– A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico –

(Ciclo C – Domingo 5 da Quaresma)

 

“… «Quem de entre vós estiver sem pecado atire a primeira pedra». Inclinou-Se novamente e continuou a escrever no chão. Eles, porém, quando ouviram tais palavras, foram saindo um após outro, a começar pelos mais velhos, e ficou só Jesus e a mulher, que estava no meio… Disse-lhe então Jesus: «Eu não te condeno. Vai e não tornes a pecar»”. (Jo 8,7-11 / 3ª L).

 

Antes de mais, e como simples curiosidade, digamos que são várias as ‘opiniões’ que propõem os ‘amadores’, acerca da expressão ‘misteriosa’ do texto“escrever no chão”. O que é que Jesus estaria a escrever no chão?… Uns opinam que talvez escrevesse alguns pecados graves daqueles acusadores (que por acaso deviam estar de olhos fixos naquele ‘chão’)…; ou, alguma ‘daquelas leis rabínicas’ que convidavam a não condenar o irmão…; ou, simplesmente, ‘palavras soltas’ que incitassem à reflexão daqueles denunciantes, ‘desvelando’ a sua “armadilha”; etc.  Mas, bom, seja como for, o desfecho foi impactante e maravilhoso!

 

A – É interessante que Jesus comece por chamar a atenção para a consciência e conduta anterior dos acusadores: “Quem estiver sem pecado…”. É esta ‘reflexão antes de agir’ que importa sempre!

B – Mais uma vez, Jesus ‘troca-lhes as voltas’ e, com a sua intuição humana e sabedoria divina, põe em evidência a sua malícia dureza de coração para com o próximo, tendo eles maior pecado (!?).

A – Para Jesus, fica bem claro, que nunca ninguém deve julgar nem condenar o irmão (mormente quando for culpado de pecado igual ou maior)… Então, claro, desandaram “a começar pelos mais velhos”.

B – O mais importante, ou essencial, para Jesus é a opção pelo amor e o perdão. Porém, também não se trata – num primeiro passo – de decidir entre justiça e amor, ou entre lei e perdão. Mas sim, entre verdade mentira: a sinceridade de se reconhecer pecador e a falsidade de se achar justo!

A – É evidente que, antes de mais nada, haverá que defender a Verdade contra toda a forma de mentira. Mas afinal, também é evidente, que acaba impondo-se o Amor e o Perdão… superando-se a lei e a justiça!

B – Finalmente, ao ficarem sós, Jesus (“O-homem-Deus-sem-pecado”) e aquela pobre mulher (‘pecadora indefesa e contrita’) então, ficou refulgente a Luz da Verdade e do Perdão: “Eu não te condeno”…

A – Aliás, agora estavam confrontados: o Amor misericordioso – que só sabe “perdoar amando” – e uma mulher humilhada por causa do pecado, que, após o perdão, deverá mudar: “E não tornes a pecar”!

B – Já desde antigo, na Sagrada Escritura, “Amontoar pecado sobre pecado” é condenável… Jesus, por seu lado, reprova energicamente o “pecado contra a Luz” ou “contra o Espírito Santo”; o pecado daquele que, livre e conscientemente, ‘não quer reconhecer-se como tal’. E claro, assim, “não pode ser perdoado” (!).

A – Isto é, não se trata do pecado em si, mas da atitude de “malícia e perversão” que supõe tal pecado! Fora disso, Jesus diz: “Todo o pecado será perdoado aos homens[Mt 12;Mc 3;Lc 12]Mas exige a “conversão”!

 

A-B: Senhor Jesus, se existe alguma coisa que o Teu Coração misericordioso

não pode suportar é a malícia humana revestida de hipocrisia e falsidade…

Então, Jesus, ‘escreve’ para nós, não ‘no chão’, mas nos nossos corações:

«que é mesmo urgente e necessário procurar sempre a Verdade e o Amor

e lutar contra a mentira, a malícia e esse egoísmo odioso que nos espreita;

que nunca devemos julgar nem condenar, mas oferecer compreensão e perdão».

Dá-nos o Teu Espírito Santo, pois só Ele ilumina e transforma nosso espírito!

    

// PARA outras REFLEXÕES AFINS: http://palavradeamorpalavra.sallep.net