– A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico –

(Ciclo A – Domingo 4 da Quaresma)

  

“Perguntaram-lhe então: «Que te fez Ele? Como te abriu os olhos?». O homem replicou: «Já vos disse e não destes ouvidos. Porque desejais ouvi-lo novamente? Também quereis fazer-vos seus discípulos?» … «Isto é realmente estranho: não sabeis de onde Ele é, mas a verdade é que Ele me deu a vista» … Replicaram-lhe então eles: «Tu nasceste inteiramente em pecado e pretendes ensinar-nos?». E expulsaram-no”. (Jo 9, 26-27.30.34 / 3ª L.).

 

Desta vez vai ser um outro diálogo, um diálogo entre a luz e as trevas (como o anterior (!?) tinha-o sido entre a “água viva” e as “águas mortas”) – lembram-se? –. Não há dúvida que este acidentado diálogo, elaborado pelo teólogo João a partir da cura daquele cego de nascença, tem muita riqueza, e não apenas estilística!… Trata-se de um homem, que tinha recuperado ‘a luz para os seus olhos’, e de uns “cegos”, os fariseus, que teimavam em “negar a luz”, e assim, nunca poderiam “ver”!…

 

A – Os próprios discípulos de Jesus começam por manifestar a cegueira de espírito, devido a uma tradição deturpada: “Quem é que pecou para ele nascer cego? Ele ou os seus pais?”

B – Embora estes discípulos de Jesus acabariam por curar essa “cegueira”, e ganhar uma luz nova, graças à paciência de Jesus, através da sua palavra e dos seus gestos e atitudes… (À semelhança do que tinha acontecido com aquela mulher da Samaria)… É questão de amor à Verdade!

A – Coisa que não tinham aqueles fariseus, ainda que fossem alertados por alguns dos colegas: “Como pode um pecador fazer tais milagres? E havia desacordo entre eles”. Mas, nem por isso!

B – E como não podiam negar a evidência de que ele estava a ver, começaram a duvidar da sua cegueira anterior (“não queriam acreditar que ele tivesse sido cego e começara a ver”)…

A – Eram capazes de tudo, até de aceitar que a cura veio de Deus, mas não de Jesus. “E diziam ao homem: «Dá glória a Deus. Nós sabemos que esse homem (Jesus) é pecador” (!?)…

B – Apesar de, aquele “homem, já luminoso”, insistir com eles: “«Isto é realmente de espantar: vós não sabeis de onde Ele é, mas a verdade é que Ele me deu a vista!…»”.

A – Mas o cúmulo é (como, aliás, Jesus já o tinha afirmado algures): “Nem eles entram no Reino nem deixam que outros entrem”… Pois “já esses judeus tinham decidido expulsar da sinagoga quem reconhecesse que Jesus era o Messias”. E acabam por “expulsar” aquele que já vê (!).

B – Já o diz o ditado: «O pior cego é quem não quer ver». E é terrível o respeito que Deus tem pela liberdade humana, como Jesus reconhece e admite, na conclusão desta história! “«Se fôsseis cegos, não teríeis pecado. Mas como agora dizeis: ‘Nós vemos’, o vosso pecado permanece»”.

 

A/BNunca permitas, Jesus, que cheguemos a negar a luz nas nossas atitudes.

Isso seria o pior, pois não teria cura, já que, negar a Verdade, é “pecar contra o Espírito”.

Seria como se, voluntariamente, eliminássemos os olhos, ou os fechássemos à luz.

Antes, infunde em nós esse Teu Espírito, que desfaça nossas trevas com a Sua Luz.

E que tenhamos a coragem de “defendermos essa Luz”, contra tudo e contra todos!

 

// PARA uma outra REFLEXÃO ALARGADA:

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