– A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico –
[Ciclo A – Domingo do PENTECOSTES (8-Páscoa)]

“Subitamente, fez-se ouvir, vindo do Céu, um rumor semelhante a forte rajada de vento, que encheu toda a casa onde se encontravam. Viram então aparecer uma espécie de línguas de fogo, que se iam dividindo, e poisou uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo”… (At 2,6-8 / 1ª L.).

Esta foi uma “invasão” inesperada – e “violenta”? – sobre todas aquelas pessoas, naquela casa reunidas em Oração, entre as quais, Maria, a Mãe de Jesus, que começava assim a exercer a sua missão de Mãe (transmitida pela Palavra de Jesus desde a Cruz) sobre toda a Igreja nascente… Fala-se de um ‘evento súbito’ com múltiplos sinais e efeitos, bem patentes até para os que estavam “de fora”… E essa “espécie de línguas” não terá uma outra significação?

A – É verdade que Jesus já lhes tinha falado várias vezes do Espírito Santo, e de que seria “um fogo” (“Vós sereis batizados na água e no fogo do Espírito Santo”/At 1,5). A promessa estava feita!
B – Sabemos já que Deus age de modo desconcertante! Assim, o Espírito Santo, enquanto Deus, atua do mesmo modo. Então, agora se cumpre de maneira espetacular aquela promessa de Jesus.
A – Isso, para além de acontecer de maneira repentina: “Subitamente… fez-se ouvir… um rumor semelhante a forte rajada de vento… e apareceram como que línguas de fogo”… Tudo grandioso!
B – Mas são essas “pequenas labaredas” de forma especial, esse pormenor das “línguas de fogo”, que tentamos refletir, pois parece ter um significado mais profundo do que inicialmente se afigura…
A – Se repararmos bem no texto, o fogo surge, de início, como “um todo” que, sucessivamente, “se vai dividindo”, até chegar a todos os presentes, “poisando uma língua sobre cada um deles”…
B – É que o “ter forma de língua” não é gratuito, uma vez que aquelas pessoas deviam começar por falar: uma Palavra “transcendente”, com uma ‘linguagem especial’… e em muitos ‘idiomas diversos’.
A – Até pode, à primeira vista, surgir-nos uma questão: será que este “fogo divino” do Espírito veio para “dividir”, separar, afastar, criar caos…? Vem-nos à mente ‘a confusão das línguas em Babel’.
B – Porém, se observarmos bem, agora neste «Pentecostes» acontece exatamente o contrário. Lá (no episódio bíblico de Babel) de uma única língua surgem muitas… Tanto que já não conseguem entender-se… Ali, foi a tal “divisão das línguas”. Aqui, vai ser “a harmonia de todas as línguas”!
A – Então, agora, estes discípulos, transformados pelo fogo do Espírito – em jeito de línguas – são capazes de – falando a sua própria língua – fazer com que ‘todas as diversas línguas entendam a mesma Palavra’!
B – Era necessária – desde a divisão das línguas em Babel – a vinda súbita do Criador da Unidade, que nos reconduzisse, pelo Caminho de Jesus, até à “harmonia das línguas” na Palavra do Amor!

A/B: Ó Espírito Divino, que, desde o Batismo, Te sentimos como fogo purificador!
«Luz de santidade, que ardes no Céu, abrasa as almas dos fiéis Teus»…
Envia-nos o sopro do Teu Fogo que purifica o mais fundo do nosso ser
(por vezes dividido e fragmentado pela confusão do pensamento e da palavra):
que aprendamos a falar a “língua do Amor”, essa que gera a verdadeira Unidade;
que acabe de vez, entre nós, a confusão das línguas e a divisão da palavra humana!…

// PARA uma outra REFLEXÃO ALARGADA: http://palavradeamorpalavra.sallep.net