
(Ciclo C – Domingo 13 do Tempo Comum)
AMOR MAIOR, MAIS EXIGÊNCIA!
Na Palavra de hoje, aparecem-nos dois episódios – “contrapostos” – um tanto chocantes, que chamam a nossa atenção. E, mais uma vez, vêm demonstrar que o ser humano é capaz do melhor e do pior. No primeiro, vemos como aquele futuro profeta Eliseu, numa reação rápida e solícita por seguir o apelo do Profeta Elias, “foi capaz de abater uma das «juntas de bois» com que trabalhava, assar a sua carne com a medeira do arado e dá-la a comer à sua gente” (1 Rs 19). No segundo episódio, ficaram em evidência aqueles dois discípulos que, também por causa de um (falso) seguimento, querem “mandar vir fogo do céu para destruir aqueles samaritanos que não os quiseram receber” (Lc 9). Jesus, um tanto irritado, “cortou a conversa” para seguir o caminho!… Mas, deixemos isto, e vamos para os conteúdos mais interessantes destas Leituras de hoje.
E aquilo que mais nos poderá impactar e transformar (para além destes dois eventos um tanto anedóticos) é o diverso grau de exigência no «seguimento da “Palavra”», observado no Antigo e no Novo Testamento. E é curioso constatar que o “paralelismo” não pode ser mais óbvio e evidente. Quando, na primeira leitura (do livro dos Reis), aquele Eliseu – ainda “aprendiz” de profeta – pede ao Profeta Elias que “lhe permita ir abraçar seu pai e sua mãe, antes de o seguir”, o «mestre Elias» permite-lho sem problemas: “Vai e volta, porque eu já fiz o que devia”. E foi aí que Eliseu – após ter levado a cabo aquele «ritual dos bois e do arado» – “levantou-se e seguiu Elias, ficando ao seu serviço”. (1 Rs 19 / 1ª L.).
O Messias, Jesus de Nazaré – novo Moisés e “novo Elias” – em episódios paralelos ou análogos, exige muito mais dos seus seguidores, sejam eles discípulos ou apóstolos… Em certa ocasião, Jesus acabava de “esclarecer” a alguém, que Lhe prometia segui-l’O, com estas palavras: “«As raposas têm as suas tocas, e as aves do céu os seus ninhos; mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça»”; com o qual ficava bem patente o difícil que prometia ser o Seu seguimento. Porém, aparece um outro “discípulo” que Lhe promete: “«Seguir-Te-ei, Senhor; mas deixa-me ir primeiro despedir-me da minha família»”. E vê-se aqui a semelhança evidente entre estas palavras e as daquele discípulo chamado Eliseu! Mas a resposta de Jesus é bem diferente da do profeta Elias, e, desde logo, radical na sua exigência. Pois Jesus, interpretando o sentido das palavras daquele homem, responde-lhe sem hesitar: “«Quem tiver lançado as mãos ao arado e olhar para trás não serve para o reino de Deus»”. Se as compararmos com aquelas “permissivas palavras” do «primeiro Elias», não restam dúvidas quanto ao grau de exigência. Num outro caso, ainda, é Jesus quem toma a iniciativa da “chamada vocacional” quando “diz a outro: «Segue-Me!»”. Mas, ao responder-Lhe este “Senhor, deixa-me ir primeiro sepultar meu pai”, a resposta de Jesus é tão exigente e radical como as anteriores, sem deixar de ser, neste caso, “misteriosa”: “«Deixa que os mortos sepultem os seus mortos; tu, vai anunciar o reino de Deus»”. (Lc 9 / 3ª L.). Bem entendido que o sentido destas palavras não é o “literal”, como sabemos.
Quanto a nós, e perante esta “radical exigência” de Jesus, duas questões se levantam. A primeira, seria: Tem alguma explicação ou fundamento esta exigência? Porquê? – Uma resposta possível estaria baseada naquelas palavras de Jesus «Dei-vos exemplo» – lembram-se? – onde ficava bem patente “o Amor de Jesus por nós, até à morte de Cruz”! Assim sendo, a conclusão não pode ser outra: “A maior Amor, maior exigência”! Sim, porque todos devemos saber que «não há nada tão exigente como o Amor»!… Mas a segunda questão é de índole pessoal e atinge-nos na medula do ser: O que é que nós – cada um! – devemos fazer para respondermos, da melhor maneira, a esta chamada de Jesus “para um Amor tão exigente”? – A resposta chega-nos hoje da mão de Paulo, quem, nesta carta aos Gálatas, aponta na direção da «Liberdade ordenada para o Amor». “Irmãos: Foi para a verdadeira liberdade que Cristo nos libertou…”. E nós sabemos que «não pode haver amor sem liberdade» (e vice-versa, porque também não pode haver liberdade genuína sem amor).
