
(Ciclo C – Domingo 17 do Tempo Comum)
SÓ É VENCIDO QUEM «DESISTE»!
Havia uma mulher viúva (naquela altura, as viúvas eram as pessoas “mais desamparadas”, hoje nem tanto!) que tinha um devedor “dos tais que se resistem” a pagar… Aquela viúva teve que acudir ao senhor juiz, quem, igualmente, era daqueles que não se importam com as pessoas simples e pobres… Mas a mulher viúva, na sua total pobreza e necessidade, uma e outra vez ia ter com o juiz pedindo justiça, sem nunca desistir… Até que o juiz – só para se libertar daquela “chatice”! – acabou por lhe atender e repor a justiça no seu lugar… Mas ficou claro que não foi pela lealdade do juiz senão pela “perseverança e teimosia” daquela pobre mulher… Bom, quem isto lê terá identificado esta história com uma das parábolas de Jesus. Exatamente. (Ver: Lc 18).
Mas temos – já no tempo dos patriarcas do AT – um exemplo de “teimosia” para um pedido de intercessão a favor de outrem. Aliás, os protagonistas são os mesmos que contemplávamos na Palavra do domingo passado. A destruição daquelas cidades de Sodoma e Gomorra, famosas pelas suas “maldades de toda a ordem” (e cuja “ruina total”, produto de uma catástrofe natural, foi interpretada pelos “autores bíblicos” como um “justo castigo de Javé”) foi motivo de um diálogo assombroso entre Abraão e Deus. Quando o Senhor faz saber a Abraão que as tais cidades vão ser aniquiladas, incluídos todos os seus habitantes, Abraão começa por inquirir ao Senhor: “«Irás destruir o justo com o pecador? Talvez haja cinquenta justos na cidade. Hás de matá-los a todos? Não perdoarás a essa cidade, por causa dos cinquenta justos que nela residem?”…(Gn 18 / 1ª L.). E assim continua aquele “curioso e amigável regateio”, em progressão descendente, até chegar a um ponto em que Abraão fica já “sem argumentos”… e aceita o inevitável!… Mas, atenção, o desfecho daquela “persistente teimosia” tem os seus frutos: os parentes de Abraão, isto é, a família de Lot, escaparão com vida saindo a tempo da sua cidade. (ver: Gn 19).
E é de admirar, não apenas a “perseverança na oração” de Abraão, mas igualmente a sua singela humildade (“Atrevo-me a falar ao meu Senhor, eu que não passo de pó e cinza”) bem como a sua atitude delicada (“Se o meu Senhor não levar a mal, falarei mais uma vez”). Temos, pois, nesta interessante história, um modelo para todos nós, de como podemos dialogar com o Senhor, quando oramos e suplicamos por qualquer necessidade ou aflição (dos outros ou nossa)!
Sempre que Jesus fala na oração, insiste sobretudo na fé e na confiança, mas também na perseverança, na constância, para nunca desanimar e desistir… Ele vem confirmar a conduta de Abrão, ao repetir uma e outra vez – e não apenas na parábola da “viúva e o juiz” que lembrávamos na introdução – mas agora, no Evangelho de hoje, por várias formas e maneiras… Efetivamente, vemo-l’O a falar aos seus discípulos, precisamente, ao terminar “a Sua oração em certo lugar”. Logo de lhes ensinar, antes de mais, a “forma modelo” de oração (o «Pai-nosso») para tratar a Deus por Tu, como “Abbá”, PAI, vai-lhes repetindo, primeiro, através de uma parábola (semelhante à da viúva e o juiz) a do amigo que pede três pães a um amigo: “…Eu vos digo: Se ele não se levantar por ser amigo, ao menos, por causa da sua insistência, levantar-se-á para lhe dar tudo aquilo de que precisa”. E continua: “Também vos digo: Pedi e dar-se-vos-á; procurai e encontrareis; batei à porta e abrir-se-vos-á”. Para concluir – após colocar algumas “comparações” –: “…Se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo àqueles que Lho pedem!»”. (Lc 11 / 3ª L.). Não esqueçamos, então, que nas “batalhas de Deus”, ou lutas do espírito, «só é vencido quem desiste»!
