– A PALAVRA, refletida ao ritmo Litúrgico –

 (Ciclo C – Domingo 1-PÁSCOA da RESSURREIÇÃO)

“…Pedro tomou a palavra e disse: «Vós sabeis o que aconteceu em toda a Judeia, a começar pela Galileia, depois do batismo que João pregou: Deus ungiu com a força do Espírito Santo a Jesus de Nazaré, que passou fazendo o bem … Nós somos testemunhas de tudo o que Ele fez no país dos judeus e em Jerusalém; eles mataram-n’O, suspendendo-O na cruz. Deus ressuscitou-O ao terceiro dia…»”. (At 10,37-40 / 1ª L).

Acerca dos Atos dos Apóstolos (Livro de que é tirado o texto) dizem os especialistas bíblicos: «Esta obra “apostólica” – desde muito cedo considerada como Escritura Sagrada – relata a sorte do Evangelho confiado aos Apóstolos e expõe os primeiros passos da comunidade cristã». O autor inspirado, Lucas, recolhe este discurso de Pedro (na casa e família do ‘pagão’ Cornélio, em Cesareia marítima) onde se esforça por demonstrar aos seus ouvintes a Verdade (“histórica e real”) dos acontecimentos que tiveram lugar entre eles, na pessoa de Jesus de Nazaré, e que culminaram com a sua Ressurreição… E esta visita e ‘discurso’ de Pedro acontece apenas (~) 3 anos após a Ascensão de Jesus e a Infusão do Espírito Santo em Pentecostes, quando – logo da morte do primeiro mártir Estêvão – os Apóstolos se dispersam, iniciando-se assim, a missão apostólica “fora de Jerusalém”.

A – Quando Pedro diz “vós sabeis o que aconteceu…”, ele pressupõe que, entre os ouvintes pagãos, há já alguns que, ou ouviram contar ou ‘presenciaram’ (!?) estes factos de que fala Pedro.

B – Em todo o caso, o que Pedro quer que fique bem patente é que – ele e os acompanhantes – foram e “são testemunhas” de tudo o que Jesus fez e disse: como “viveu, morreu e ressuscitou”!

A – Mas reparemos numa questão fundamental. A autêntica “testemunha” – em sentido cristão! – não o é só em tempo passado deve sê-lo sempre (O simples ‘nós fomos’ seria para o “espetador”).

B – Exatamente. Por isso Pedro utiliza o verbo em presente: “Nós somos testemunhas”. Como se dissesse: «Cá estamos nós para “testemunhar” sempre, até com a entrega da vida se for preciso!».

A – A palavra “mártir” procede do grego ‘mártys’, que significa ‘testemunha’. Então, mártir é toda a pessoa que sofre perseguição e/ou morte em nome de um ideal. (Na origem: “por defender a fé”).

B – Precisamente, no martírio do ‘diácono’ Estêvão em Jerusalém, por ser fiel a Cristo Jesus, fica bem patente este sentido de “testemunhar”. Mormente, sendo ele o primeiro mártir (“protomártir”)!

A – E é curioso constatar (como já ficou referido na introdução) que, o discurso de Pedro em Cesareia decorre apenas um par de meses após aquele testemunho martirial de Estêvão. Significa que Pedro, e colegas, sabiam bem o que estavam a dizer e o que podia significar para a sua vida!

B – Porém, o que distingue uma ‘testemunha cristã’ de outra possível testemunha é que o objeto do seu ‘testemunho’ – embora sofrendo perseguição e/ou morte – termina sempre na Ressurreição!  

A-B: Que bom seria, Jesus, que nós tivéssemos o privilégio de Pedro e os outros,

de termos sido testemunhas dos últimos acontecimentos da Tua vida na terra!

Mas não, porque Tu dizes: “são mais felizes os que acreditam sem terem visto”.

Ora, então sim, queremos ter a coragem de Estêvão e de tantos outros “mártires”,

cuja fé firme foi e é suficiente para aceitar os sofrimentos, e até a morte, por Ti!

Dá-nos, então, Jesus, o Teu Espírito Santo com o Seu Fogo e a Sua Fortaleza!   

// PARA uma outra REFLEXÃO ALARGADA:http://palavradeamorpalavra.sallep.net