que se define como “a segunda e definitiva vinda ou presença de Cristo”. O que é designado também como “Escatologia” ou Acontecimentos Escatológicos… Cada qual pode pensar ou imaginar o que achar por bem…
Porém, e a respeito dos “Novíssimos”, de “Parúsia”, e de “Escatologia”, tem aqui cabimento um dos Novíssimos (= realidades últimas que acontecem, a todos e cada qual, ao fim dos tempos): referimo-nos ao novíssimo que damos o nome de “morte”, sem ter muito claro o que se quer dizer com tal termo (não é?)…
Cristo Jesus – com a autoridade de quem aceitou também a sua própria morte para nos dar exemplo, também nisso! – não deixou de nos explicar, previamente, “o sentido” mais profundo “de salvação” que tem esta realidade humana da morte. E não só dos humanos mas de todo o ser vivo: animais e plantas… E ainda que pareça um paradoxo: morrer (e até nas plantas vê-se mais claro!) significa dar ou transmitir vida.
O próprio Jesus explica-o através da parábola do “grão de trigo que morre” (ou, que ‘não quer morrer’). Diz Ele: “Se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, dá muito fruto” (Jo 12,24). Certamente, muitos conhecem esta passagem do Evangelho (em João). E, curiosamente, o contexto em que Jesus diz esta parábola (podes ler o texto mais completo) é quando anuncia aos discípulos que a sua paixão, morte e ressurreição estão já próximas.
Mas, bem vale a pena uma breve explicação… Se essa ‘semente’ não morrer assim, irá ficar ela ‘só’, e então, aos poucos vai ‘secar’ (ficando “infecunda”!), desagregando-se, desintegrando-se… e acabando por desaparecer deixando pó e nada… Claro que, desse modo, ele (o “grão de trigo” da parábola) também “morre”, mas, neste caso, com uma morte definitiva e estéril (não com a morte aparente e temporária – ou seja, simplesmente “corporal” – de que se tratava naquele primeiro caso)! Ora bom, esta morte definitiva acontece porque, ao ficar só e sem ‘ligação’ com outros – esses ‘outros’ a que poderia haver transmitido a sua vida – não chegaram a existir (!?)… Então, uma vez “desaparecido” quem ‘já estava só’, acabou tudo para ele, ou então, findou ele próprio!… Ficou assim tudo claro!?
Vamos, então, continuar com mais algumas outras das ‘questões’ que iniciávamos no tema-reflexão anterior. Para tal, começamos por transcrever esta afirmação, que fazíamos lá: “Se só Deus (o Amor, o Bem, a Bondade,…) é Eterno, então, todo o resto, ou seja, o Mal, ‘o espírito Maligno’ em todas as suas manifestações e ‘poderes demoníacos’! – ainda que pareça e apareça com grande poder e força neste nosso mundo! – tudo isso está, finalmente, condenado a desaparecer!”.
Mas há quem foque esta questão desde um outro ponto de vista.
Na realidade, se só existe Deus (o Bem, o Amor…), então ‘o Mal, em si mesmo, no tem razão de ser, simplesmente não existe’… Mas como é que isto se explica?… Ajudemo-nos de um ‘símil’, tomado da Natureza (concretamente da Física). Sabe-se que, por exemplo, nos pares frio-calor, treva-luz,… quem tem entidade real é só um dos dois termos, o outro “não existe”(!?). O frio não existe, pois é – apenas e só – a ausência de calor, que é quem tem entidade física; também não existe a treva, pois é o que fica quando falta a luz… Nesta ordem de ideias: onde observemos ‘o mal’ é porque lá não se está a fazer o bem. Faça-se o bem (que deveria ter sido feito) e, no mesmo instante – ‘ipso facto’ – ‘o mal’ desaparece. Ou seja que, afinal, o ser humano, consciente e livre, é quem pode transformar o Mal – ainda um ‘ente irreal’ – em factos reais de maldade… E assim, o mal que, dentro de nós, existe apenas como possibilidade, ou dito noutros termos, existe “em potência”(!), passa a existir “em facto”(!) pela nossa livre vontade… Oxalá que não!
Bom. Devemos ir já terminando. Ou, como se diz, resumindo e concluindo:
… Quando tudo “terá” acabado em Bem, quando tudo ‘terá’ sido transformado em Bom… então, por si só, ‘terá’ desaparecido tudo o mais… e já não ficará rasto nenhum do ‘mal’ e dos ‘males’… [Repare-se no verbo “terá” acabado, que vai no tempo futuro + particípio passado, a indicar, propositadamente, certeza de futuro!].
Ou então, dito doutro modo. Quando “chegar” a vida-VIDA, quando “se abrir” a ETERNIDADE… então acaba o ‘meu eu’, e o ‘teu tu’, e o ‘seu ele’… Sem perder a nossa personalidade individual, evidentemente! -Ó grande mistério!-… E já somente EXISTE o NÓS: o grande e único NÓS – D E U S – que conforma a integração de todos os “eus” (não só dos humanos mas também dos angélicos…) possíveis e até inimagináveis; passados, presentes e futuros. TODOS… num PRESENTE Eterno; não estático mas dinâmico, em contínua mutação e em constante movimento!… E tudo isto, claro, conscientes da nossa linguagem humana, “antropológica” (perfeitamente limitada e circunscrita às coordenadas espácio-temporais) que – ‘por enquanto’ – não pode exprimir ou espelhar as “realidades transcendentes”!
(29-11-2025)
// PARA outras REFLEXÕES, afins aos Tempos Litúrgicos, ABRIR o ‘BLOG’:
http://palavradeamorpalavra.sallep.net