Dezembro 2014
30 Dezembro, 2014
O MISTÉRIO DE “THEOTOKOS”!
26 Dezembro, 2014
UMA FAMÍLIA É COMO UM RIO…
– A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico –
(Ciclo B – A Sagrada Família – Domingo… )
UMA FAMÍLIA É COMO UM RIO…
… Ou como uma árvore ou também – porque não? – como uma colmeia…
Neste cenário terreno e natural, a família, o rio, a árvore, a colmeia…: nascem, crescem, frutificam e morrem, completando assim o seu ciclo vital. É a primeira questão assente: toda a família é essencialmente um fluir de vida, desde cada um dos seus membros – seres vivos – mas igualmente como unidade de conjunto, a formar uma comunidade dinâmica…
Deixando, porém, de lado o termo “família” quando aplicado, por analogia, a outras espécies do reino animal… a família, qualquer família humana, aparece, “nasce”, por um ato criador de Deus-Amor, e não por «geração espontânea», como alguns pretendem ou querem defender. E como a nascente de um rio ou como a raiz de uma árvore, toda a nova família é criada, “inventada”, «à imagem e semelhança da Família Trinitária» – lembram-se? –. Por este motivo e desde esta perspetiva, tudo vai ser diferente; e assim, cada família humana adquire um valor sempre superior e transcendente… Não basta reconhecer, com toda a verdade, que «a família é a célula da sociedade», até porque se trata, num caso e no outro, de um organismo vivo e em evolução, como toda a gente sabe… Mas isto não chega. As coisas não podem ficar por aqui, é necessário avançar mais além…
Para toda a família humana, cada novo filho é um dom de Deus; portanto, desde o primeiro instante da sua geração, é um ser sagrado, ou “consagrado” – único e irrepetível – e, desde logo, respeitado porque sagrado. “Ao chegarem os dias da purificação, segundo a Lei de Moisés, Maria e José levaram Jesus (bebé) a Jerusalém, para O apresentarem ao Senhor” (Lc 2 / 3ª L.). Para as nossas famílias – porque imagens desta família de Nazaré – todo o filho (e não apenas o primogénito, como dizia a Lei mosaica) deveria «ser apresentado e consagrado ao Senhor», porque a Ele pertence, e porque a bênção de Deus vem sobre as famílias que assim procedem. Na realidade, é o que fazem as famílias cristãs pelo Sacramento do Batismo. E se os pais, ainda novos, não souberem receber, aceitar, consagrar… deste modo os seus bebés, também não vão saber aceitar, atender e cuidar os seus pais na última fase da vida, conforme diz hoje a Palavra: “Quem honra o pai encontrará alegria nos seus filhos e será atendido na sua oração. Quem honra seu pai terá longa vida… Filho, ampara a velhice do teu pai e não o desgostes durante a sua vida”. (Sir 3 / 1ª L.). Uma outra filosofia popular cunhou um ditado, que, curiosamente, é verdadeiro nos dois sentidos: «Quem não é bom filho também não será bom pai»; e vice-versa, pois quem não souber ser bom pai desde a geração dos seus filhos, é normal que também não seja bom filho com os seus pais idosos… Infelizmente, a nossa sociedade atual tem abundantes exemplos desta realidade lamentável!
Mas nós pretendemos, e defenderemos sempre, a família que Deus quer. E nesta “corrente vital” em que a família está inserida – tal como a árvore, o rio ou a colmeia – ela irá passando, sucessivamente, por todas as fases de crescimento, evolução, maturação, frutificação… Ela irá enriquecendo-se com novos “membros” como acontece com os novos afluentes dum rio que avança em direção ao mar, ou como aumentam os “rebentos” e ramos de qualquer árvore verdejante do bosque… Entretanto, os seus “membros” irão aprendendo a colaborar e a serem solidários tal como os “insetos sociais” que integram toda e qualquer diligente colmeia melífera…
Num ambiente assim, evoluindo as coisas deste jeito no itinerário familiar, os membros mais fortes e vigorosos da família tomarão conta dos mais fracos, quer sejam estes bebés e crianças nas primeiras etapas da vida, quer sejam os membros mais idosos da família, nas fases derradeiras da existência… “Tu que estás no vigor da vida… ampara a velhice do teu pai… não o desgostes durante a sua vida. Se a sua mente enfraquece, sê indulgente para com ele e não o desprezes…”.(Sir 3 / 1ª L.).
