22bb- «Cada qual os ouvia falar na sua própria língua...

– A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico –

 ( Ciclo B – Domingo do PENTECOSTES)

 

“…E começaram a falar outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que se exprimissem… A multidão reuniu-se e ficou muito admirada, pois cada qual os ouvia falar na sua própria língua… Partos, medos, elamitas, habitantes da Mesopotâmia, da Judeia e da Capadócia, do Ponto e da Ásia, da Frígia… Tanto judeus como prosélitos, cretenses e árabes, ouvimo-los proclamar nas nossas línguas as maravilhas de Deus»”. (At 2,4.6.9-12 / 1ª L).

 

É comum, ouvirmos afirmar que o «episódio bíblico da ‘torre de Babel’» (relato lendário) seria como que a antítese desta Vinda ou Infusão do Espírito Santo – no dia do “Pentecostes” – sobre todos aqueles discípulos de Jesus, reunidos em volta de Maria, a Mãe, no ‘cenáculo’. Relato (este sim, real e maravilhoso!) narrado nos Atos dos Apóstolos. Todavia, as coisas podem não ser assim tão simples. Para já, toda a gente sabe que, na evolução da história humana, a aparição das diversas línguas, idiomas e dialetos no mundo aconteceu por causas bem diferentes daquela que nos é apresentada na ‘mítica narrativa’ (do Gn 11)

 

A – É compreensível que as palavras e conceitos que utilizamos na linguagem possam ter distintas interpretações… Por exemplo, como é que se pode entender aquilo de “começaram a falar outras línguas”? Será que, distribuídos em grupos, cada um falava para os de uma língua concreta?…

B – Claro que isto não seria possível. Mas se repararmos bem no relato dos Atos, há uma maior insistência nestoutra frase “cada qual os ouvia falar na sua própria língua”! O que é bem diferente!

A – Quer dizer, parece mais lógico e natural – e também sobrenatural! – que, falando eles todos a mesma língua (pois “eram todos galileus”, diz o texto), aquela multidão multilíngue os ‘entendesse’, cada qual, na sua própria língua. Na verdade, esta realidade parece ainda mais maravilhosa!

B – Sim. Porque Deus – o Espírito Santo – faz sempre as coisas direitas, perfeitas, insuperáveis…! Parece como que o grande milagre do Pentecostes não estava tanto nos “emissores” («falando») quanto nos “recetores” («escutando»), embora a “ação divina” alcançaria a ‘uns’ e a ‘outros’…

A – Vistas as coisas desde esta perspetiva, compreende-se melhor – ao lembrar a «confusão das línguas em Babel» – que «a ação divina do ‘Espírito Santo’» é exatamente criar harmonia e unidade ali onde impera a divisão e confusão, que são exatamente os domínios do «espírito Maligno»…

B – É verdade, porém, que este modo de agir espetacularmente não é o estilo habitual do Espírito Santo (que passa ‘despercebido’, não é?). Mas… quando é oportuno, ninguém supera o Espírito!

A – Estamos certos e convictos de que chegará o tempo – o Dia! – em que Todos havemos de nos entender – em Amor e harmonia! – na Cidade Futura, superada já toda a “Babel e Babilónia”!

 

A-B: Ó Divino Espírito, hoje não queremos que passes ‘despercebido’ entre nós.

Desta vez, queremos que nos fales com a Tua linguagem profunda e multiforme:

Ainda que nós continuemos a ‘balbuciar’ as nossas confusas e torpes palavras,

Tu, «Espírito de Amor ardente, vem acender, na nossa terra, a Tua luz fulgente».

E porque sabemos que és «descanso na luta, brisa no calor, conforto no pranto»

– envoltos sempre nesse Teu “Amor ardente” – com urgência Te pedimos:

«Anima os tristes, guia os errantes; lava o que está sujo, rega as securas;

concede às almas os Teus Sete Dons; virtude na vida,

amparo na morte, no Céu Alegria». [da «Sequência»].

// PARA uma outra REFLEXÃO ALARGADA: http://palavradeamorpalavra.sallep.net