Então, escolhamos entre as possibilidades que Paulo nos oferece: – “Não abuseis da liberdade como pretexto para viverdes segundo a carne”… – “Pois a carne tem desejos contrários aos do Espírito (e vice-versa); são dois princípios antagónicos, por isso, às vezes, não fazemos o que queremos”… – “Deixai-vos conduzir pelo Espírito e não satisfareis os desejos da carne… – “pela caridade, colocai-vos ao serviço uns dos outros”… – “sabendo que toda a Lei resume-se nesta palavra: «Amarás o teu próximo como a ti mesmo»”…(Gl 5 / 2ª L.).
É verdade, Senhor e Deus nosso,
Tu és, desde sempre, a nossa herança,
onde “entrará” o caminho do nosso Amor
– «sempre inquieto até descansar em Ti» –…
Entretanto, a senda que nós percorremos
vai seguindo «as pegadas de Jesus»,
que “nos amou e se entregou por nós”…
Este Amor total do Teu Filho – tão exigente –
é o Amor de Quem dá tudo ao “dar-nos” a Vida.
E quando nos chama para O seguirmos,
– com a fidelidade mais radical e a toda a prova –
outra coisa não faz do que “dilatar o nosso amor”!
Assim, o nosso coração se alegra, a nossa alma exulta,
e até o nosso corpo descansa sereno e calmo.
E nós repetimos: «Tu és o nosso Deus»;
Tu és a porção privilegiada do nosso cálice;
o nosso destino está nas Tuas mãos!
[ do Salmo Responsorial / 15 (16) ]
24 Junho, 2016
AMOR MAIOR, MAIS EXIGÊNCIA!
Luis López A Palavra REFLETIDA 0 Comments
(Ciclo C – Domingo 13 do Tempo Comum)
AMOR MAIOR, MAIS EXIGÊNCIA!
Na Palavra de hoje, aparecem-nos dois episódios – “contrapostos” – um tanto chocantes, que chamam a nossa atenção. E, mais uma vez, vêm demonstrar que o ser humano é capaz do melhor e do pior. No primeiro, vemos como aquele futuro profeta Eliseu, numa reação rápida e solícita por seguir o apelo do Profeta Elias, “foi capaz de abater uma das «juntas de bois» com que trabalhava, assar a sua carne com a medeira do arado e dá-la a comer à sua gente” (1 Rs 19). No segundo episódio, ficaram em evidência aqueles dois discípulos que, também por causa de um (falso) seguimento, querem “mandar vir fogo do céu para destruir aqueles samaritanos que não os quiseram receber” (Lc 9). Jesus, um tanto irritado, “cortou a conversa” para seguir o caminho!… Mas, deixemos isto, e vamos para os conteúdos mais interessantes destas Leituras de hoje.
E aquilo que mais nos poderá impactar e transformar (para além destes dois eventos um tanto anedóticos) é o diverso grau de exigência no «seguimento da “Palavra”», observado no Antigo e no Novo Testamento. E é curioso constatar que o “paralelismo” não pode ser mais óbvio e evidente. Quando, na primeira leitura (do livro dos Reis), aquele Eliseu – ainda “aprendiz” de profeta – pede ao Profeta Elias que “lhe permita ir abraçar seu pai e sua mãe, antes de o seguir”, o «mestre Elias» permite-lho sem problemas: “Vai e volta, porque eu já fiz o que devia”. E foi aí que Eliseu – após ter levado a cabo aquele «ritual dos bois e do arado» – “levantou-se e seguiu Elias, ficando ao seu serviço”. (1 Rs 19 / 1ª L.).
