
(Ciclo C – Domingo 10 do Tempo Comum)
UMA PAIXÃO PELOS… «POBRES»!
A verdade é que também o termo “pobres” tem significados diversos, dependendo igualmente dos interesses de quem usa esse termo e/ou para que objetivos. Importa-nos agora – seguindo a Palavra de Deus – o significado de “pobre” atribuído a quem, por circunstâncias diversas, se encontra numa situação de “fraqueza” e, por consequência, é “frágil”, “carenciado”, “indefeso”, “marginalizado”… necessitado de apoio e ajuda, isto é, necessitado de um “amor dedicado”… Essa seria a fotografia daqueles humanos que constituem – já o sabemos! – as “preferências de Deus”, ou que são “os Seus prediletos”.
Acontece, porém – e nunca devemos esquecer isto – que Deus “não quer” (ou “não pode”?) agir diretamente, mesmo naquilo que constitui a Sua “paixão”, o “seu fraco” pessoal, como é o caso da Sua predileção pelos “desgraçados”(!). Sempre irá utilizar «mediadores» convenientes, e em todas as situações há de servir-Se dos «instrumentos» mais dóceis e adequados…
Assim sucede no episódio da primeira leitura da Palavra, onde vai ser a “com-paixão” do Profeta Elias que refletirá e projetará a “Paixão” de Deus por aquela mãe viúva cujo filhinho acaba de morrer, para devolver aquela criança viva aos braços da mãe. “…Elias disse à mulher: «Dá-me o teu filho (defunto)»… Depois invocou o Senhor, dizendo: «Senhor, meu Deus, quereis ser também rigoroso para com esta viúva, que me hospeda em sua casa, a ponto de fazerdes morrer o seu filho?»… O Senhor escutou a voz de Elias: a alma do menino voltou a entrar nele, e o menino recuperou a vida… E Elias entregou o filho vivo nos braços da mãe…” (1 Rs 17 / 1ª L.). Como se pode observar, não é assim tão fácil interpretar, neste relato, onde é que está a iniciativa de Deus nessa “compaixão” pela aflição da mãe viúva. Reparemos, em primeiro lugar, que se trata de um texto muito antigo, onde aparece mais clara e natural a linguagem humana (“antropológica”) aplicada a Deus. O “autor” bíblico apresenta o Senhor como “alguém rigoroso para com a viúva” ao produzir a morte do seu filhinho. E nada mais longe da verdade, pois, como sabemos, Deus respeita sempre “as causas segundas” e a liberdade humana… Fique claro que “Castigar não é com Deus”(!?). E, em segundo lugar, o Senhor deseja que o ser humano (neste caso a viúva e o profeta) intervenha ativamente na resolução compassiva e amorosa dos problemas e desgraças dos outros… Esse é o sentido do “pedido” da viúva e da “oração” do profeta.
E se nos voltarmos agora para a Palavra da Nova Aliança, encontramos logo de entrada, o Mediador ideal e perfeito da Paixão e Compaixão de Deus: o Seu Filho “Predileto”, Jesus de Nazaré. E aqui já não há limitações nem imperfeições, por se tratar do próprio Deus Humanado. “Quando (Jesus) chegou à porta da cidade, levavam um defunto a sepultar, filho único de sua mãe, que era viúva… Ao vê-la, o Senhor compadeceu-Se dela e disse-lhe: «Não chores»… Aqui vê-se clara a iniciativa de «Deus no Filho» que “se compadece” (expressão que nós traduzimos por “se Lhe comovem as entranhas”). E, por isso, também Jesus não precisa recorrer a “Ninguém”, para devolver o filho àquela viúva desolada. Jesus fá-lo com o próprio poder e autoridade: “«Jovem, Eu te ordeno: levanta-te!». O morto sentou-se e começou a falar; e Jesus entregou-o à sua mãe”. E observemos como fica bem patente um facto: “aquela grande multidão”, ainda que não saiba separar “Deus” do “grande profeta” (ou precisamente por isso!), acabará reconhecendo: “«Apareceu no meio de nós um grande profeta; Deus visitou o seu povo!»”. (Lc 7 / 3ª L.). Afinal, «é Deus que nos visita».
