– A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico –
(Ciclo B – 2º Domingo do Advento)
RE-FAZER O CAMINHO INVERSO.
Certamente, se continuarmos a esquadrinhar e perscrutar o sentido da nossa vida, perante a realidade “inaceitável” da uma existência terreal insatisfatória, aparece-nos sempre este dilema: Ou fomos criados “em amor e felicidade” mas houve qualquer coisa que nos afastou daquele estado original; ou surgimos “por geração espontânea” nesta nossa existência espácio-temporal. A verdade é que já houve muitos “sábios” que escolheram esta segunda hipótese, mas também é verdade que não foram capazes de explicar plena e satisfatoriamente muitas questões fundamentais de difícil ou impossível solução…
Preferir a primeira opção do dilema – embora resolve aquelas questões essenciais do sentido da vida – vai exigir, como contrapartida diríamos nós, ter de fazer uma “inversão de marcha” para voltar às origens, isto é, ao invés do nosso ausente (e consciente?) afastamento, aproximarmo-nos cada vez mais daquele estado inicial “de amor e felicidade” em que fomos «sonhados e criados»… Deveremos então percorrer o caminho inverso, RE-FAZER o nosso Caminho!… Deveremos estar alerta, porque esta árdua tarefa poderá desanimar-nos, abater ou bloquear a nossa decisão e compromisso!… E pobres de nós se não tivéssemos o Pai Deus que temos, e o Irmão Jesus que nos foi dado!
Mas antes de entrar, propriamente, na reflexão-oração da Palavra de hoje, não podemos evitar o trazermos à memória aquele texto bíblico, ainda da antiga aliança, onde é Deus que fala: “Os meus planos não são os vossos planos, os vossos caminhos não são os meus caminhos – oráculo do Senhor” (Is 55, 8). Tantas vezes constatamos que os caminhos de Deus não são os caminhos dos homens, porque – precisamente – os nossos vão numa outra direção e sentido. E quando esse Deus misericordioso viu que o homem – usando de forma errada a sua liberdade – se afastava dos “Seus planos” por caminhos centrífugos, decidiu Ele mesmo e através do Seu Filho, caminhar ao encontro dos homens. Assim de claro: é Ele que fez e faz, incessantemente, esse “caminho”, primeiro até nós e, depois, connosco! O que é que significa – se não – esta voz (na 1ª Leitura) que clama: «Preparai no deserto o caminho do Senhor, abri na estepe uma estrada para o nosso Deus…»? E a tarefa, da nossa parte, para prepararmos esse “caminho” é igualmente clara e radical: “Sejam alteados todos os vales e abatidos os montes e as colinas; endireitem-se os caminhos tortuosos e aplanem-se as veredas escarpadas…” (Is 40 / 1ª L.). É portanto evidente, que a missão de “endireitar e aplanar” as veredas “tortuosas” é tarefa e esforço que nos obriga, já que o precursor João Batista tinha apenas a missão de clamar e avisar, como bom arauto! Essa obrigação, então, vai exigir de nós um esforço constante em dois sentidos: em primeiro lugar, para “desimpedir e facilitar” a vinda do Senhor até nós, mas, sobretudo, para “reconverter” os nossos pequenos ou grandes caminhos de cada dia, e assim adaptá-los, acompassá-los, ao ritmo de Deus em Cristo Jesus. Exatamente o mesmo Jesus, Messias Salvador, de que fala João Batista: “Vai chegar depois de mim quem é mais forte do que eu, diante do qual eu não sou digno de me inclinar para desatar as correias das suas sandálias… Ele batizar-vos-á no Espírito Santo”. (Mc 1 / 3ª L.).
Mas que tipo de coisas, tarefas e esforços, deveremos realizar, especificamente, para, seguindo as pegadas de Jesus, re-fazermos o nosso caminho de retorno em direção ao Amor? Pois antes de mais, como nos dizia o profeta, teremos de “abater os montes e as colinas” do nosso orgulho e soberba, nas suas variadas formas… e também levantar e “altear os vales” ou depressões dos nossos desalentos, apatias ou prostrações… Em definitiva, uma atitude de conversão e penitência: o tal “batismo de penitência” do João Batista, que para nós, cristãos de hoje, terá de ser “o segundo batismo”, enquanto para os discípulos daquele tempo era “o primeiro”, prévio ao Batismo na água e no Espírito, que seria “o segundo” e definitivo Batismo sacramental.
