
(Ciclo A – Domingo 2 de Páscoa)
«NÃO ESTAVA COM ELES»
“Na tarde daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se encontravam, com medo dos judeus, veio Jesus, apresentou-Se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco»”…(Jo 20 / 3ª L.). É o começo do evangelho de hoje. Em poucas palavras, localiza-se a cena, embora não seja o marco geográfico-histórico o que agora nos interessa… Se repararmos, aparece Jesus no meio dos discípulos que se encontravam reunidos. Está aqui um apelo importante para nós, cristãos, que nos dizemos discípulos de Jesus como aqueles primeiros. Sabemos bem que é natural aos humanos – lembram-se? – essa dimensão social: a pessoa humana é um “ser em relação”. Seria normal, pois, que, tanto as alegrias e celebrações festivas como as situações de aflição e de medo, fossem “vividas em comunidade”, porque essa vivência em comum – quiçá o sabemos por experiência – multiplica a alegria e divide a aflição. Quer isto dizer que todo aquele que, voluntariamente, se coloca de fora da comunidade – da família – não apenas se subtrai às vantagens da companhia dos irmãos, como, sobretudo, perde a força da presença de JESUS, que estará sempre “onde dois ou mais estiverem reunidos” em amizade. Para esse tal, as consequências não serão boas, infelizmente… “Tomé, um dos Doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus”… (Jo 20). E mesmo que, no outro dia, os colegas lhe contem o que aconteceu, já não será a mesma coisa! É que a birra da falta de fé de Tomé não se deve tanto à sua obstinação pessoal quanto à sua privação da força comunitária. Porque, como diz o texto, Tomé «não estava com eles». Aprendamos todos esta primeira lição!
Mas o mais lamentável na situação de Tomé (como na de qualquer um no seu caso) é que, por essa carência de força interior (“graça”) que transmite a comunidade, faltou-lhe a força-vigor para, nessa oportunidade, dar a todos uma lição de fé verdadeira, pois ele poderia ter mostrado que “acreditava sem ter visto”, coisa que não fez. Ainda bem que o fizeram muitos outros irmãos, já nas “primeiras comunidades cristãs”, conforme descreve Pedro na sua primeira carta: “Sem O terdes visto, vós acreditais em Jesus Cristo; sem O ver ainda, vós O amais”… (1 Pe 1 / 2ª L.).
Mas é principalmente na primeira leitura de hoje, onde a Palavra espelha e reflete a situação dos primeiros grupos cristãos na sua vivência «comunitária». O próprio Tomé, que imediatamente aprendeu a lição da vida comunitária (pois nos dias seguintes encontramo-lo já no Grupo /“…e estava Tomé com eles”) este mesmo Tomé, como é fácil imaginar, formava parte daquelas primeiras comunidades cristãs que descrevem os Atos dos Apóstolos. “Os irmãos eram assíduos ao ensino dos Apóstolos, à comunhão fraterna, à fração do pão e às orações”… (At 2 / 1ª L.). Não se pode dizer mais e melhor com menos palavras. E nós – aqui e agora – temos muito que aprender nas nossas comunidades e famílias cristãs (que, se calhar, ainda não são “verdadeiramente cristãs”!). Se prestamos atenção aos termos do texto dos Atos, saltam à vista algumas palavras-chave. Logo a primeira, “Os irmãos”, mostra a essência de tudo: irmãos no Filho Jesus, porque todos filhos do mesmo Pai Deus; é este o sentido profundo da fraternidade comunitária. A seguir, “eram assíduos” reflete a dimensão de fidelidade, tão imprescindível para tudo, e que, na nossa sociedade de hoje, infelizmente “brilha tanto pela sua ausência”. Depois, “comunhão fraterna” reforça a comum-união de todos, como irmãos, em volta de Cristo, o Irmão mais velho, que se entregou, na fragmentação e re-partição do Seu Corpo, em Alimento de Vida (“na fração do pão…”). E mais: “Todos os que haviam abraçado a fé viviam unidos e tinham tudo em comum”…(At 2). Alguém poderia pensar que com isto já está tudo dito acerca do que deve ser uma autêntica e verdadeira comunidade cristã. Mas esta seria apenas – embora essencial! – a sua dimensão «ad intra», para o interior. Faltaria ainda a sua projeção externa («ad extra»), condição sem a qual, a comunidade também não tem sentido.