Será questão de saber educar e conduzir os filhos, desde o início da sua existência pessoal e familiar, para que, em todas as etapas ou fases da sua vida, se sintam felizes ao fazerem felizes os outros… até ao fim da existência terrena. Precisamente na Palavra de hoje, temos a confirmação disto: dois idosos – carregados igualmente de anos e de virtudes – apresentam-se aos nossos olhos como modelos de vidas plenamente felizes, como fruto de vidas dedicadas, entregadas, aos outros. “…Um homem chamado Simeão, homem justo e piedoso, que esperava a consolação de Israel; e o Espírito Santo estava nele… Exclamou: «Agora, Senhor deixareis ir em paz o vosso servo, porque os meus olhos viram a vossa salvação…»”. “Havia também uma profetisa, Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era de idade muito avançada… Não se afastava do templo, servindo a Deus noite e dia, com jejuns e orações… Começou também a louvar a Deus e a falar acerca do Menino…”. E nós sabemos que este bebé, o Menino Jesus, cresceu naturalmente, no seio da que chamamos “Sagrada Família” de Nazaré. “Cumpridas todas as prescrições da Lei do Senhor, voltaram para a Galileia, para a sua cidade de Nazaré. Entretanto, o Menino crescia, tornava-Se robusto e enchia-Se de sabedoria. E a graça de Deus estava com Ele”. (Lc 2 / 3ª L.).
Certamente, uma sociedade equilibrada e de boa saúde – como “organismo” vivo que é – deverá estar integrada pelas “células” vivas sadias que são as famílias autênticas; famílias em cujo seio nasce, cresce, frutifica e, naturalmente, envelhece essa classe de pessoas (tantas “Anas” e tantos “Simeões”!) que chegam a uma alegre e satisfeita ancianidade carregada de anos, exemplo e modelo, para todos, de fidelidade, de paz e de Felicidade profunda…
Eis as famílias e as sociedades que nós queremos, “reconhecidas pelos seus frutos”!
São felizes e ditosos, Senhor,
aqueles que nascem no seio de uma família
onde, desde o primeiro instante do seu ser,
vão sentir-se aceites, e envolvidos
por uma atmosfera de carinho…
São estas, ó Pai, as famílias que nós precisamos,
para nelas podermos respirar o oxigénio
de uma sólida educação humana e cristã…
Seremos então felizes e ditosos porque,
seguindo pelos Teus caminhos,
temos posta em Ti, ó Deus, a nossa esperança…
Que o trabalho das nossas mãos
produza o alimento das nossas vidas;
que as esposas e mães das nossas famílias
sejam como as videiras fecundas,
no íntimo dos nossos lares.
Senhor, que os filhos e netos…
sejam como ramos de oliveira
em volta de uma mesa de partilha,
que leve sempre o alimento de cada dia:
o pão nosso que fortalece os corpos,
e o Pão Eucarístico que revigora os espíritos…
[ do Salmo Responsorial / 127 (128) ]
22 Dezembro, 2014
A MELHOR DAS NOTÍCIAS
– A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico –
(Ciclo ABC – NATAL do Senhor)
A MELHOR DAS NOTÍCIAS!
Os nossos pais na fé, os nossos antepassados do Antigo Testamento, não podiam imaginar aquela futura Promessa de Salvação a não ser como uma intervenção forte e violenta daquele “Deus terrível”, para acabar de vez com todos os inimigos do Povo. “O Senhor descobre o seu santo braço à vista de todas as nações, e todos os confins da terra verão a salvação do nosso Deus” (Is 52 / 1ª L.). Porque “descobrir o braço”, ainda que esse braço fosse “santo”, não deixava de ser, para os hebreus – nós sabemo-lo bem – uma manifestação de força bruta e de poder superior…
Mesmo assim, é evidente que o cumprimento dessa Promessa, quando acontecesse, seria a melhor de todas as possíveis Notícias, para um povo que – ainda que se orgulhasse de ser o Povo eleito de Deus – sentia na própria carne o domínio e a humilhação dos diversos opressores, déspotas e todo-poderosos… E é perfeitamente compreensível que, para quem se lamenta, geração após geração, da sua triste condição, desgraçada, explorada e insuportável, uma Notícia que anuncie – agora já definitivamente – a tão esperada e desejada Salvação, será a melhor das novidades, será realmente “a Boa Notícia”, a melhor de todas! Também o tinham deixado escrito os seus profetas: “Como serão belos sobre os montes os pés do mensageiro que anuncie a paz, que traga a boa nova, que proclame a salvação” (Is 52).Também sabemos nós que o tal mensageiro – que trinta anos depois seria João Batista – é agora precisamente “aquele anjo, acompanhado de um coro”, que proclama, naquela primeira Noite de Natal: «Anuncio-vos uma grande alegria, que o será para todo o povo: ‘Hoje, na cidade de David, nasceu-vos um Salvador, que é o Messias Senhor’» (Lc 2). E o mais extraordinário é que essa criança que agora nasce – no tempo e no espaço – já existia, fora do espaço e do tempo, como “Verbo-Palavra”, pois “no princípio era o Verbo e o Verbo estava em Deus e o Verbo era Deus. No princípio, Ele estava com Deus. Tudo se fez por meio d’Ele, e sem Ele nada foi feito. N’Ele estava a vida, e a vida era a luz dos homens… E àqueles que O querem receber e acreditam no seu nome, dá-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus”… (Jo 1 / 3ª L).
