(Ciclo C – Domingo 19 do Tempo Comum)

 

“Irmãos: A fé é a garantia dos bens que se esperam e a certeza das realidades que não se veem. Ela valeu aos antigos um bom testemunho. Pela fé, Abraão obedeceu ao chamamento e partiu para uma terra que viria a receber como herança; e partiu sem saber para onde ia… Pela fé, Sara… Pela fé…” (Hb 11,1ss. / 2ª L.).

                                                                                            

«Questão de fé», conclui-se com frequência a nível do espiritual, do transcendente, do metafísico… Para já não falar da “fé humana” ou “confiança mútua” que – embora muitos não queiram reconhecê-lo – utilizamos y vivenciamos, no nosso dia a dia, muito mais do que pensamos. É bem verdade, porém, que, nesta ilimitada liberdade que os humanos gozamos e defendemos, há muitos filhos da espécie humana que – infelizmente, lamentavelmente – não vão mais além do que os “sentidos corporais” podem ver-olhar, tocar-palpar, gostar-saborear, olfatar-cheirar, ouvir-escutar… Se acrescentamos a isto os outros campos de fama, poder, cultura, paixão… tudo a um nível que nunca vai além do ‘especificamente humano’… poderão, sim, sentirem-se satisfeitos, mas, realmente, se bem o pensarem, sinceramente, verificarão que vivem inconscientemente situados num patamar meramente animal ou pouco mais (!?). Todavia, a nós ninguém nos pode proibir ou impedir apostarmos e vivermos «nessa outra dimensão». [Texto da Carta aos Hebreus (autor anónimo)].

 

A – Neste campo da fé, acontece um fenómeno curioso que não deixa de ser ‘chocante’. A atitude daqueles que, negando toda e qualquer sobrenatural pelo facto de se não ver, tocar, etc., vivem continuamente umas relações humanas impregnadas de “fés” intra-humanas de todas as cores…

B – É verdade. Trata-se de imensas ‘coisas’ que também não se veem, nem se podem medir, contar ou pesar (digamos: simpatia, amizade, paixão, amor…) mas acredita-se nelas naturalmente!

A – Francamente, não deixa de ser uma contradição e, desde logo, uma incoerência: Aceitam-se geralmente umas realidades – tão invisíveis e intangíveis como as outras – e estas não! Porquê?!

B – Constata-se, porém, em toda a história da humanidade nas suas ‘diversas religiões’, que são inumeráveis e ‘permanentes’ os testemunhos dessa ‘fé transcendente’ e vital. O autor do nosso texto começa por afirmá-lo radicalmente: “Foi a fé que valeu aos antigos um bom testemunho”…

A – E esta fé sobrenatural (“garantia dos bens que se esperam e certeza das realidades que não se veem”) foi mesmo “vital”, já que determinou por inteiro o percurso da vida toda dessas pessoas…

B – Os nossos “pais na fé” – desde os antepassados mais antigos ‘registados’ – não tiveram outro motivo para as suas decisões vitais do que aquela confiante, “fé a toda a prova”…

A – A começar por Abraão – primeiro “pai” de que se tem registo –: “Pela fé, Abraão obedeceu ao apelo divino e partiu para uma terra que receberia em herança; e partiu sem saber para onde ia”.

B – E vai especificando a seguir: “Pela fé, Abel ofereceu… Pela fé, Henoc foi arrebatado… Pela fé, Noé… Pela fé, Isaac e Jacob… Pela fé, também Sara…  E foi nessa fé que todos morreram…

A – E cá estamos nós, como prova da realidade e eficácia daquela fé… Se foi “por essa fé que os antigos foram provados” (v.3) e saíram vitoriosos, nós, os ‘fiéis’ de hoje, não podemos ser menos!

                         

A-B: É verdade, Deus e Pai nosso, que “o justo – o homem fiel – viverá pela fé” (Gl 11).

Tenhamos nós a certeza de que, como Abraão e os inumeráveis justos e fiéis de sempre,

segundo a Tua Vontade, “sairemos e partiremos sem sabermos para onde vamos”.

“Acreditamos, apenas e só, na fidelidade de Quem promete”, que és Tu, ó Pai.

Assim, “pela mesma fé, Cristo Jesus teu Filho, habitará em nossos corações” (Ef 3,17).

 

// PARA uma outra REFLEXÃO ALARGADA: http://palavradeamorpalavra.sallep.net