Vemos então, até que ponto a VIDA do Jesus Ressuscitado («Ele Vive, tu Vives, eu Vivo» – lembram-se? – ) essa Vida, conquanto invisível, foi, é e será sempre, capaz de transformar a vida das pessoas e das comunidades, por dentro e por fora, como esses círculos concêntricos (produzidos num lago em calma quando, por exemplo, um peixinho pula e salta para o exterior da superfície), círculos esses que se alargam progressivamente até ao fim… dos tempos. E, se toda a vida natural, por definição, é para se reproduzir, ainda mais o será a VIDA sobrenatural! “E partiam (partilhavam) o pão em suas casas; tomavam o alimento com alegria e simplicidade de coração, louvando a Deus e gozando da simpatia de todo o povo. E o Senhor aumentava todos os dias o número dos que deviam salvar-se”. (At 2 / 1ª L.). Está, portanto, garantida a regeneração e multiplicação dessa VIDA. Pois… CRISTO continua VIVO!!! Aleluia!
Diga a “Igreja dos ressuscitados”:
é eterna a sua misericórdia!
Diga a grande Família do Pai Deus:
é eterna a sua misericórdia!
Digam os inumeráveis irmãos do Jesus Vivo,
todos os filhos do Senhor:
é eterna a sua misericórdia!…
Ainda que me envolvam os perigos
e os malvados me empurrem para cair,
eu sinto-me forte ao abrigo e proteção
do lar seguro da nossa comunidade!
Gritos de júbilo e de vitória,
nas tendas e comunidades dos fiéis:
a mão do Senhor fez maravilhas!
Nós sabemos que a pedra rejeitada
era Cristo Jesus Ressuscitado e Vivo,
e como tal, veio a ser a pedra angular
de todo o Edifício Comunitário…
E sabemos que tudo isto veio do Senhor,
e que é admirável aos nossos olhos.
Exultemos e cantemos de alegria!
[ do Salmo Responsorial / 117 (118)
21 Abril, 2017
«NÃO ESTAVA COM ELES»
Luis López A Palavra REFLETIDA 0 Comments
(Ciclo A – Domingo 2 de Páscoa)
«NÃO ESTAVA COM ELES»
“Na tarde daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se encontravam, com medo dos judeus, veio Jesus, apresentou-Se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco»”…(Jo 20 / 3ª L.). É o começo do evangelho de hoje. Em poucas palavras, localiza-se a cena, embora não seja o marco geográfico-histórico o que agora nos interessa… Se repararmos, aparece Jesus no meio dos discípulos que se encontravam reunidos. Está aqui um apelo importante para nós, cristãos, que nos dizemos discípulos de Jesus como aqueles primeiros. Sabemos bem que é natural aos humanos – lembram-se? – essa dimensão social: a pessoa humana é um “ser em relação”. Seria normal, pois, que, tanto as alegrias e celebrações festivas como as situações de aflição e de medo, fossem “vividas em comunidade”, porque essa vivência em comum – quiçá o sabemos por experiência – multiplica a alegria e divide a aflição. Quer isto dizer que todo aquele que, voluntariamente, se coloca de fora da comunidade – da família – não apenas se subtrai às vantagens da companhia dos irmãos, como, sobretudo, perde a força da presença de JESUS, que estará sempre “onde dois ou mais estiverem reunidos” em amizade. Para esse tal, as consequências não serão boas, infelizmente… “Tomé, um dos Doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus”… (Jo 20). E mesmo que, no outro dia, os colegas lhe contem o que aconteceu, já não será a mesma coisa! É que a birra da falta de fé de Tomé não se deve tanto à sua obstinação pessoal quanto à sua privação da força comunitária. Porque, como diz o texto, Tomé «não estava com eles». Aprendamos todos esta primeira lição!
Mas o mais lamentável na situação de Tomé (como na de qualquer um no seu caso) é que, por essa carência de força interior (“graça”) que transmite a comunidade, faltou-lhe a força-vigor para, nessa oportunidade, dar a todos uma lição de fé verdadeira, pois ele poderia ter mostrado que “acreditava sem ter visto”, coisa que não fez. Ainda bem que o fizeram muitos outros irmãos, já nas “primeiras comunidades cristãs”, conforme descreve Pedro na sua primeira carta: “Sem O terdes visto, vós acreditais em Jesus Cristo; sem O ver ainda, vós O amais”… (1 Pe 1 / 2ª L.).
