2cc- «Uma voz clama no deserto...

– A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico –

(Ciclo C – Domingo 2 do Advento)

 

“Está escrito no livro dos oráculos do profeta Isaías: «Uma voz clama no deserto: ‘Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas. Sejam alteados todos os vales e abatidos os montes e as colinas; endireitem-se os caminhos tortuosos e aplanem-se as veredas escarpadas; e toda a criatura verá a salvação de Deus’»”. (Lc 3,4-6 / 3ª L.).

 

O evangelista Lucas, ao iniciar os relatos da vida pública de Jesus, começa por apresentar a figura do Seu ‘precursor’, João Batista. E, logo de situar – histórica e geograficamente – o tempo da sua missão de ‘arauto’ do Messias-Cristo, introduz a citação de um texto do profeta Isaías. Melhor dizendo, Lucas aplica diretamente ao ‘Batista’ aquele anúncio do profeta, quando o introduz assim: “Foi dirigida a palavra de Deus a João, filho de Zacarias, no deserto. E ele percorreu toda a zona do rio Jordão, pregando um batismo de penitência para a remissão dos pecados, como está escrito no livro dos oráculos do profeta Isaías”.

 

A – No tempo do Advento, e não só, este texto de Isaías, aplicado ao Precursor do Messias Cristo Jesus, tem ficado já famoso. E será que João Batista, sem o saber (!), estava a realizá-lo?

B – Seja como for, a vida deste “último profeta do AT” (que também pode ser considerado ‘o primeiro do NT’) encaixa perfeitamente com o seu estilo e modo de viver no deserto da Judeia…

A – Os evangelistas Mateus e Marcos o descrevem assim: “João vestia-se de pelos de camelo e trazia uma correia de couro à cintura; alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre” (Mc 1; Mt 3).

B – Ora, vivendo “no deserto da Judeia” e dessa guisa e feitio, está plenamente justificada a expressão «Uma voz clama no deserto…». Mas qual o significado de ‘deserto’, quer para João quer para Jesus, e evidentemente, para todos e cada um de nós, que somos “seus” discípulos?

A – Devemos reconhecer, com os especialistas nestas matérias, a definição de “deserto” como: «O lugar privilegiado para o encontro com Deus… e, portanto, a Sua revelação… Também – e por ser morada de seres demoníacos – lugar oportuno para a tentação; e, então, para a luta interior… ».

B – E agora, desde ‘este deserto’, anuncia-se que “é preciso preparar o caminho do Senhor e endireitar as suas veredas”. Ou seja, o caminho por onde Ele quer chegar até cada um de nós (!?).

A – Mas como podemos preparar ‘esses caminhos nossos’? Que significa, então, “abater os montes” e “altear os vales”? Ou “aplanar veredas escarpadas” e “corrigir caminhos tortuosos”?

B – A resposta é-nos dada por duas mulheres da Bíblia, que cantaram ‘inspiradas’“O Senhor humilha e exalta” (dizia Ana, mulher de Elcana, no seu ‘Cântico’/1Sm 2); e referia-se aos que se acham “fortes e superiores” (que Ele humilha) e aos que são “simples e fracos” (que Ele exalta).

A – A outra mulher bíblica, só podia ser a Virgem Maria – que certamente tinha meditado e recitado muitas vezes o “Cântico de Ana” antes de proclamar o seu “Magnificat” – onde diz: “Derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes…”.(Lc 1).  Isto é, os ‘montes’ e os ‘vales’!

 

A-B: Senhor, não é que nós recusemos ser ‘altivos’ para não sermos depois abaixados,

nem procuramos ser humildes para, um dia, sermos ‘enaltecidos’ ou exaltados…

Só queremos, Senhor, imitar os que são “mansos e humildes de coração” como Tu,

e seguir o exemplo da nossa Mãe, Maria, no ‘sítio’ dos que servem e são humildes!  

 

// PARA uma outra REFLEXÃO ALARGADA: http://palavradeamorpalavra.sallep.net