Mais uma vez, porque já são muitas – lembram-se? – Deus «toma partido», desde sempre, pelos pequenos, frágeis e desamparados, quer dizer, eles (os “pobres”) são verdadeiramente «a paixão de Deus».
A nossa tarefa de sempre, Senhor, deve ser
transformar-nos, cada vez mais, em “pobres”…
Mas daqueles «pobres de Javé» – nossos pais na fé –
que na história bíblica eram, ó Deus, o «Teu resto»,
esses que “sempre ficavam”, quando os outros,
os auto-suficientes e prepotentes deste mundo,
iam afastando-se de Ti até “desparecerem”…
Nós queremos ser daqueles pobres, pequenos e frágeis
que sempre queriam estar mais próximos
do Teu Filho Jesus, «o amigo dos pequenos e pobres»…
Porque só se formos assim, “autênticos pobres por dentro”,
é que podemos contar, ó Pai, com a Tua predileção.
E então sim, já somos capazes de cantar o nosso “salmo”,
e convidar todos a louvar-Te, desde a sua “pobreza”:
Cantai salmos ao Senhor, vós os seus fiéis,
e vós, os seus humildes, dai graças ao seu nome santo…
Nós Te glorificamos, Senhor, porque nos salvas
e não deixas que “os inimigos levem a melhor”…
Ainda que, no dia a dia da nossa vida,
ao cair da noite venham as lágrimas,
sabemos que, ao amanhecer, volta a alegria…
E porque convertes em júbilo o nosso pranto,
nós Te louvaremos, Senhor, eternamente!
[ do Salmo Responsorial / 29 (30) ]
4 Junho, 2016
UMA PAIXÃO PELOS… «POBRES»!
Luis López A Palavra REFLETIDA 0 Comments
(Ciclo C – Domingo 10 do Tempo Comum)
UMA PAIXÃO PELOS… «POBRES»!
A verdade é que também o termo “pobres” tem significados diversos, dependendo igualmente dos interesses de quem usa esse termo e/ou para que objetivos. Importa-nos agora – seguindo a Palavra de Deus – o significado de “pobre” atribuído a quem, por circunstâncias diversas, se encontra numa situação de “fraqueza” e, por consequência, é “frágil”, “carenciado”, “indefeso”, “marginalizado”… necessitado de apoio e ajuda, isto é, necessitado de um “amor dedicado”… Essa seria a fotografia daqueles humanos que constituem – já o sabemos! – as “preferências de Deus”, ou que são “os Seus prediletos”.
Acontece, porém – e nunca devemos esquecer isto – que Deus “não quer” (ou “não pode”?) agir diretamente, mesmo naquilo que constitui a Sua “paixão”, o “seu fraco” pessoal, como é o caso da Sua predileção pelos “desgraçados”(!). Sempre irá utilizar «mediadores» convenientes, e em todas as situações há de servir-Se dos «instrumentos» mais dóceis e adequados…
Assim sucede no episódio da primeira leitura da Palavra, onde vai ser a “com-paixão” do Profeta Elias que refletirá e projetará a “Paixão” de Deus por aquela mãe viúva cujo filhinho acaba de morrer, para devolver aquela criança viva aos braços da mãe. “…Elias disse à mulher: «Dá-me o teu filho (defunto)»… Depois invocou o Senhor, dizendo: «Senhor, meu Deus, quereis ser também rigoroso para com esta viúva, que me hospeda em sua casa, a ponto de fazerdes morrer o seu filho?»… O Senhor escutou a voz de Elias: a alma do menino voltou a entrar nele, e o menino recuperou a vida… E Elias entregou o filho vivo nos braços da mãe…” (1 Rs 17 / 1ª L.). Como se pode observar, não é assim tão fácil interpretar, neste relato, onde é que está a iniciativa de Deus nessa “compaixão” pela aflição da mãe viúva. Reparemos, em primeiro lugar, que se trata de um texto muito antigo, onde aparece mais clara e natural a linguagem humana (“antropológica”) aplicada a Deus. O “autor” bíblico apresenta o Senhor como “alguém rigoroso para com a viúva” ao produzir a morte do seu filhinho. E nada mais longe da verdade, pois, como sabemos, Deus respeita sempre “as causas segundas” e a liberdade humana… Fique claro que “Castigar não é com Deus”(!?). E, em segundo lugar, o Senhor deseja que o ser humano (neste caso a viúva e o profeta) intervenha ativamente na resolução compassiva e amorosa dos problemas e desgraças dos outros… Esse é o sentido do “pedido” da viúva e da “oração” do profeta.