O Messias, Jesus de Nazaré – novo Moisés e “novo Elias” – em episódios paralelos ou análogos, exige muito mais dos seus seguidores, sejam eles discípulos ou apóstolos… Em certa ocasião, Jesus acabava de “esclarecer” a alguém, que Lhe prometia segui-l’O, com estas palavras: “«As raposas têm as suas tocas, e as aves do céu os seus ninhos; mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça»”; com o qual ficava bem patente o difícil que prometia ser o Seu seguimento. Porém, aparece um outro “discípulo” que Lhe promete: “«Seguir-Te-ei, Senhor; mas deixa-me ir primeiro despedir-me da minha família»”. E vê-se aqui a semelhança evidente entre estas palavras e as daquele discípulo chamado Eliseu! Mas a resposta de Jesus é bem diferente da do profeta Elias, e, desde logo, radical na sua exigência. Pois Jesus, interpretando o sentido das palavras daquele homem, responde-lhe sem hesitar: “«Quem tiver lançado as mãos ao arado e olhar para trás não serve para o reino de Deus»”. Se as compararmos com aquelas “permissivas palavras” do «primeiro Elias», não restam dúvidas quanto ao grau de exigência. Num outro caso, ainda, é Jesus quem toma a iniciativa da “chamada vocacional” quando “diz a outro: «Segue-Me!»”. Mas, ao responder-Lhe este “Senhor, deixa-me ir primeiro sepultar meu pai”, a resposta de Jesus é tão exigente e radical como as anteriores, sem deixar de ser, neste caso, “misteriosa”: “«Deixa que os mortos sepultem os seus mortos; tu, vai anunciar o reino de Deus»”. (Lc 9 / 3ª L.). Bem entendido que o sentido destas palavras não é o “literal”, como sabemos.
Quanto a nós, e perante esta “radical exigência” de Jesus, duas questões se levantam. A primeira, seria: Tem alguma explicação ou fundamento esta exigência? Porquê? – Uma resposta possível estaria baseada naquelas palavras de Jesus «Dei-vos exemplo» – lembram-se? – onde ficava bem patente “o Amor de Jesus por nós, até à morte de Cruz”! Assim sendo, a conclusão não pode ser outra: “A maior Amor, maior exigência”! Sim, porque todos devemos saber que «não há nada tão exigente como o Amor»!… Mas a segunda questão é de índole pessoal e atinge-nos na medula do ser: O que é que nós – cada um! – devemos fazer para respondermos, da melhor maneira, a esta chamada de Jesus “para um Amor tão exigente”? – A resposta chega-nos hoje da mão de Paulo, quem, nesta carta aos Gálatas, aponta na direção da «Liberdade ordenada para o Amor». “Irmãos: Foi para a verdadeira liberdade que Cristo nos libertou…”. E nós sabemos que «não pode haver amor sem liberdade» (e vice-versa, porque também não pode haver liberdade genuína sem amor).
Então, escolhamos entre as possibilidades que Paulo nos oferece: – “Não abuseis da liberdade como pretexto para viverdes segundo a carne”… – “Pois a carne tem desejos contrários aos do Espírito (e vice-versa); são dois princípios antagónicos, por isso, às vezes, não fazemos o que queremos”… – “Deixai-vos conduzir pelo Espírito e não satisfareis os desejos da carne… – “pela caridade, colocai-vos ao serviço uns dos outros”… – “sabendo que toda a Lei resume-se nesta palavra: «Amarás o teu próximo como a ti mesmo»”…(Gl 5 / 2ª L.).
É verdade, Senhor e Deus nosso,
Tu és, desde sempre, a nossa herança,
onde “entrará” o caminho do nosso Amor
– «sempre inquieto até descansar em Ti» –…
Entretanto, a senda que nós percorremos
vai seguindo «as pegadas de Jesus»,
que “nos amou e se entregou por nós”…
Este Amor total do Teu Filho – tão exigente –
é o Amor de Quem dá tudo ao “dar-nos” a Vida.
E quando nos chama para O seguirmos,
– com a fidelidade mais radical e a toda a prova –
outra coisa não faz do que “dilatar o nosso amor”!
Assim, o nosso coração se alegra, a nossa alma exulta,
e até o nosso corpo descansa sereno e calmo.
E nós repetimos: «Tu és o nosso Deus»;
Tu és a porção privilegiada do nosso cálice;
o nosso destino está nas Tuas mãos!
[ do Salmo Responsorial / 15 (16) ]