17bb- «Espantados... julgavam ver um espírito»

 – A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico –

 ( Ciclo B – Domingo.3 – PÁSCOA da RESSURREIÇÃO))

 

“Jesus apresentou-Se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco». Espantados e cheios de medo, julgavam ver um espírito. Disse-lhes Jesus: «Porque estais perturbados e porque se levantam esses pensamentos nos vossos corações? Vede as minhas mãos e os meus pés: sou Eu mesmo; tocai-Me e vede: um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que Eu tenho». Dito isto, mostrou-lhes as mãos e os pés”. (Lc 24,36-40 / 3ª L).

 

O texto pertence a um dos primeiros relatos das aparições de Jesus Vivo, Ressuscitado… E não será a única das aparições, em que Jesus fará todo o possível – e até ao impossível! – para lhes fazer ver que se trata d’Ele mesmo, em carne e osso, e não só “em espírito”. Ainda que pareça um “contra-senso”. E, desde logo, não deixa de ser “um mistério” que Jesus realize, perante o espanto deles, funções biológicas próprias de organismos vivos corpóreos, como é ‘o comer’, ou o tocar e ser tocado… Que explicação podemos conjeturar acerca disto, na medida em que possa ser esclarecido? Deveremos começar por aceitar que, no fundo, está o “mistério” que, como tal, não pode ser explicado, apenas aceite e assumido…

 

A – É preciso, antes de mais, ter em atenção as propriedades dos “corpos gloriosos” (neste caso, ‘ressuscitado’) para compreendermos que, ao encontrarem-se numa outra ‘dimensão’, não podem “comunicar-se” naturalmente, em reciprocidade, com os “corpos mortais” …

B – Isto porque existe, ainda, uma ‘barreira de comunicação’… Há quem considere que a comunicação – a níveis mais profundos – entre dois seres humanos enquanto são ainda ‘mortais’, estará sempre limitada por “duas barreiras”, isto é, a do corpo mortal de cada um deles…

A – Significa isso que o corpo material com os seus sentidos – que é considerado como canal e instrumento necessário para a comunicação – é também e simultaneamente uma “barreira”?…

B – Sim para uma comunicação mais profunda, já que cada indivíduo terá que ‘ultrapassar’ o próprio corpo e o da outra pessoa, para comunicar na dimensão desejada mais funda…

A – É verdade que a própria experiência nos diz que essa comunicação não é possível, porque não encontramos a palavra, o pensamento, a ideia… E dizemos: “Não sou capaz de o exprimir!”.

B – E põe-se este exemplo: Duas pessoas amigas podem comunicar perfeitamente, até a um certo nível, nesta vida mortal. Porém, a partir do falecimento de uma delas, teoricamente deveriam poder comunicar melhor já que desapareceu uma das ‘barreiras’ (um corpo)… Mas fica ainda a outra!

A – Também esta realidade é experimentada por algumas pessoas, quando chegam a dizer: Eu consigo agora comunicar a níveis profundos – em espírito, mas bem real! – com o meu filho ou com o meu amigo ou com a minha mãe… já falecidos. Claro que não é fácil. Ainda está uma barreira!

B – O que é que fazia Jesus ‘Vivo’ com os seus amigos? Pois com o poder do seu “corpo glorioso”, adaptava-se aos sentidos corporais deles, com toda a facilidade (até ‘comendo’ se era preciso).

A – Ou seja, esta nova comunicação depende já só da iniciativa e omnipotência do “corpo glorioso”. Porém, quando ‘caírem’ todas essas barreiras, estaremos todos numa comunicação’ perfeita!

 

A-B: Quem dera, Jesus Ressuscitado e Vivo, que a nossa comunicação conTigo

fosse “em espírito e verdade”, sem ‘barreiras’, como os ‘corpos gloriosos’!

Entretanto, aceitamos, de boa vontade, as limitações naturais da vida presente,

na Esperança – perseverante e ativa – da “nova Comunicação” na vida futura.

 

// PARA uma outra REFLEXÃO ALARGADA: http://palavradeamorpalavra.sallep.net