Mas é principalmente na primeira leitura de hoje, onde a Palavra espelha e reflete a situação dos primeiros grupos cristãos na sua vivência «comunitária». O próprio Tomé, que imediatamente aprendeu a lição da vida comunitária (pois nos dias seguintes encontramo-lo já no Grupo /“…e estava Tomé com eles”) este mesmo Tomé, como é fácil imaginar, formava parte daquelas primeiras comunidades cristãs que descrevem os Atos dos Apóstolos. “Os irmãos eram assíduos ao ensino dos Apóstolos, à comunhão fraterna, à fração do pão e às orações”… (At 2 / 1ª L.). Não se pode dizer mais e melhor com menos palavras. E nós – aqui e agora – temos muito que aprender nas nossas comunidades e famílias cristãs (que, se calhar, ainda não são “verdadeiramente cristãs”!). Se prestamos atenção aos termos do texto dos Atos, saltam à vista algumas palavras-chave. Logo a primeira, “Os irmãos”, mostra a essência de tudo: irmãos no Filho Jesus, porque todos filhos do mesmo Pai Deus; é este o sentido profundo da fraternidade comunitária. A seguir, “eram assíduos” reflete a dimensão de fidelidade, tão imprescindível para tudo, e que, na nossa sociedade de hoje, infelizmente “brilha tanto pela sua ausência”. Depois, “comunhão fraterna” reforça a comum-união de todos, como irmãos, em volta de Cristo, o Irmão mais velho, que se entregou, na fragmentação e re-partição do Seu Corpo, em Alimento de Vida (“na fração do pão…”). E mais: “Todos os que haviam abraçado a fé viviam unidos e tinham tudo em comum”…(At 2). Alguém poderia pensar que com isto já está tudo dito acerca do que deve ser uma autêntica e verdadeira comunidade cristã. Mas esta seria apenas – embora essencial! – a sua dimensão «ad intra», para o interior. Faltaria ainda a sua projeção externa («ad extra»), condição sem a qual, a comunidade também não tem sentido.
Vemos então, até que ponto a VIDA do Jesus Ressuscitado («Ele Vive, tu Vives, eu Vivo» – lembram-se? – ) essa Vida, conquanto invisível, foi, é e será sempre, capaz de transformar a vida das pessoas e das comunidades, por dentro e por fora, como esses círculos concêntricos (produzidos num lago em calma quando, por exemplo, um peixinho pula e salta para o exterior da superfície), círculos esses que se alargam progressivamente até ao fim… dos tempos. E, se toda a vida natural, por definição, é para se reproduzir, ainda mais o será a VIDA sobrenatural! “E partiam (partilhavam) o pão em suas casas; tomavam o alimento com alegria e simplicidade de coração, louvando a Deus e gozando da simpatia de todo o povo. E o Senhor aumentava todos os dias o número dos que deviam salvar-se”. (At 2 / 1ª L.). Está, portanto, garantida a regeneração e multiplicação dessa VIDA. Pois… CRISTO continua VIVO!!! Aleluia!
Diga a “Igreja dos ressuscitados”:
é eterna a sua misericórdia!
Diga a grande Família do Pai Deus:
é eterna a sua misericórdia!
Digam os inumeráveis irmãos do Jesus Vivo,
todos os filhos do Senhor:
é eterna a sua misericórdia!…
Ainda que me envolvam os perigos
e os malvados me empurrem para cair,
eu sinto-me forte ao abrigo e proteção
do lar seguro da nossa comunidade!
Gritos de júbilo e de vitória,
nas tendas e comunidades dos fiéis:
a mão do Senhor fez maravilhas!
Nós sabemos que a pedra rejeitada
era Cristo Jesus Ressuscitado e Vivo,
e como tal, veio a ser a pedra angular
de todo o Edifício Comunitário…
E sabemos que tudo isto veio do Senhor,
e que é admirável aos nossos olhos.
Exultemos e cantemos de alegria!
[ do Salmo Responsorial / 117 (118)