E porque, muitas vezes, podemos cair na tentação de nos deixar vencer pala dúvida e falta de confiança, na nossa oração perseverante… até desanimarmos e desistirmos quando olhamos para a nossa indignidade e pecado, S. Paulo recorda-nos esta Verdade incontestável: “Deus fez que voltássemos à vida com Cristo e perdoou-nos todas as nossas faltas. Anulou o documento da nossa dívida, com as suas disposições contra nós; suprimiu-o, cravando-o na cruz”. (Cl 2 / 2ª L.).
Começo por constatar, meu Deus, com o salmista:
Quando Te invoco, sempre me atendes, Senhor.
E eu já estou a experimentar isto mesmo:
Sempre que rezo com a confiança plena
de quem não quer cessar de orar e suplicar,
apesar de todos os contratempos possíveis,
verifico que sempre me atendes, ó Pai nosso…
Dou-Te graças de todo o coração, Senhor,
porque ouves com amor as palavras da minha boca;
sempre que Te invoco me respondes
e aumentas a fortaleza da minha alma…
Por isso, Pai, estou decidido e determinado
a ser constante na minha oração,
perseverante no meu diálogo conTigo,
fiel ao desejo manifesto do Teu Filho Jesus
que nos aconselhou, repetidas vezes,
para “rezarmos sempre e sem interrupção”
em qualquer lugar e circunstância…
Eu sei, Senhor, que a Tua mão direita me salvará,
que completarás o que em meu auxílio começaste;
e que nunca abandonas a obra das Tuas mãos,
porque a Tua misericórdia é eterna!
[ do Salmo Responsorial / 137 (138) ]
11 Agosto, 2016
SÓ É VENCIDO QUEM «DESISTE»!
Luis López A Palavra REFLETIDA 0 Comments
(Ciclo C – Domingo 17 do Tempo Comum)
SÓ É VENCIDO QUEM «DESISTE»!
Havia uma mulher viúva (naquela altura, as viúvas eram as pessoas “mais desamparadas”, hoje nem tanto!) que tinha um devedor “dos tais que se resistem” a pagar… Aquela viúva teve que acudir ao senhor juiz, quem, igualmente, era daqueles que não se importam com as pessoas simples e pobres… Mas a mulher viúva, na sua total pobreza e necessidade, uma e outra vez ia ter com o juiz pedindo justiça, sem nunca desistir… Até que o juiz – só para se libertar daquela “chatice”! – acabou por lhe atender e repor a justiça no seu lugar… Mas ficou claro que não foi pela lealdade do juiz senão pela “perseverança e teimosia” daquela pobre mulher… Bom, quem isto lê terá identificado esta história com uma das parábolas de Jesus. Exatamente. (Ver: Lc 18).
Mas temos – já no tempo dos patriarcas do AT – um exemplo de “teimosia” para um pedido de intercessão a favor de outrem. Aliás, os protagonistas são os mesmos que contemplávamos na Palavra do domingo passado. A destruição daquelas cidades de Sodoma e Gomorra, famosas pelas suas “maldades de toda a ordem” (e cuja “ruina total”, produto de uma catástrofe natural, foi interpretada pelos “autores bíblicos” como um “justo castigo de Javé”) foi motivo de um diálogo assombroso entre Abraão e Deus. Quando o Senhor faz saber a Abraão que as tais cidades vão ser aniquiladas, incluídos todos os seus habitantes, Abraão começa por inquirir ao Senhor: “«Irás destruir o justo com o pecador? Talvez haja cinquenta justos na cidade. Hás de matá-los a todos? Não perdoarás a essa cidade, por causa dos cinquenta justos que nela residem?”…(Gn 18 / 1ª L.). E assim continua aquele “curioso e amigável regateio”, em progressão descendente, até chegar a um ponto em que Abraão fica já “sem argumentos”… e aceita o inevitável!… Mas, atenção, o desfecho daquela “persistente teimosia” tem os seus frutos: os parentes de Abraão, isto é, a família de Lot, escaparão com vida saindo a tempo da sua cidade. (ver: Gn 19).