Afinal, meus amigos, todo este afastamento daquele «estado original de Amor e Felicidade» foi, e é sempre, consequência da nossa liberdade, mal entendida e pior utilizada. Mas, como estamos a ver, a Palavra vai dando-nos “as chaves” para uma verdadeira e constante conversão ou re-conversão. E nunca esqueçamos esta certeza: Contamos sempre com a infinita “paciência de Deus para connosco, pois Ele não quer que ninguém pereça, mas que todos possam arrepender-se… e concluir a carreira no dia da paz” (2 Pe 3 / 2ª L.).
Porque sabemos, Senhor, que és nosso Pai,
não nos cansaremos de repetir:
Continua a mostrar-nos o Teu Amor
e dá-nos sempre a Tua salvação…
É verdade que devem encontrar-se
a Tua misericórdia e a nossa fidelidade,
que hão de se abraçar a paz e a justiça;
a fidelidade vai germinar na nossa terra
enquanto a justiça descerá do Céu:
e assim hão de confluir os nossos caminhos…
Oxalá, ó Pai, consigamos, com a ajuda de Jesus
– nosso Guia e Verdade no caminho da vida –
converter e refazer os nossos caminhos
para se encontrarem com o Teu Caminho…
Então, o Amor e a Felicidade verdadeira
caminharão à nossa frente
e a paz seguirá os nossos passos:
porque, então, caminharemos juntos,
ó Pai, Tu connosco e nós conTigo…
Assim a nossa terra produzirá os seus frutos,
frutos de Amor e de salvação eterna.
[ do Salmo Responsorial / Sl 84(85) ]
5 Dezembro, 2014
RE-FAZER O CAMINHO INVERSO
Luis López A Palavra REFLETIDA 0 Comments
– A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico –
(Ciclo B – 2º Domingo do Advento)
RE-FAZER O CAMINHO INVERSO.
Certamente, se continuarmos a esquadrinhar e perscrutar o sentido da nossa vida, perante a realidade “inaceitável” da uma existência terreal insatisfatória, aparece-nos sempre este dilema: Ou fomos criados “em amor e felicidade” mas houve qualquer coisa que nos afastou daquele estado original; ou surgimos “por geração espontânea” nesta nossa existência espácio-temporal. A verdade é que já houve muitos “sábios” que escolheram esta segunda hipótese, mas também é verdade que não foram capazes de explicar plena e satisfatoriamente muitas questões fundamentais de difícil ou impossível solução…
Preferir a primeira opção do dilema – embora resolve aquelas questões essenciais do sentido da vida – vai exigir, como contrapartida diríamos nós, ter de fazer uma “inversão de marcha” para voltar às origens, isto é, ao invés do nosso ausente (e consciente?) afastamento, aproximarmo-nos cada vez mais daquele estado inicial “de amor e felicidade” em que fomos «sonhados e criados»… Deveremos então percorrer o caminho inverso, RE-FAZER o nosso Caminho!… Deveremos estar alerta, porque esta árdua tarefa poderá desanimar-nos, abater ou bloquear a nossa decisão e compromisso!… E pobres de nós se não tivéssemos o Pai Deus que temos, e o Irmão Jesus que nos foi dado!