Então, quer isto dizer que já podemos alegrar-nos e regozijar-nos, seguindo as vozes e os coros de todos os “mensageiros”, daqueles de então e destes de agora, porque – é verdade! – «já estamos no Caminho da Salvação!». E digam agora se não é esta, sem dúvida, “A melhor das Notícias”! Aquela que, mais tarde e com toda a lógica, Jesus ia designar como «A Boa Nova» (“Evangelho”)…
Mas quem ia imaginar – quem! nos céus ou na terra – que a Salvação chegaria deste jeito tão simples… que o Salvador ia ser tão terno e frágil, tão pequeno e pobre, tão humilde e acessível… como esse bebé que jaz aninhado ao colo da jovem mãe… ou como essa criança que chora e dorme, sorri e acena, deitada nas palhinhas de uma miserável manjedoura?… Não é de admirar que a gente fique comovida, enternecida, abismada, e profundamente interpelada… ao contemplar a cena de um presépio qualquer, nesta quadra de NATAL, em qualquer lugar do mundo!… E a maravilha prossegue ao constatarmos que este Menino-Deus, ou Deus-Menino, está a dizer-nos, com a sua presença e atitude singela e silenciosa, que continua a ser concebido e a nascer em todos os bebés e crianças que – como Ele – iniciam a vida neste mundo. Ou então não seria verdade – lembram-se? – aquilo de “Emanuel – Deus connosco”! Sim, porque esta é, e não outra, a interpretação genuína e essencial do Mistério da In-carnação! E é isso que, por seu lado, querem significar os que afirmam: «Cada bebé que nasce nesta terra é uma aposta de Deus – renovada – por esta nossa Humanidade!»… Em consequência, não há nada a temer enquanto houver “crianças” a nascer, porque elas, desde a nascença, são também “Deus connosco”, Emanuel!
Agora entendemos melhor a Palavra do autor sagrado, na carta aos Hebreus (Heb 1 / 2ª L.):“Nestes dias, que são os últimos, Deus falou-nos por seu Filho, a quem fez herdeiro de todas as coisas e pelo qual também criou o universo. Sendo o Filho esplendor da sua glória e imagem da sua substância, tudo sustenta com a sua palavra poderosa… E foi a Ele que Deus disse: «Tu és meu Filho, Eu hoje Te gerei»”.
E assim podemos e queremos louvar ao Senhor pelas maravilhas que Ele operou, e cantar-Lhe o Cântico Novo, porque o “cântico velho” – lembram-se? – já não tem sentido!
Afinal não foi “um braço de ferro”, Senhor,
mas foi a Tua mão e o Teu santo braço
que nos deram a vitória sobre o Mal.
E nós acreditamos, Senhor, que o Teu “santo braço”
não é a força física mas a força interior – omnipotente –
que se manifesta e se renova
na debilidade do que é pequeno e frágil:
essa força interior que é capaz
– na fraqueza da Tua Bondade e Fidelidade –
de nos “abrir o caminho da Salvação”…
Esta é, Senhor, a “Boa Nova”, a melhor Notícia
que podia ser revelada aos olhos das nações,
em favor da casa de Israel,
– o Teu Povo, ó Deus, a Tua Igreja –.
Por isso nós, com todos os humanos,
com toda essa grande multidão dos redimidos,
juntamo-nos em coro, para aclamar-Te, ó Senhor,
ao som de instrumentos musicais
– os de corda e os de vento – :
«Tocai para o Senhor dos pequeninos:
tocai ao som da cítara e da lira;
tocai ao som da tuba e da trombeta;
aclamai o Senhor, nosso rei!».
[ do Salmo Responsorial / 97 (98) ]
19 Dezembro, 2014
FORA DO AMOR NÃO HÁ SONHOS POSSÍVEIS…
– A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico –
(Ciclo B – 4º Domingo do Advento)
FORA DO AMOR NÃO HÁ SONHOS POSSÍVEIS…
Tanta coisa parece impossível ao homem dos nossos dias… apesar de pretender que já domina o universo inteiro e que é capaz de perscrutar todos os mistérios da ciência e do conhecimento. Mas na realidade, continua rodeado de arcanos insondáveis e envolvido por enigmas sem explicação…
O homem atual – como o de todos os tempos – não encontrará resposta satisfatória para tantas questões, impossíveis para ele, se não quiser encontrar e aceitar a única via, o único meio ou caminho que pode resolver aquilo que parece irrealizável. Onde se viu, por exemplo, que uma mulher estéril, e muito para além da menopausa, seja capaz de gerar um filho? “A tua parenta Isabel concebeu também um filho na sua velhice, e este é o sexto mês daquela a quem chamavam estéril; porque a Deus nada é impossível”. E quem pode agir fora de toda a ordem natural e contra as leis universais da genética, para fazer que um gâmeta feminino – “por si só”(!?) – seja capaz de originar um zigoto? “Maria disse: «Como será isto, se eu não conheço homem?». O Anjo respondeu-lhe: «O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra…” (Lc 1).
