– A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico –
(Ciclo B – A Sagrada Família – Domingo… )
UMA FAMÍLIA É COMO UM RIO…
… Ou como uma árvore ou também – porque não? – como uma colmeia…
Neste cenário terreno e natural, a família, o rio, a árvore, a colmeia…: nascem, crescem, frutificam e morrem, completando assim o seu ciclo vital. É a primeira questão assente: toda a família é essencialmente um fluir de vida, desde cada um dos seus membros – seres vivos – mas igualmente como unidade de conjunto, a formar uma comunidade dinâmica…
Deixando, porém, de lado o termo “família” quando aplicado, por analogia, a outras espécies do reino animal… a família, qualquer família humana, aparece, “nasce”, por um ato criador de Deus-Amor, e não por «geração espontânea», como alguns pretendem ou querem defender. E como a nascente de um rio ou como a raiz de uma árvore, toda a nova família é criada, “inventada”, «à imagem e semelhança da Família Trinitária» – lembram-se? –. Por este motivo e desde esta perspetiva, tudo vai ser diferente; e assim, cada família humana adquire um valor sempre superior e transcendente… Não basta reconhecer, com toda a verdade, que «a família é a célula da sociedade», até porque se trata, num caso e no outro, de um organismo vivo e em evolução, como toda a gente sabe… Mas isto não chega. As coisas não podem ficar por aqui, é necessário avançar mais além…
Para toda a família humana, cada novo filho é um dom de Deus; portanto, desde o primeiro instante da sua geração, é um ser sagrado, ou “consagrado” – único e irrepetível – e, desde logo, respeitado porque sagrado. “Ao chegarem os dias da purificação, segundo a Lei de Moisés, Maria e José levaram Jesus (bebé) a Jerusalém, para O apresentarem ao Senhor” (Lc 2 / 3ª L.). Para as nossas famílias – porque imagens desta família de Nazaré – todo o filho (e não apenas o primogénito, como dizia a Lei mosaica) deveria «ser apresentado e consagrado ao Senhor», porque a Ele pertence, e porque a bênção de Deus vem sobre as famílias que assim procedem. Na realidade, é o que fazem as famílias cristãs pelo Sacramento do Batismo. E se os pais, ainda novos, não souberem receber, aceitar, consagrar… deste modo os seus bebés, também não vão saber aceitar, atender e cuidar os seus pais na última fase da vida, conforme diz hoje a Palavra: “Quem honra o pai encontrará alegria nos seus filhos e será atendido na sua oração. Quem honra seu pai terá longa vida… Filho, ampara a velhice do teu pai e não o desgostes durante a sua vida”. (Sir 3 / 1ª L.). Uma outra filosofia popular cunhou um ditado, que, curiosamente, é verdadeiro nos dois sentidos: «Quem não é bom filho também não será bom pai»; e vice-versa, pois quem não souber ser bom pai desde a geração dos seus filhos, é normal que também não seja bom filho com os seus pais idosos… Infelizmente, a nossa sociedade atual tem abundantes exemplos desta realidade lamentável!
Mas nós pretendemos, e defenderemos sempre, a família que Deus quer. E nesta “corrente vital” em que a família está inserida – tal como a árvore, o rio ou a colmeia – ela irá passando, sucessivamente, por todas as fases de crescimento, evolução, maturação, frutificação… Ela irá enriquecendo-se com novos “membros” como acontece com os novos afluentes dum rio que avança em direção ao mar, ou como aumentam os “rebentos” e ramos de qualquer árvore verdejante do bosque… Entretanto, os seus “membros” irão aprendendo a colaborar e a serem solidários tal como os “insetos sociais” que integram toda e qualquer diligente colmeia melífera…
Num ambiente assim, evoluindo as coisas deste jeito no itinerário familiar, os membros mais fortes e vigorosos da família tomarão conta dos mais fracos, quer sejam estes bebés e crianças nas primeiras etapas da vida, quer sejam os membros mais idosos da família, nas fases derradeiras da existência… “Tu que estás no vigor da vida… ampara a velhice do teu pai… não o desgostes durante a sua vida. Se a sua mente enfraquece, sê indulgente para com ele e não o desprezes…”.(Sir 3 / 1ª L.).