Mas antes de entrar, propriamente, na reflexão-oração da Palavra de hoje, não podemos evitar o trazermos à memória aquele texto bíblico, ainda da antiga aliança, onde é Deus que fala: “Os meus planos não são os vossos planos, os vossos caminhos não são os meus caminhos – oráculo do Senhor” (Is 55, 8). Tantas vezes constatamos que os caminhos de Deus não são os caminhos dos homens, porque – precisamente – os nossos vão numa outra direção e sentido. E quando esse Deus misericordioso viu que o homem – usando de forma errada a sua liberdade – se afastava dos “Seus planos” por caminhos centrífugos, decidiu Ele mesmo e através do Seu Filho, caminhar ao encontro dos homens. Assim de claro: é Ele que fez e faz, incessantemente, esse “caminho”, primeiro até nós e, depois, connosco! O que é que significa – se não – esta voz (na 1ª Leitura) que clama: «Preparai no deserto o caminho do Senhor, abri na estepe uma estrada para o nosso Deus…»? E a tarefa, da nossa parte, para prepararmos esse “caminho” é igualmente clara e radical: “Sejam alteados todos os vales e abatidos os montes e as colinas; endireitem-se os caminhos tortuosos e aplanem-se as veredas escarpadas…” (Is 40 / 1ª L.). É portanto evidente, que a missão de “endireitar e aplanar” as veredas “tortuosas” é tarefa e esforço que nos obriga, já que o precursor João Batista tinha apenas a missão de clamar e avisar, como bom arauto! Essa obrigação, então, vai exigir de nós um esforço constante em dois sentidos: em primeiro lugar, para “desimpedir e facilitar” a vinda do Senhor até nós, mas, sobretudo, para “reconverter” os nossos pequenos ou grandes caminhos de cada dia, e assim adaptá-los, acompassá-los, ao ritmo de Deus em Cristo Jesus. Exatamente o mesmo Jesus, Messias Salvador, de que fala João Batista: “Vai chegar depois de mim quem é mais forte do que eu, diante do qual eu não sou digno de me inclinar para desatar as correias das suas sandálias… Ele batizar-vos-á no Espírito Santo”. (Mc 1 / 3ª L.).
Mas que tipo de coisas, tarefas e esforços, deveremos realizar, especificamente, para, seguindo as pegadas de Jesus, re-fazermos o nosso caminho de retorno em direção ao Amor? Pois antes de mais, como nos dizia o profeta, teremos de “abater os montes e as colinas” do nosso orgulho e soberba, nas suas variadas formas… e também levantar e “altear os vales” ou depressões dos nossos desalentos, apatias ou prostrações… Em definitiva, uma atitude de conversão e penitência: o tal “batismo de penitência” do João Batista, que para nós, cristãos de hoje, terá de ser “o segundo batismo”, enquanto para os discípulos daquele tempo era “o primeiro”, prévio ao Batismo na água e no Espírito, que seria “o segundo” e definitivo Batismo sacramental.
Afinal, meus amigos, todo este afastamento daquele «estado original de Amor e Felicidade» foi, e é sempre, consequência da nossa liberdade, mal entendida e pior utilizada. Mas, como estamos a ver, a Palavra vai dando-nos “as chaves” para uma verdadeira e constante conversão ou re-conversão. E nunca esqueçamos esta certeza: Contamos sempre com a infinita “paciência de Deus para connosco, pois Ele não quer que ninguém pereça, mas que todos possam arrepender-se… e concluir a carreira no dia da paz” (2 Pe 3 / 2ª L.).
Porque sabemos, Senhor, que és nosso Pai,
não nos cansaremos de repetir:
Continua a mostrar-nos o Teu Amor
e dá-nos sempre a Tua salvação…
É verdade que devem encontrar-se
a Tua misericórdia e a nossa fidelidade,
que hão de se abraçar a paz e a justiça;
a fidelidade vai germinar na nossa terra
enquanto a justiça descerá do Céu:
e assim hão de confluir os nossos caminhos…
Oxalá, ó Pai, consigamos, com a ajuda de Jesus
– nosso Guia e Verdade no caminho da vida –
converter e refazer os nossos caminhos
para se encontrarem com o Teu Caminho…
Então, o Amor e a Felicidade verdadeira
caminharão à nossa frente
e a paz seguirá os nossos passos:
porque, então, caminharemos juntos,
ó Pai, Tu connosco e nós conTigo…
Assim a nossa terra produzirá os seus frutos,
frutos de Amor e de salvação eterna.
[ do Salmo Responsorial / Sl 84(85) ]