Então, afinal, há alguém capaz de realizar esses “impossíveis”? É evidente que sim! Mas alguém poderá afirmar: Toda a pessoa sincera e fiel sabe que os milagres (que consistem em tornar possível o impossível) só se conseguem quando existe fé. Só que pode haver uma fé aparente ou incompleta. Aquela de que fala a Palavra quando afirma, na carta de Tiago: “…Também os demónios acreditam mas enchem-se de terror” (Tg 2, 19). Trata-se de uma fé onde o amor está ausente; portanto, de uma fé falsa. Nós preferimos dizer: só o Amor, que supõe a fé autêntica, é capaz de tudo!
Até os “sonhos mais utópicos” são realizáveis pela força do Amor. E quem primeiro nos dá exemplo disso é o Pai-Deus, para seguirmos nós esse caminho, se o quisermos aceitar assim. Pois aquele «sonho de Deus… plano de Amor» – lembram-se? – aquele “sonho de cor azul feminino”, já foi realizado na sua primeira fase, com a conceição Imaculada da Mãe, outro facto impossível dentro das leis naturais da estirpe humana.
Mas a realização daquele «sonho divino» deve continuar (sempre pela via do amor) tal e qual como tinha sido predito, também pelo profeta Natã: “…O Senhor anuncia que te vai fazer uma casa… Estabelecerei em teu lugar um descendente que há de nascer de ti… Serei para ele um pai e ele será para Mim um filho…” (2 Sm 7 / 1ª L.).
E agora, “chagada a plenitude dos tempos”, é requerida a vontade humana, consciente e livre, daquela donzela de nome Maria, que no seu momento – e sem possível consentimento prévio – tinha sido concebida imaculada. Agora sim, nesta altura, porém, terá ela de discernir, decidir e aceitar livremente, para acontecer a consumação do “sonho”. «Ave, cheia de graça, o Senhor está contigo». Ela ficou perturbada com estas palavras… Mas o Anjo disse: «Conceberás e darás à luz um Filho, a quem porás o nome de Jesus… Maria disse: «Como será isto, se eu não conheço homem?». O Anjo respondeu-lhe: «O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra…». Maria disse então: «Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra»”. (Lc 1 / 3ª L.).
Até aqui, tudo por Amor, tudo com muito Amor, quer da parte de Deus desde as “origens” eternas, quer da parte de Maria no decorrer da história. Mas, a partir de aqui, o processo há de continuar o seu curso, também por Amor, até à consumação total! E fique-nos bem gravado: Todos estes mistérios seriam impensáveis se não houver Amor, uma vez que «fora do amor não há sonhos possíveis»… Para o Amor (Deus) tudo é possível! (Lc 1).
Concluamos com Paulo, que tão bem intuiu e experimentou este mistério de salvação: “É esta a revelação do mistério que estava encoberto desde os tempos eternos, mas que agora foi manifestado e dado a conhecer a todos os povos…” (Rm 16 /2ª L.).
Cantar eternamente as Tuas misericórdias, ó Pai,
é proclamar para sempre o Teu Amor…
Iniciaste os Teus “sonhos de Amor” para todos
e fizeste as Tuas promessas salvadoras
para serem cumpridas pontualmente,
pois para Ti, que és Amor, tudo é possível…
E agora nós proclamamos essa Tua fidelidade,
que sempre cumpre com Amor o que promete.
Tu és capaz, ó Deus, de fazer uma aliança com David
e conservar a sua descendência para sempre,
embora muitas vezes vai parecer impossível.
Mas as Tuas alianças, Senhor, são irrevogáveis
porque és Amor e Fidelidade, em tudo e sempre…
E nós, que fomos feitos Teus filhos no Filho Jesus,
com Ele, por Ele e n’Ele, ousamos invocar-Te:
«Tu és o nosso Pai, nosso Deus e Salvador».
Como tu, ó Pai, e como Jesus, nosso irmão,
pela via do Amor, faremos “reais” os nossos sonhos…
[ do Salmo Responsorial / Sl 88(89) ]
13 Dezembro, 2014
A ALEGRIA «NATURAL» ou AS FALSAS ALEGRIAS…
– A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico –
(Ciclo B – 3º Domingo do Advento)
A ALEGRIA «NATURAL» ou AS FALSAS ALEGRIAS…
Toda a gente quer sentir Alegria, como a manifestação espontânea e natural da Felicidade. (Aliás, na nossa caminhada do Advento, deparamos com este «domingo da Alegria»). E sabemos que todos – como por instinto – procuramos e perseguimos a Felicidade. Sendo este um princípio humano universal… como é que – perguntamos nós – no ambiente das nossas sociedades humanas, observamos tantas “caras sérias”, semblantes acabrunhados, tristes ou deprimidos? Porque é que não predominam os rostos alegres de sorrisos sinceros e abertos, reflexo transparente de uma alegria profunda, fruto, por sua vez, da verdadeira Felicidade? O que é que está a falhar neste «silogismo»?
Temos uma resposta imediata e coerente: uma vez que o nosso objetivo permanente – da busca da felicidade – está bem claro e assente, a falha só pode estar nos meios ou caminhos que se pretende utilizar para atingir esse fim; aí é que está o calcanhar de Aquiles. Mas então, existe alguma possível e eficaz solução? É evidente que sim, e não é assim tão difícil! Vejamos a proposta da Palavra de hoje, que está ao alcance de todos, e é o único meio eficaz.