Será questão de saber educar e conduzir os filhos, desde o início da sua existência pessoal e familiar, para que, em todas as etapas ou fases da sua vida, se sintam felizes ao fazerem felizes os outros… até ao fim da existência terrena. Precisamente na Palavra de hoje, temos a confirmação disto: dois idosos – carregados igualmente de anos e de virtudes – apresentam-se aos nossos olhos como modelos de vidas plenamente felizes, como fruto de vidas dedicadas, entregadas, aos outros. “…Um homem chamado Simeão, homem justo e piedoso, que esperava a consolação de Israel; e o Espírito Santo estava nele… Exclamou: «Agora, Senhor deixareis ir em paz o vosso servo, porque os meus olhos viram a vossa salvação…»”. “Havia também uma profetisa, Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era de idade muito avançada… Não se afastava do templo, servindo a Deus noite e dia, com jejuns e orações… Começou também a louvar a Deus e a falar acerca do Menino…”. E nós sabemos que este bebé, o Menino Jesus, cresceu naturalmente, no seio da que chamamos “Sagrada Família” de Nazaré. “Cumpridas todas as prescrições da Lei do Senhor, voltaram para a Galileia, para a sua cidade de Nazaré. Entretanto, o Menino crescia, tornava-Se robusto e enchia-Se de sabedoria. E a graça de Deus estava com Ele”. (Lc 2 / 3ª L.).
Certamente, uma sociedade equilibrada e de boa saúde – como “organismo” vivo que é – deverá estar integrada pelas “células” vivas sadias que são as famílias autênticas; famílias em cujo seio nasce, cresce, frutifica e, naturalmente, envelhece essa classe de pessoas (tantas “Anas” e tantos “Simeões”!) que chegam a uma alegre e satisfeita ancianidade carregada de anos, exemplo e modelo, para todos, de fidelidade, de paz e de Felicidade profunda…
Eis as famílias e as sociedades que nós queremos, “reconhecidas pelos seus frutos”!
São felizes e ditosos, Senhor,
aqueles que nascem no seio de uma família
onde, desde o primeiro instante do seu ser,
vão sentir-se aceites, e envolvidos
por uma atmosfera de carinho…
São estas, ó Pai, as famílias que nós precisamos,
para nelas podermos respirar o oxigénio
de uma sólida educação humana e cristã…
Seremos então felizes e ditosos porque,
seguindo pelos Teus caminhos,
temos posta em Ti, ó Deus, a nossa esperança…
Que o trabalho das nossas mãos
produza o alimento das nossas vidas;
que as esposas e mães das nossas famílias
sejam como as videiras fecundas,
no íntimo dos nossos lares.
Senhor, que os filhos e netos…
sejam como ramos de oliveira
em volta de uma mesa de partilha,
que leve sempre o alimento de cada dia:
o pão nosso que fortalece os corpos,
e o Pão Eucarístico que revigora os espíritos…
[ do Salmo Responsorial / 127 (128) ]
26 Dezembro, 2014
UMA FAMÍLIA É COMO UM RIO…
Luis López A Palavra REFLETIDA 0 Comments
– A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico –
(Ciclo B – A Sagrada Família – Domingo… )
UMA FAMÍLIA É COMO UM RIO…
… Ou como uma árvore ou também – porque não? – como uma colmeia…
Neste cenário terreno e natural, a família, o rio, a árvore, a colmeia…: nascem, crescem, frutificam e morrem, completando assim o seu ciclo vital. É a primeira questão assente: toda a família é essencialmente um fluir de vida, desde cada um dos seus membros – seres vivos – mas igualmente como unidade de conjunto, a formar uma comunidade dinâmica…
Deixando, porém, de lado o termo “família” quando aplicado, por analogia, a outras espécies do reino animal… a família, qualquer família humana, aparece, “nasce”, por um ato criador de Deus-Amor, e não por «geração espontânea», como alguns pretendem ou querem defender. E como a nascente de um rio ou como a raiz de uma árvore, toda a nova família é criada, “inventada”, «à imagem e semelhança da Família Trinitária» – lembram-se? –. Por este motivo e desde esta perspetiva, tudo vai ser diferente; e assim, cada família humana adquire um valor sempre superior e transcendente… Não basta reconhecer, com toda a verdade, que «a família é a célula da sociedade», até porque se trata, num caso e no outro, de um organismo vivo e em evolução, como toda a gente sabe… Mas isto não chega. As coisas não podem ficar por aqui, é necessário avançar mais além…
Para toda a família humana, cada novo filho é um dom de Deus; portanto, desde o primeiro instante da sua geração, é um ser sagrado, ou “consagrado” – único e irrepetível – e, desde logo, respeitado porque sagrado. “Ao chegarem os dias da purificação, segundo a Lei de Moisés, Maria e José levaram Jesus (bebé) a Jerusalém, para O apresentarem ao Senhor” (Lc 2 / 3ª L.). Para as nossas famílias – porque imagens desta família de Nazaré – todo o filho (e não apenas o primogénito, como dizia a Lei mosaica) deveria «ser apresentado e consagrado ao Senhor», porque a Ele pertence, e porque a bênção de Deus vem sobre as famílias que assim procedem. Na realidade, é o que fazem as famílias cristãs pelo Sacramento do Batismo. E se os pais, ainda novos, não souberem receber, aceitar, consagrar… deste modo os seus bebés, também não vão saber aceitar, atender e cuidar os seus pais na última fase da vida, conforme diz hoje a Palavra: “Quem honra o pai encontrará alegria nos seus filhos e será atendido na sua oração. Quem honra seu pai terá longa vida… Filho, ampara a velhice do teu pai e não o desgostes durante a sua vida”. (Sir 3 / 1ª L.). Uma outra filosofia popular cunhou um ditado, que, curiosamente, é verdadeiro nos dois sentidos: «Quem não é bom filho também não será bom pai»; e vice-versa, pois quem não souber ser bom pai desde a geração dos seus filhos, é normal que também não seja bom filho com os seus pais idosos… Infelizmente, a nossa sociedade atual tem abundantes exemplos desta realidade lamentável!
