– A PALAVRA, refletida ao ritmo Litúrgico –

 (Ciclo C – Domingo 4 de PÁSCOA)

 “Eu, João, vi uma multidão imensa, que ninguém podia contar… Estavam de pé, diante do trono e na presença do Cordeiro, vestidos com túnicas brancas e de palmas na mão. Um dos Anciãos tomou a palavra para me dizer: «Estes são os que vieram da grande tribulação, os que lavaram as túnicas e as branquearam no sangue do Cordeiro… E o Cordeiro, que está no meio do trono, será o seu pastor e os conduzirá às fontes da água viva”. (Ap 7,9.14.16-17 / 2ª L).

Sabemos que a “literatura apocalíptica” tem as suas raízes no Antigo Testamento… Para ‘focarmos’ o texto que vamos refletir, devemos partir dos ‘sacrifícios’ de animais que eram oferecidos às ‘divindades’. Ou à única Divindade, em quem o povo hebreu acreditava e a quem adorava, de modo exclusivo (por tal considerada, desde a antiguidade, como “a única nação monoteísta” conhecida). Poderíamos questionar o ‘porquê’ do misterioso fenómeno – universal? – desses ‘holocaustos’ de animais que, a humanidade (os humanos) assumiu como costume. Chegaram mesmo a sacrificar seres humanos, junto com os holocaustos de animais… Até que o Deus-Javé teve que intervir – no episódio bíblico de Abraão – para esclarecer que “Deus não quer sacrifícios humanos”… Mais tarde viria – a partir da saída do Egito e com um “significado profético” – o sacrifício do «cordeiro pascal», único animal capaz, para os hebreus, de libertar da ‘escravatura’ e devolver a liberdade.

A – E nós podemos perguntar: Era assim necessário – não apenas conveniente – que os humanos realizassem esta classe de sacrifícios e holocaustos, oferecendo “imolações” à divindade?…

B – Seja como for, na tradição Bíblica ficou a “figura do cordeiro pascal”, que, ao iniciar-se a Nova Aliança (NT), o Messias, Jesus Cristo, assumiu como realidade com um significado essencial

A – Efetivamente, Ele seria, desde o primeiro anúncio do Seu Precursor João Batista, o verdadeiro “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo!” (Jo 1,29).  Importa refletirmos sobre esta questão!

B – Desde logo, entre nós, ficou o termo ‘sacrifício’ com o significado de tudo aquilo que custa, que dói, que é difícil. Ou, por outras palavras, o que serve para “demonstrar” devoção, entrega, amor!

A – Esta realidade, que é aplicável às relações humanas, o será também quando atribuída a Deus, quer dizer, a Cristo Jesus, o Redentor da Humanidade? Poderemos ‘ler’ o texto nessa ‘chave’?…

B – Na verdade, não é outro o sentido que damos, desde sempre, à Paixão de Cristo, isto é, ao facto de Ele se entregar – livremente! – aos tormentos e torturas, ou seja, aos sacrifícios horríveis que o levaram até uma morte de Cruz! E isto, apenas e só, para Redimir a Humanidade por Amor!

A – Então, este Cordeiro, sim, é capaz de libertar, na verdade, de toda a escravidão, pelo Seu Sangue, derramado até à morte. Porque só este Sangue é capaz de tirar – limpar – os pecados!

B – Acontece, por consequência, que os discípulos de Jesus, ou seja, os seguidores do Cordeiro Imolado, que ‘sofrem’ a mesma sorte pelo caminho da Cruz, são “branqueados no Seu Sangue”!

A-B: Que sejamos capazes de – seguindo-Te a Ti, Jesus – vestirmos

“túnicas brancas” e levarmos “palmas na mão” para proclamar em alta voz:

«A salvação pertence ao nosso Deus, que está sentado no trono, e ao Cordeiro»!”.

E assim, a nossa voz se una às de “todos os anjos, anciãos, seres viventes…

multidão imensa que ninguém pode contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas,

com este clamor: «Ámen! O louvor, a glória, a sabedoria, a ação de graças,

a honra, o poder e a força devem ser dados ao nosso Deus

pelos séculos dos séculos. Ámen!»”. (Ap 7, 9-12) .

// PARA uma outra REFLEXÃO ALARGADA:http://palavradeamorpalavra.sallep.net

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