Desde logo a chave está no amor à verdade, e nunca estará no império da mentira ou no ambiente da falsidade… Por estes meios (caminhos) não se vai à felicidade. Porém, amar a Verdade, “viver em verdade”, é que conduz à felicidade mais íntima e verdadeira. A chave da Alegria “natural” está, portanto, na Verdade.
João, o Batista, no Evangelho de hoje, ao ser perguntado pela sua verdadeira identidade, “ele confessou a verdade e não negou; ele confessou: «Eu não sou o Messias»”. E nós pensamos agora como teria sido fácil para o João ter escolhido o caminho da falsidade das aparências, ter optado por essa fama fingida e fácil, tão “normal” na nossa sociedade. Mas ele disse, reconheceu e proclamou a verdade: “«Não sou o Messias… nem Elias… nem o Profeta… Eu sou a voz do que clama no deserto… Eu apenas batizo na água, mas no meio de vós está Alguém que não conheceis: Aquele que vem depois de mim, a quem eu não sou digno de desatar a correia das sandálias»”… (Jo 1 / 3ª L.). E assim, a honra e a glória vai remetida para Outrem. Isso chama-se ser radical e deixar-se envolver e possuir pela força da verdade. Embora isso, por coerência, envolva também o risco de perder todo o mais, até a própria vida, como sabemos que lhe aconteceu, mais tarde, a ele próprio, apenas e só pelo facto de defender a verdade perante o falso Herodes… Ai! A verdade, a Verdade!
Como é difícil para muitos, num mundo infetado pela mentira e contaminado pela corrupção, apostar na verdade, pura e nua! A única “verdade que salva porque nos faz verdadeiramente livres” (Jo 8, 32), para sentirmo-nos felizes, transparecendo a Alegria sincera e natural, que nos pede, também hoje, o apóstolo Paulo: “Vivei sempre alegres, orai sem cessar, dai graças em todas as circunstâncias, pois é esta a vontade de Deus”… (1 Ts 5 / 2ª L.). Todo aquele que permitiu e aceitou que a Verdade o possuísse – desde logo no meio de certas tribulações – sentir-se-á plenamente feliz e não poderá menos de refletir alegria e gozo…
Até o antigo profeta exultava de gozo no seu Deus, porque tinha sido “enviado a anunciar a boa nova aos pobres, a curar ao corações atribulados… a promulgar o ano da graça do Senhor”… O profeta – porque testemunha da “verdade” – sente-se “envolvido num manto de salvação”… e adornado “como noivo com o diadema ou como noiva com as suas jóias”… Mas sente-se, sobretudo, cheio de alegria e júbilo: “Exulto de alegria no Senhor, a minha alma rejubila no meu Deus, que me revestiu com as vestes da salvação e me envolveu num manto de justiça”… (Is 61 / 1ª L.).
Fica bem claro, à luz da Palavra de hoje, que não pode haver Alegria genuína (falsas alegrias há muitas!) onde não houver amor à Verdade. Só quem vive na verdade e defende a verdade espelha a alegria naturalmente porque se sente plenamente feliz! Então, quem não se sinta alegre e satisfeito no seu íntimo, pergunte-se onde é que fica a Verdade na sua vida.
Hoje, Senhor, também como Maria, nossa Mãe,
queremos que a nossa alma exulte de gozo
e que o nosso espírito se alegre em Ti, ó Pai…
Mas sabemos que, para nos sentirmos assim
– alegres e satisfeitos, encantados da vida –
devemos aprender a andar em verdade,
devemos conhecer a Verdade que nos faz livres:
essa verdade que só encontramos em Jesus;
essa Verdade que é o mesmo Jesus, Teu Filho.
Se com ela e como ela – a Virgem Maria –
soubermos viver em atitude humilde,
os Teus olhos de bondade, Abbá, Pai,
estarão postos sobre a nossa humildade…
E já que «humildade é andar em verdade»,
ajuda-nos, ó Mãe nossa – Senhora do Magnificat –
a abraçar a Verdade, em Jesus Cristo, teu Filho,
e assim aprendermos a viver na tua Alegria.
[ do «Magnificat» / (Lc 1, 46…) ]
13 Dezembro, 2014
A ALEGRIA «NATURAL» ou AS FALSAS ALEGRIAS…
7 Dezembro, 2014
«SONHO DE DEUS?… PLANO DE AMOR!»
– A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico –
(Ciclo B – Imaculada Conceição – 08-dezembro)
«SONHO DE DEUS?… PLANO DE AMOR!»
Claro que Deus, desde a origem da Criação, apostou na liberdade humana, liberdade que Ele idealizou e criou!… E Deus é o único Ser que nem pode falhar… nem pode “arrepender-se” do que alguma vez fez!… Nunca se lamentará de ter feito o homem livre!… Portanto, e continuando a contar sempre com essa liberdade humana, capaz de fazer as maiores “asneiras” mesmo na origem (!), prometeu – logo no início daquela origem – uma outra obra maravilhosa, capaz de restaurar, com mais excelência, com mais Amor, aquele seu “sonho primigénio”… E é curioso, o Seu sonho inicial tinha nome de mulher, tinha cor feminina!
