– A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico –

(Ciclo B – 4º Domingo do Advento)

4b- Fora do Amor não há sonhos...

FORA DO AMOR NÃO HÁ SONHOS POSSÍVEIS…

Tanta coisa parece impossível ao homem dos nossos dias… apesar de pretender que já domina o universo inteiro e que é capaz de perscrutar todos os mistérios da ciência e do conhecimento. Mas na realidade, continua rodeado de arcanos insondáveis e envolvido por enigmas sem explicação…

O homem atual – como o de todos os tempos – não encontrará resposta satisfatória para tantas questões, impossíveis para ele, se não quiser encontrar e aceitar a única via, o único meio ou caminho que pode resolver aquilo que parece irrealizável. Onde se viu, por exemplo, que uma mulher estéril, e muito para além da menopausa, seja capaz de gerar um filho? “A tua parenta Isabel concebeu também um filho na sua velhice, e este é o sexto mês daquela a quem chamavam estéril; porque a Deus nada é impossível”. E quem pode agir fora de toda a ordem natural e contra as leis universais da genética, para fazer que um gâmeta feminino – “por si só”(!?) – seja capaz de originar um zigoto? “Maria disse: «Como será isto, se eu não conheço homem?». O Anjo respondeu-lhe: «O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra…” (Lc 1).

Então, afinal, há alguém capaz de realizar esses “impossíveis”? É evidente que sim! Mas alguém poderá afirmar: Toda a pessoa sincera e fiel sabe que os milagres (que consistem em tornar possível o impossível) só se conseguem quando existe fé. Só que pode haver uma fé aparente ou incompleta. Aquela de que fala a Palavra quando afirma, na carta de Tiago: “…Também os demónios acreditam mas enchem-se de terror” (Tg 2, 19). Trata-se de uma fé onde o amor está ausente; portanto, de uma fé falsa. Nós preferimos dizer: só o Amor, que supõe a fé autêntica, é capaz de tudo!

Até os “sonhos mais utópicos” são realizáveis pela força do Amor. E quem primeiro nos dá exemplo disso é o Pai-Deus, para seguirmos nós esse caminho, se o quisermos aceitar assim. Pois aquele «sonho de Deus… plano de Amor» – lembram-se? – aquele “sonho de cor azul feminino”, já foi realizado na sua primeira fase, com a conceição Imaculada da Mãe, outro facto impossível dentro das leis naturais da estirpe humana.

Mas a realização daquele «sonho divino» deve continuar (sempre pela via do amor) tal e qual como tinha sido predito, também pelo profeta Natã: “…O Senhor anuncia que te vai fazer uma casa… Estabelecerei em teu lugar um descendente que há de nascer de ti… Serei para ele um pai e ele será para Mim um filho…” (2 Sm 7 / 1ª L.).

E agora, “chagada a plenitude dos tempos”, é requerida a vontade humana, consciente e livre, daquela donzela de nome Maria, que no seu momento – e sem possível consentimento prévio – tinha sido concebida imaculada. Agora sim, nesta altura, porém, terá ela de discernir, decidir e aceitar livremente, para acontecer a consumação do “sonho”. «Ave, cheia de graça, o Senhor está contigo». Ela ficou perturbada com estas palavras… Mas o Anjo disse: «Conceberás e darás à luz um Filho, a quem porás o nome de Jesus… Maria disse: «Como será isto, se eu não conheço homem?». O Anjo respondeu-lhe: «O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra…». Maria disse então: «Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra»”. (Lc 1 / 3ª L.).

Até aqui, tudo por Amor, tudo com muito Amor, quer da parte de Deus desde as “origens” eternas, quer da parte de Maria no decorrer da história. Mas, a partir de aqui, o processo há de continuar o seu curso, também por Amor, até à consumação total! E fique-nos bem gravado: Todos estes mistérios seriam impensáveis se não houver Amor, uma vez que «fora do amor não há sonhos possíveis»… Para o Amor (Deus) tudo é possível! (Lc 1).

Concluamos com Paulo, que tão bem intuiu e experimentou este mistério de salvação: “É esta a revelação do mistério que estava encoberto desde os tempos eternos, mas que agora foi manifestado e dado a conhecer a todos os povos…” (Rm 16 /2ª L.).

 

Cantar eternamente as Tuas misericórdias, ó Pai,

é proclamar para sempre o Teu Amor…

Iniciaste os Teus “sonhos de Amor” para todos

e fizeste as Tuas promessas salvadoras

para serem cumpridas pontualmente,

pois para Ti, que és Amor, tudo é possível…

E agora nós proclamamos essa Tua fidelidade,

que sempre cumpre com Amor o que promete.

Tu és capaz, ó Deus, de fazer uma aliança com David

e conservar a sua descendência para sempre,

embora muitas vezes vai parecer impossível.

Mas as Tuas alianças, Senhor, são irrevogáveis

porque és Amor e Fidelidade, em tudo e sempre…

E nós, que fomos feitos Teus filhos no Filho Jesus,

com Ele, por Ele e n’Ele, ousamos invocar-Te:

«Tu és o nosso Pai, nosso Deus e Salvador».

Como tu, ó Pai, e como Jesus, nosso irmão,

pela via do Amor, faremos “reais” os nossos sonhos

[ do Salmo Responsorial / Sl 88(89) ]