E se nos voltarmos agora para a Palavra da Nova Aliança, encontramos logo de entrada, o Mediador ideal e perfeito da Paixão e Compaixão de Deus: o Seu Filho “Predileto”, Jesus de Nazaré. E aqui já não há limitações nem imperfeições, por se tratar do próprio Deus Humanado. “Quando (Jesus) chegou à porta da cidade, levavam um defunto a sepultar, filho único de sua mãe, que era viúva… Ao vê-la, o Senhor compadeceu-Se dela e disse-lhe: «Não chores»… Aqui vê-se clara a iniciativa de «Deus no Filho» que “se compadece” (expressão que nós traduzimos por “se Lhe comovem as entranhas”). E, por isso, também Jesus não precisa recorrer a “Ninguém”, para devolver o filho àquela viúva desolada. Jesus fá-lo com o próprio poder e autoridade: “«Jovem, Eu te ordeno: levanta-te!». O morto sentou-se e começou a falar; e Jesus entregou-o à sua mãe”. E observemos como fica bem patente um facto: “aquela grande multidão”, ainda que não saiba separar “Deus” do “grande profeta” (ou precisamente por isso!), acabará reconhecendo: “«Apareceu no meio de nós um grande profeta; Deus visitou o seu povo!»”. (Lc 7 / 3ª L.). Afinal, «é Deus que nos visita».
Mais uma vez, porque já são muitas – lembram-se? – Deus «toma partido», desde sempre, pelos pequenos, frágeis e desamparados, quer dizer, eles (os “pobres”) são verdadeiramente «a paixão de Deus».
A nossa tarefa de sempre, Senhor, deve ser
transformar-nos, cada vez mais, em “pobres”…
Mas daqueles «pobres de Javé» – nossos pais na fé –
que na história bíblica eram, ó Deus, o «Teu resto»,
esses que “sempre ficavam”, quando os outros,
os auto-suficientes e prepotentes deste mundo,
iam afastando-se de Ti até “desparecerem”…
Nós queremos ser daqueles pobres, pequenos e frágeis
que sempre queriam estar mais próximos
do Teu Filho Jesus, «o amigo dos pequenos e pobres»…
Porque só se formos assim, “autênticos pobres por dentro”,
é que podemos contar, ó Pai, com a Tua predileção.
E então sim, já somos capazes de cantar o nosso “salmo”,
e convidar todos a louvar-Te, desde a sua “pobreza”:
Cantai salmos ao Senhor, vós os seus fiéis,
e vós, os seus humildes, dai graças ao seu nome santo…
Nós Te glorificamos, Senhor, porque nos salvas
e não deixas que “os inimigos levem a melhor”…
Ainda que, no dia a dia da nossa vida,
ao cair da noite venham as lágrimas,
sabemos que, ao amanhecer, volta a alegria…
E porque convertes em júbilo o nosso pranto,
nós Te louvaremos, Senhor, eternamente!
[ do Salmo Responsorial / 29 (30) ]