Pois diz a Escritura (na Palavra desta Eucaristia / Gn 3 /1ªL.) falando ao Maligno: “Porei inimizade entre ti e a mulher… A sua descendência esmagar-te-á a cabeça e tu a atingirás no calcanhar”. E assim, Deus começa a mostrar e a demonstrar que a única força eficaz está na energia do débil e fraco, onde Ele age sempre para confundir o forte. Até porque a tal “descendência da mulher” é, nada menos e nada mais do que o Seu próprio Filho, JESUS – feito carne de mulher – onde se manifesta a debilidade da divindade… Deste modo quis Deus recuperar e restabelecer o seu Plano de Amor, aquele “sonho eterno” que a liberdade humana estava empenhada em torcer e deturpar. Sim, porque é tão só a força débil (?) do Amor primordial que consegue “sujeitar”(?) a vontade humana, sem diminuir nem tirar a sua liberdade… E voltamos a ser filhos, no Filho, restituindo-nos a verdadeira liberdade, dado que, n’Ele, tínhamos sido “escolhidos como filhos antes da criação do mundo” (Ef 1 / 2ªL.).
E uma vez que Deus continuava com aquele “sonho tingido de azul feminino” (à contracorrente da “sociedade” que o pinta cor de rosa!?), eis que, ao chegar o Tempo previsto, aparece – da Sua parte – um mensageiro, que fica extasiado perante a “aura de mistério” que envolve aquela menina-mulher, e não pode menos de saudar: «Ave, cheia de graça, o Senhor está contigo!… Porque achaste graça diante de Deus…» (Lc 1 / 3ªL.). Mas que história é esta de “achar graça”? Onde é que está “a piada”?… Exatamente, isso mesmo! Qualquer um de nós, se pensarmos minimamente, perante essa maravilha inaudita de uma criatura humana ter escapado à regra geral dos comuns mortais que somos gerados com a marca do mal… não poderá menos de exclamar abismado: Olha que grande piada, que coisa fascinante, que profundo mistério de Esperança para todos nós! Pois, claro, Deus foi o primeiro que «achou graça»! E, por reflexo, também aquela rapariga, de nome Maria, «achou graça» a Seus olhos! Porque, afinal, “graça” não é outra coisa que amizade, e estima, e favor, e encanto, e ternura e… “sedução”!
Evidentemente, “o sonho” vai continuar sempre… até que apareça aquela “mulher revestida de sol, com a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça” (Ap 11). Essa Mulher que – pelo infinito Amor de Deus a todos os homens! – terá sido e será sempre a «Conceição Imaculada» ou “Nossa Mãe da Conceição”.
É bem verdade, Senhor:
quem foi resgatado da morte e voltou à vida,
quem foi restituído à sua condição original de filho,
agora já só conhece “o cântico novo”,
pois o cântico velho passou, ficou esquecido…
E assim, nós convidamos todos os povos
a entoar e cantar este Cântico Novo
para proclamar, Senhor, as maravilhas que Tu operaste…
A começar por aquela maravilha primordial
que, já na Tua mente omnisciente, Senhor,
seria “Concebida Imaculada” e Pura…
A nossa vitória – a Tua e a nossa –
foi obra da Tua mão e do Teu santo braço;
e assim, deste-nos a conhecer a Salvação,
ao realizares, ó Pai – Abba! –,
o Teu “sonho” de Amor Eterno.
Que todos os confins da terra possam ver
a Tua prodigiosa Salvação
– iniciada com aquela mulher, Maria Imaculada – :
Aclamai o Senhor, terra inteira,
exultai de alegria e cantai! …
[ do Salmo Responsorial / Sl 97(98) ]
5 Dezembro, 2014
RE-FAZER O CAMINHO INVERSO
– A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico –
(Ciclo B – 2º Domingo do Advento)
RE-FAZER O CAMINHO INVERSO.
Certamente, se continuarmos a esquadrinhar e perscrutar o sentido da nossa vida, perante a realidade “inaceitável” da uma existência terreal insatisfatória, aparece-nos sempre este dilema: Ou fomos criados “em amor e felicidade” mas houve qualquer coisa que nos afastou daquele estado original; ou surgimos “por geração espontânea” nesta nossa existência espácio-temporal. A verdade é que já houve muitos “sábios” que escolheram esta segunda hipótese, mas também é verdade que não foram capazes de explicar plena e satisfatoriamente muitas questões fundamentais de difícil ou impossível solução…
Preferir a primeira opção do dilema – embora resolve aquelas questões essenciais do sentido da vida – vai exigir, como contrapartida diríamos nós, ter de fazer uma “inversão de marcha” para voltar às origens, isto é, ao invés do nosso ausente (e consciente?) afastamento, aproximarmo-nos cada vez mais daquele estado inicial “de amor e felicidade” em que fomos «sonhados e criados»… Deveremos então percorrer o caminho inverso, RE-FAZER o nosso Caminho!… Deveremos estar alerta, porque esta árdua tarefa poderá desanimar-nos, abater ou bloquear a nossa decisão e compromisso!… E pobres de nós se não tivéssemos o Pai Deus que temos, e o Irmão Jesus que nos foi dado!