E é de admirar, não apenas a “perseverança na oração” de Abraão, mas igualmente a sua singela humildade (“Atrevo-me a falar ao meu Senhor, eu que não passo de pó e cinza”) bem como a sua atitude delicada (“Se o meu Senhor não levar a mal, falarei mais uma vez”). Temos, pois, nesta interessante história, um modelo para todos nós, de como podemos dialogar com o Senhor, quando oramos e suplicamos por qualquer necessidade ou aflição (dos outros ou nossa)!
Sempre que Jesus fala na oração, insiste sobretudo na fé e na confiança, mas também na perseverança, na constância, para nunca desanimar e desistir… Ele vem confirmar a conduta de Abrão, ao repetir uma e outra vez – e não apenas na parábola da “viúva e o juiz” que lembrávamos na introdução – mas agora, no Evangelho de hoje, por várias formas e maneiras… Efetivamente, vemo-l’O a falar aos seus discípulos, precisamente, ao terminar “a Sua oração em certo lugar”. Logo de lhes ensinar, antes de mais, a “forma modelo” de oração (o «Pai-nosso») para tratar a Deus por Tu, como “Abbá”, PAI, vai-lhes repetindo, primeiro, através de uma parábola (semelhante à da viúva e o juiz) a do amigo que pede três pães a um amigo: “…Eu vos digo: Se ele não se levantar por ser amigo, ao menos, por causa da sua insistência, levantar-se-á para lhe dar tudo aquilo de que precisa”. E continua: “Também vos digo: Pedi e dar-se-vos-á; procurai e encontrareis; batei à porta e abrir-se-vos-á”. Para concluir – após colocar algumas “comparações” –: “…Se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo àqueles que Lho pedem!»”. (Lc 11 / 3ª L.). Não esqueçamos, então, que nas “batalhas de Deus”, ou lutas do espírito, «só é vencido quem desiste»!
E porque, muitas vezes, podemos cair na tentação de nos deixar vencer pala dúvida e falta de confiança, na nossa oração perseverante… até desanimarmos e desistirmos quando olhamos para a nossa indignidade e pecado, S. Paulo recorda-nos esta Verdade incontestável: “Deus fez que voltássemos à vida com Cristo e perdoou-nos todas as nossas faltas. Anulou o documento da nossa dívida, com as suas disposições contra nós; suprimiu-o, cravando-o na cruz”. (Cl 2 / 2ª L.).
Começo por constatar, meu Deus, com o salmista:
Quando Te invoco, sempre me atendes, Senhor.
E eu já estou a experimentar isto mesmo:
Sempre que rezo com a confiança plena
de quem não quer cessar de orar e suplicar,
apesar de todos os contratempos possíveis,
verifico que sempre me atendes, ó Pai nosso…
Dou-Te graças de todo o coração, Senhor,
porque ouves com amor as palavras da minha boca;
sempre que Te invoco me respondes
e aumentas a fortaleza da minha alma…
Por isso, Pai, estou decidido e determinado
a ser constante na minha oração,
perseverante no meu diálogo conTigo,
fiel ao desejo manifesto do Teu Filho Jesus
que nos aconselhou, repetidas vezes,
para “rezarmos sempre e sem interrupção”
em qualquer lugar e circunstância…
Eu sei, Senhor, que a Tua mão direita me salvará,
que completarás o que em meu auxílio começaste;
e que nunca abandonas a obra das Tuas mãos,
porque a Tua misericórdia é eterna!
[ do Salmo Responsorial / 137 (138) ]