– A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico –
(Ciclo A – Domingo 2 de Páscoa / da «Divina Misericórdia»)

“Jesus disse-lhes de novo: «A paz esteja convosco. Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós». Dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes ser-lhes-ão retidos»”. (Jo 20 / 3ª L.)

É a primeira recomendação que – logo na primeira aparição ‘ao grupo’ – faz Jesus, Ressuscitado, aos discípulos, reunidos naquela casa de portas fechadas com medo dos judeus… Após lhes “transmitir a paz”, como dom de primeira necessidade, envia-os tal como Ele mesmo foi enviado pelo Pai… E dado que todo o “envio” é para uma “missão” (como indica a própria raiz da palavra) aqui é apresentada com a maior relevância, já que, para tal, é necessária «a infusão do Espírito Santo»: “Aqueles a quem perdoardes… serão perdoados”. Ou seja, a missão é «Dar o Perdão»…

A – É interessante! Porque seria normal pensar que podem existir outras missões mais importantes e urgentes para ocuparem o primeiro lugar… Seria essa a missão primeira que o Pai confiou a Jesus?
B – Mas se refletirmos bem, descobrimos, na verdade, que o primeiro passo para estabelecer o «Reino de Deus» não pode ser outro: Oferecer o Perdão sem condições, e sentir-nos perdoados!
A – Bem sabia Jesus que o Pai-Deus (“assim como o Pai me enviou”) tinha necessidade de perdoar a todos os humanos (!), e essa foi a Sua primeira missão, para que foi enviado a este mundo…
B – Sabemos, porém, que a interpretação inicial que se deu a essas palavras de Jesus, desde os primeiros tempos da Igreja, foi referida aos ministros do Sacramento da Penitência (“Confissão”)… Mas a interpretação mais profunda deve atingir a todos e cada um: «Perdoar e ser perdoado!».
A – Ou seja, quer isto dizer que, se interpretarmos neste sentido as palavras de Jesus, o perdão – ou a falta dele – começa em nós e vai para os outros… para sentirmo-nos – ou não – perdoados!
B – De tal modo que (como devemos saber) ninguém pode pretender ser perdoado, por um ministro da Confissão, se não estiver na disposição de perdoar a quem precisa do nosso perdão…
A – Deste feito, será que o perdão que Deus já deu a quem nos ofendeu não será ‘efetivo’ se nós não o quisermos perdoar? Ou como é que se poderiam interpretar estas palavras de Jesus?…
B – O perdão de Deus é sempre prévio e total para a pessoa que nos ofendeu (desde que esta se tenha aberto ao perdão d’Ele) mas… também sabemos que, se nós não quisermos perdoá-la, esse Perdão de Deus não vai acontecer em nós e por nós!… Nós é que fechamos o canal do Perdão…
A – Então, é isto que fica mais claro: Para sentirmo-nos perdoados não podemos deixar de perdoar!

A/B: No dia da «Divina Misericórdia», e todos os dias, bendito sejas, Pai-Deus,
“porque, nessa Tua grande Misericórdia, fizeste-nos renascer (das ‘nossas mortes’),
pela Ressurreição e Vida do Teu Filho, para uma esperança viva”…(1Pe 1).
Precisamos, ó Pai, da Tua Luz e Força para aprendermos a «ciência do Perdão»,
que nasce da Tua Misericórdia: Para sabermos Perdoar e sentir-nos perdoados…

// PARA uma outra REFLEXÃO ALARGADA: http://palavradeamorpalavra.sallep.net