Mas antes de entrar, propriamente, na reflexão-oração da Palavra de hoje, não podemos evitar o trazermos à memória aquele texto bíblico, ainda da antiga aliança, onde é Deus que fala: “Os meus planos não são os vossos planos, os vossos caminhos não são os meus caminhos – oráculo do Senhor” (Is 55, 8). Tantas vezes constatamos que os caminhos de Deus não são os caminhos dos homens, porque – precisamente – os nossos vão numa outra direção e sentido. E quando esse Deus misericordioso viu que o homem – usando de forma errada a sua liberdade – se afastava dos “Seus planos” por caminhos centrífugos, decidiu Ele mesmo e através do Seu Filho, caminhar ao encontro dos homens. Assim de claro: é Ele que fez e faz, incessantemente, esse “caminho”, primeiro até nós e, depois, connosco! O que é que significa – se não – esta voz (na 1ª Leitura) que clama: «Preparai no deserto o caminho do Senhor, abri na estepe uma estrada para o nosso Deus…»? E a tarefa, da nossa parte, para prepararmos esse “caminho” é igualmente clara e radical: “Sejam alteados todos os vales e abatidos os montes e as colinas; endireitem-se os caminhos tortuosos e aplanem-se as veredas escarpadas…” (Is 40 / 1ª L.). É portanto evidente, que a missão de “endireitar e aplanar” as veredas “tortuosas” é tarefa e esforço que nos obriga, já que o precursor João Batista tinha apenas a missão de clamar e avisar, como bom arauto! Essa obrigação, então, vai exigir de nós um esforço constante em dois sentidos: em primeiro lugar, para “desimpedir e facilitar” a vinda do Senhor até nós, mas, sobretudo, para “reconverter” os nossos pequenos ou grandes caminhos de cada dia, e assim adaptá-los, acompassá-los, ao ritmo de Deus em Cristo Jesus. Exatamente o mesmo Jesus, Messias Salvador, de que fala João Batista: “Vai chegar depois de mim quem é mais forte do que eu, diante do qual eu não sou digno de me inclinar para desatar as correias das suas sandálias… Ele batizar-vos-á no Espírito Santo”. (Mc 1 / 3ª L.).
Mas que tipo de coisas, tarefas e esforços, deveremos realizar, especificamente, para, seguindo as pegadas de Jesus, re-fazermos o nosso caminho de retorno em direção ao Amor? Pois antes de mais, como nos dizia o profeta, teremos de “abater os montes e as colinas” do nosso orgulho e soberba, nas suas variadas formas… e também levantar e “altear os vales” ou depressões dos nossos desalentos, apatias ou prostrações… Em definitiva, uma atitude de conversão e penitência: o tal “batismo de penitência” do João Batista, que para nós, cristãos de hoje, terá de ser “o segundo batismo”, enquanto para os discípulos daquele tempo era “o primeiro”, prévio ao Batismo na água e no Espírito, que seria “o segundo” e definitivo Batismo sacramental.
Afinal, meus amigos, todo este afastamento daquele «estado original de Amor e Felicidade» foi, e é sempre, consequência da nossa liberdade, mal entendida e pior utilizada. Mas, como estamos a ver, a Palavra vai dando-nos “as chaves” para uma verdadeira e constante conversão ou re-conversão. E nunca esqueçamos esta certeza: Contamos sempre com a infinita “paciência de Deus para connosco, pois Ele não quer que ninguém pereça, mas que todos possam arrepender-se… e concluir a carreira no dia da paz” (2 Pe 3 / 2ª L.).
Porque sabemos, Senhor, que és nosso Pai,
não nos cansaremos de repetir:
Continua a mostrar-nos o Teu Amor
e dá-nos sempre a Tua salvação…
É verdade que devem encontrar-se
a Tua misericórdia e a nossa fidelidade,
que hão de se abraçar a paz e a justiça;
a fidelidade vai germinar na nossa terra
enquanto a justiça descerá do Céu:
e assim hão de confluir os nossos caminhos…
Oxalá, ó Pai, consigamos, com a ajuda de Jesus
– nosso Guia e Verdade no caminho da vida –
converter e refazer os nossos caminhos
para se encontrarem com o Teu Caminho…
Então, o Amor e a Felicidade verdadeira
caminharão à nossa frente
e a paz seguirá os nossos passos:
porque, então, caminharemos juntos,
ó Pai, Tu connosco e nós conTigo…
Assim a nossa terra produzirá os seus frutos,
frutos de Amor e de salvação eterna.
[ do Salmo Responsorial / Sl 84(85) ]
30 Dezembro, 2014
O MISTÉRIO DE “THEOTOKOS”!
Luis López A Palavra REFLETIDA 0 Comments
– A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico –
(Ciclo ABC – Maria Mãe de DEUS – 1 de Janeiro… )
O MISTÉRIO DE “THEOTOKOS”!