Mas nós pretendemos, e defenderemos sempre, a família que Deus quer. E nesta “corrente vital” em que a família está inserida – tal como a árvore, o rio ou a colmeia – ela irá passando, sucessivamente, por todas as fases de crescimento, evolução, maturação, frutificação… Ela irá enriquecendo-se com novos “membros” como acontece com os novos afluentes dum rio que avança em direção ao mar, ou como aumentam os “rebentos” e ramos de qualquer árvore verdejante do bosque… Entretanto, os seus “membros” irão aprendendo a colaborar e a serem solidários tal como os “insetos sociais” que integram toda e qualquer diligente colmeia melífera…
Num ambiente assim, evoluindo as coisas deste jeito no itinerário familiar, os membros mais fortes e vigorosos da família tomarão conta dos mais fracos, quer sejam estes bebés e crianças nas primeiras etapas da vida, quer sejam os membros mais idosos da família, nas fases derradeiras da existência… “Tu que estás no vigor da vida… ampara a velhice do teu pai… não o desgostes durante a sua vida. Se a sua mente enfraquece, sê indulgente para com ele e não o desprezes…”.(Sir 3 / 1ª L.).
Será questão de saber educar e conduzir os filhos, desde o início da sua existência pessoal e familiar, para que, em todas as etapas ou fases da sua vida, se sintam felizes ao fazerem felizes os outros… até ao fim da existência terrena. Precisamente na Palavra de hoje, temos a confirmação disto: dois idosos – carregados igualmente de anos e de virtudes – apresentam-se aos nossos olhos como modelos de vidas plenamente felizes, como fruto de vidas dedicadas, entregadas, aos outros. “…Um homem chamado Simeão, homem justo e piedoso, que esperava a consolação de Israel; e o Espírito Santo estava nele… Exclamou: «Agora, Senhor deixareis ir em paz o vosso servo, porque os meus olhos viram a vossa salvação…»”. “Havia também uma profetisa, Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era de idade muito avançada… Não se afastava do templo, servindo a Deus noite e dia, com jejuns e orações… Começou também a louvar a Deus e a falar acerca do Menino…”. E nós sabemos que este bebé, o Menino Jesus, cresceu naturalmente, no seio da que chamamos “Sagrada Família” de Nazaré. “Cumpridas todas as prescrições da Lei do Senhor, voltaram para a Galileia, para a sua cidade de Nazaré. Entretanto, o Menino crescia, tornava-Se robusto e enchia-Se de sabedoria. E a graça de Deus estava com Ele”. (Lc 2 / 3ª L.).
Certamente, uma sociedade equilibrada e de boa saúde – como “organismo” vivo que é – deverá estar integrada pelas “células” vivas sadias que são as famílias autênticas; famílias em cujo seio nasce, cresce, frutifica e, naturalmente, envelhece essa classe de pessoas (tantas “Anas” e tantos “Simeões”!) que chegam a uma alegre e satisfeita ancianidade carregada de anos, exemplo e modelo, para todos, de fidelidade, de paz e de Felicidade profunda…
Eis as famílias e as sociedades que nós queremos, “reconhecidas pelos seus frutos”!
São felizes e ditosos, Senhor,
aqueles que nascem no seio de uma família
onde, desde o primeiro instante do seu ser,
vão sentir-se aceites, e envolvidos
por uma atmosfera de carinho…
São estas, ó Pai, as famílias que nós precisamos,
para nelas podermos respirar o oxigénio
de uma sólida educação humana e cristã…
Seremos então felizes e ditosos porque,
seguindo pelos Teus caminhos,
temos posta em Ti, ó Deus, a nossa esperança…
Que o trabalho das nossas mãos
produza o alimento das nossas vidas;
que as esposas e mães das nossas famílias
sejam como as videiras fecundas,
no íntimo dos nossos lares.
Senhor, que os filhos e netos…
sejam como ramos de oliveira
em volta de uma mesa de partilha,
que leve sempre o alimento de cada dia:
o pão nosso que fortalece os corpos,
e o Pão Eucarístico que revigora os espíritos…
[ do Salmo Responsorial / 127 (128) ]