57bb- «Todos os olhos O verão, mesmo aqueles que O trespassaram...

– A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico –

(Ciclo B – Domingo 34 do T. Comum)

“Jesus Cristo é a Testemunha fiel, o Primogénito dos mortos, o Príncipe dos reis da terra… Ei-l’O que vem entre as nuvens, e todos os olhos O verão, mesmo aqueles que O trespassaram; e por sua causa hão de lamentar-se todas as tribos da terra. Sim. Ámen. «Eu sou o Alfa e o Ómega», diz o Senhor Deus, «Aquele que é, que era e que há de vir, o Senhor do Universo»”. (Ap 1,5.7-8 / 2ªL).

 

O texto, pertencente ao início do Livro do Apocalipse (ou ‘Revelação’), apresenta-se-nos – como é próprio do seu estilo – com palavras e expressões típicas da “literatura apocalíptica”; isto é, com imagens misteriosas ou atrevidas e com termos enigmáticos, por vezes, difíceis de decifrar ou interpretar. É o caso da frase “todos os olhos O verão, mesmo aqueles que O trespassaram”. Lembremos que João, o autor deste Apocalipse, é o mesmo que escreveu o quarto Evangelho. E aí, ao falar da crucifixão e morte de Jesus, interpreta o episódio de “o peito d’Ele ter sido perfurado pela lança”, como sendo o cumprimento de um vaticínio do profeta Zacarias que escreveu: “contemplarão aquele a quem trespassaram” (Zc 12,10). E esta profecia aparece precisamente na parte em que está a falar da «libertação e renovação de Jerusalém» entre episódios de vitória sobre os inimigos e de lamentações e grande pranto dos que hão de salvar-se… justamente “por causa daquele a quem trespassaram”!

 

A – É evidente que, à luz destes esclarecimentos, é mais fácil refletir acerca deste texto apocalíptico e aplicá-lo a Cristo Jesus, como Rei do Universo, com a melhor interpretação

B – Num mundo – o do tempo de Jesus, o anterior e o posterior – tal como o atual que nos calhou viver e onde é voz comum que ‘uma pessoa não pode confiar na palavra dada’… aí, descobrir e conhecer alguém, capaz de dar a vida para defender ‘essa palavra’, é insólito!

A – Mas isso já aconteceu – historicamente – na pessoa de Jesus de Nazaré. E não admira que um espetador privilegiado – que se diz, a si mesmo, “o servo João” – se esforce por “divulgá-lo” entre todos, a partir do momento em que recebe a tal “Revelação” (Ap 1,1-2).

B – Por isso, a tripla afirmação que se faz acerca de Cristo tem uma sequência perfeita. Vejam: Pelo facto de ser “Testemunha fiel” da Palavra à há de aceitar a morte, “Primogénito dos mortos” à e, consequentemente, conquistará o “Principado dos reis da terra”

A – Aliás, neste texto, o que se destaca e salienta é o núcleo central de tudo, que é, paradoxalmente, a Sua entrega voluntária até à morte: “Verão Aquele que trespassaram”.

B – Assim, chega a conclusão final: Aquele que é «o Alfa e o Ómega» – princípio e fim – de tudo o que ‘é caduco’… é também «Aquele que é, que era e que há de vir, o Senhor do Universo», isto é, o Rei e Senhor de tudo o que ‘não tem fim’!

 

A/B: Porque será, Senhor, que desde antigo Te proclamam «Rei, num trono de luz»?

Com certeza é preciso louvar-Te como “Rei revestido de majestade e de poder”

pois isso não foi conseguido pela força ou domínio, como os reis deste mundo.

Antes, foi alcançado pelo caminho do serviço, da humildade, da entrega total

Porque só assim se consegue criar e “firmar o Universo para que não vacile”,

e só através desses meios «frágeis e débeis», Senhor, Tu consegues este fim:

“que os Teus testemunhos sejam dignos de fé e a Tua Santidade, eterna”.(Sl 92/93)

 

// PARA uma outra REFLEXÃO ALARGADA: http://palavradeamorpalavra.sallep.net