Outra vez “o sonho de Deus”, aquele “sonho de cor feminina” – lembram-se? – : Seria uma virgem a gerar um filho, que fosse “Deus connosco” – Emanuel. Tudo isto já aconteceu! No entanto, uma vez que este filho, da espécie humana, é ao mesmo tempo o Filho de Deus, devemos concluir: aquela que gerou este filho por obra e graça do Espírito Santo, que era virgem e mãe, não pode deixar de ser a “theotokos”, ou seja, a Mãe de Deus. “Quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher e sujeito à Lei…” (Gl 4 / 2ª L.). Claro que este menino, e só Ele, por ser o Filho de Deus, e Deus mesmo, é que podia redimir, salvar a Humanidade da sua rebeldia contra Deus, do tal pecado original. E desde logo, era normal que o seu Nome fosse Salvador, isto é, Jesus. “Ao completaram-se os oito dias para o Menino ser circuncidado, deram-Lhe o nome de Jesus, indicado pelo Anjo, antes de ter sido concebido no seio materno” (Lc 2 / 3ª L.).
Muitos mais Nomes Excelsos tem este Filho, Jesus, Emanuel… Entre eles, o de “Príncipe da Paz”, que já aparece inúmeras vezes na Palavra do Antigo Testamento, nas promessas tantas vezes repetidas pelos profetas aos nossos antepassados na Fé. Por isso, a Bênção melhor que os homens podiam atrair sobre si, da Bondade de Deus, era essa Paz (“…que te abençoe o Senhor… e te conceda a Paz”/1ª L.). Com toda a razão foi dedicado este dia – que também é o 1º do Ano civil – para a “Jornada mundial da Paz”.
A palavra Paz, ou Shalom, tinha e tem, na cultura hebraica, como noutras culturas orientais, um significado mais abrangente e extenso que o nosso termo paz. Para eles – e porque não para nós? – esta expressão, como saudação e desejo, compreende ou inclui toda a classe de bens, materiais e espirituais… “Assim abençoareis os filhos de Israel, dizendo: ‘O Senhor te abençoe e te proteja. O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e te seja favorável. O Senhor volte para ti os seus olhos e te conceda a paz’…” (Nm 6 / 1ª L.). Assim, como se todos os bens possíveis estivessem condensados na palavra Paz (“Shalom”), a Humanidade continua a suspirar sempre pela Paz, convencida de que só num ambiente de paz, entre gente pacífica e pacificadora, é que é possível a realização pessoal, familiar e social, e, por consequência, a satisfação plena e a Felicidade mais autêntica e profunda.
Não deve, porém, ser confundida esta Paz verdadeira, com apenas a ausência de guerra ou de conflitos violentos… Porque a paz que nos traz este “Príncipe da Paz”, este Deus Pacífico e Pacificador, significa, sobretudo, a Paz interior, quer dizer, todas essas coisas que a Palavra de hoje também nos recorda: salvação (“Jesus”), companhia e amizade divina (“Emanuel”), compaixão e perdão, solidariedade e partilha, alegria, felicidade,… e – principalmente, pois é o resumo de tudo – o sentirmo-nos filhos de Deus, porque “o somos de facto”. “Deus enviou o seu Filho… para resgatar os que estavam sujeitos à Lei e nos tornar Seus filhos… E porque somos filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de Seu Filho, que clama: «Abbá! Pai!»” (2ª L.).
E mais outra vez, cá está o Abbá (Pai-Mãe) que quer prolongar o “Seu sonho”… Agora, para demonstrar a todos que “Quem inventou e criou o ser de mãe (e de pai) não o poderia ter feito se Ele próprio, na Sua misteriosa essência Divina, não fosse também Mãe e Pai”. Faltava-Lhe ainda uma última “experiência” – mas será que vai ser a última? – : nascer Ele próprio de uma mãe humana, para essa mulher ser a “Mãe de Deus”. E talvez assim, possamos entender melhor este admirável Mistério, embora sem deixar de ser mistério incompreensível para a mente humana.
Seja como for, e por tal motivo, este dia da oitava de Natal, que também é 1º de Janeiro, é dedicado em toda a Igreja Universal, à Celebração de MARIA, MÃE DE DEUS!
Deus e Pai nosso (Abbá!),
agora estás a olhar para nós e nós para Ti
– porque fazes brilhar sobre nós a Tua face…
e voltas para nós os Teus olhos…de paz – .
Venha a Tua bênção sobre nós;
e resplandeça sobre nós a luz do Teu rosto…
Porque assim, através de nós,
se conhecerão na terra os Teus caminhos
e entre os povos a Tua salvação.
Alegrem-se, ó Pai-Mãe, e exultem as nações,
porque julgas os povos com justiça
mas o Teu Amor é mais forte que tudo.
Os povos Te louvem, ó Deus,
todos os povos Te louvem.
Que sintamos em nós a Tua bênção…
e o Teu Amor encha toda a terra!
[ do Salmo Responsorial / 66 (67) ]