– A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico –

(Ciclo B – IMACULADA CONCEIÇÃO)

 

“O nome da Virgem era Maria. Tendo entrado onde ela estava, disse o Anjo: «Ave, cheia de graça, o Senhor está contigo»… «Não temas, Maria, porque encontraste graça diante de Deus»… «O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo te cobrirá com a Sua sombra»…”. (Lc 1, 28.30.35 / 3ª L.).

 

A palavra «graça» é muito rica em significados, todos eles interessantes, para o nosso objetivo. E todos contendo a raiz grega «kharis» (“agradar”, “favorecer”); ou seja, algo gratuito, imerecidooferecidodom. Eis então, alguns significados importantes de “Graça” Dom de Deus que contém todos os bens.  Dom universal que nos torna filhos de Deus. – Dom que nos “justifica”, isto é, nos santifica (daí “graça santificante”).  Dons circunstanciais, atribuídos ao Espírito Santo (“graças atuais”) para nos auxiliar;  Dons carismáticos ou «carismas», concedidos pelo mesmo Espírito Santo, para serviço do “bem comum” (precisamente “carisma” deriva diretamente daquela raiz “kharis”)… E, por não falar também de expressões como: “estado de graça” e “graça de estado”; ou então, “cair em graça”“causar graça”“achar graça”, etc.

 

A – Não é fácil imaginar tanta riqueza de conteúdo numa só palavra, com tão variadas aceções!… Quer isto dizer que bastaria considerar toda esta enchente de “dons” na Virgem Maria – Imaculada já na sua Conceição – para termos a melhor interpretação da expressão «Ó cheia de Graça»?

B – Possivelmente! Mas, entre todos eles, há um “dom”, uma “graça” que contém todos os outros e que os supera infinitamente. Porque já nem é “dom de Deus”, uma vez que é «o mesmo Deus»!

A – Ou seja que, se contém todos os “dons”, então, essa mulher-Maria, desde a origem da sua existência: é filha de Deus; está santificada (“justificada”); tem todos os carismas e graças atuais

B – Exatamente, já que isso significa a segunda parte da “sudação do Anjo”, «o Senhor está contigo». Dito de outro modo: O mesmo Deus veio encher aquele vazio infinito (“profundo esvaziamento”) que achou n’Ela; e enchê-lo com “algo” – melhor, «alguém» – que teria de ser infinito: Ele mesmo, o próprio DEUS!

A – Claro, só assim se podem entender expressões como: “virgem-Mãe”, “cheia de graça”, “o Senhor está contigo”, “encontraste graça diante de Deus”, “o Espírito Santo virá sobre ti”, etc.

B – Mas não é tudo. Pois só assim podemos aceitar e assumir (ainda que sem “compreender”) aqueles grandes “mistérios” referentes a Maria: «predestinação», “conceição imaculada», «maternidade divina» (o tal “theotokos”), «mãe e rainha universal», e qualquer outro …

A – Quer dizer que, por exemplo, já não se pode pensar em “serem exageradas” (ainda que possam parecê-lo) certas ‘Orações’ – de tradição e fé cristã! – que o Povo de Deus dirige a Nossa Senhora!

 

A/B: «Ave – mulher-Maria – cheia de graça», cheia do Deus Eterno e Omnipotente:

«o Senhor está contigo» porque sempre quiseste “ser a Sua serva e escrava”.

Assim, nunca deixarás de ser «bendita entre as mulheres» por todas as gerações.

E, para essas gerações, «será sempre bendito Jesus», o Salvador Universal,

fruto da tua maternidade virginal, pela “força fecunda do Espírito Santo”.

«Santa Maria, Mãe de Deus» – para isto “predestinada” desde a eternidade –

«sempre hás de rogar por nós, pecadores», pois foi Ele que te fez também nossa Mãe.

  

 

// PARA uma outra REFLEXÃO ALARGADA: http://palavradeamorpalavra.sallep.net