– A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico –

(Ciclo C – Domingo 21 do Tempo Comum)  

  

“Naquele tempo, alguém perguntou a Jesus: «Senhor, são poucos os que se salvam?». Ele respondeu: «Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, porque Eu vos digo que muitos tentarão entrar sem o conseguir … Hão de vir do Oriente e do Ocidente, do Norte e do Sul, e sentar-se-ão à mesa no reino de Deus. E há últimos que serão dos primeiros, e primeiros que serão dos últimos». (Lc 13,23-24.29-30 / 3ªL)

 

O Evangelista Lucas escreve este texto após ter redigido duas breves parábolas acerca do Reino de Deus. Cada uma delas (Lc 13,18-19 e 20-21) ‘introduzida’ com estas expressões: “A que é semelhante o Reino de Deus?” (ao ‘grão de mostarda’) e “A que posso comparar o Reino de Deus?” (ao ´fermento na massa de farinha’). Estas duas parábolas – tal como uma outra anterior (a da ‘figueira estéril’ que ‘não quer’ dar fruto / Lc 13, 6-9 ) – apontam e animam à “Paciência”, a virtude de quem sabe esperar e nunca desanima. Além disso, quer a da ‘mostarda’ quer a do ‘fermento’, ressaltam o facto de que essa paciência (~Esperança) deverá estar alicerçada na Fé, já que aquilo que ‘se vê’ (coisas ‘tão pequeninas’) não parece que possam originar algo tão grande (‘O Reino’!)

 

A – Parece evidente que a pergunta daquela pessoa a Jesus vem na sequência do que Ele tinha falado anteriormente: reconciliar-se com o adversário antes de chegar ao tribunal (Lc 12,58…); ou o caso dos galileus mortos por Pilatos e dos dezoito homens vítimas da queda da torre (Lc 13,1-5).

B – Havia uma conclusão clara: que a salvação das pessoas, além de difícil, parecia incerta. Até o próprio Jesus apontava-o: “Eu digo-vos: se não vos converterdes, perecereis todos igualmente”

A – Sendo assim, a pessoa pensou, e perguntou: “Senhor, serão poucos os que vão salvar-se?”…  A nós – sinceramente – não é verdade que nos assaltam certas dúvidas acerca da nossa salvação?

B – E a maioria das vezes, a gente que fazia esse tipo de perguntas a Jesus, esperava uma resposta direta e concisa (‘sim’ ou ‘não’). Jesus, porém, fugia sempre a esse ‘tipo de respostas’…

A – Basta folhearmos os Evangelhos para verificarmos que Jesus responde de outras maneiras… Além de que não seria o correto; Ele não gosta de ‘dar as coisas feitas ou fechadas em si mesmas’.

B – É como se dissesse a cada um de nós (no caso presente): «Queres que sejam muitos os que se salvam? Então, “esforça-te para entrares pela porta estreita!”». A resposta está nas nossas mãos!

A – Aquilo de dar ‘respostas feitas’ equivaleria a apresentar a questão como já resolvida ou como muito fácil, de tal modo que o nosso trabalho e esforço pessoal seriam… inúteis. ‘Para quê’!?

B – E a prova de que ‘a coisa está difícil’ (pelo que será preciso o esforço e a luta constantes) é o facto de haver resultados falhados: “Pois Eu digo-vos que muitos tentarão entrar sem o conseguir”!

                          

A-B: Como somos pobres, Jesus, fracos de espírito e cobardes diante da dificuldade!

Numa outra altura, falavas – também para nós – do ‘camelo’ e do ‘fundo da agulha’;

de como é assim tão difícil entrar “no Reino” aos que estão enredados ‘nas riquezas’!

E tiveste de lembrar, aos discípulos assustados, que “para Deus tudo é possível”!

Agora, calha-nos a nós ‘confiar neste poder infinito de Deus’, e escutar a Tua Palavra

que nos urge, em primeiro lugar, “à conversão e à penitência para não perecermos”;

e para, depois, nos “esforçarmos até ao impossível para entrar pela porta estreita”

que – é bem verdade! – ‘tem também forma de cruz’(?) para Ti, e para nós!  

  

 

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