
(Ciclo A – 1º Domingo do Advento)
VIGILÂNCIA CONVENIENTE… QUAL VIGILÂNCIA?
Aquela fábula ou parábola «O bobo e o rei» vem agora de molde para o tema que hoje iremos abordar. Sim, aquele rei que entrega o seu cetro ao bobo da corte, com o encargo de ficar com ele até encontrar, em todo o reino, um indivíduo ainda mais estúpido para lho entregar. Lembram-se? O caso é que tendo o rei adoecido gravemente, no leito de morte chama pelo seu bobo. Ao contar-lhe o rei que está “prestes a partir para uma longa viagem”, o bobo pergunta-lhe: “E quando é que vai regressar?”. – “Não, não voltarei mais!” – responde o rei. – “E quais os preparativos que o rei fez para esta longa expedição?” – insiste o bobo. Aí o rei responde tristemente: “Nenhum!”. E o bobo conclui: “Então, toma lá o cetro, porque agora encontrei alguém mais estúpido do que eu!”.
Quando a gente fala acerca do “fim do mundo”… não sabemos se entende corretamente o significado dessa expressão! Há quem pense que S. Paulo tem a “culpa” (?) desta história, quando repetia, e escrevia nas suas cartas, que “o fim do mundo estava já muito próximo”… Ou, talvez, seja melhor perceber um outro significado que está por trás dessa expressão!… Porque se forem entendidas como uma espécie de catástrofe cósmica instantânea e total, para acabar, de uma vez por todas, com tudo o que tem vida, é evidente que, já no tempo de Paulo, também não se cumpriu, da maneira como ele e aqueles primeiros cristãos parece que esperavam (?)… Desde logo, se se tratar desse modo catastrófico de “fim do mundo”, julgo que há muita gente que não consegue entendê-lo assim, entre eles quem isto escreve. Mais ainda, podemos perguntar-nos: será que é necessária a existência “desse fim do mundo” em algum momento?… Ou será que o sentido da expressão de Paulo, e sobretudo da Palavra de Jesus, é bem outro?… Desde logo, o verdadeiro “fim (deste) mundo visível” acontece (está a acontecer!) continuamente para todo o ser humano – e também para todo o ser vivo (?) – desde que “a vida” existe nesta terra… Pois, real e verdadeiramente, no instante em que “esta vida” acaba, para qualquer ser humano, “este mundo findou” para ele! Sabemo-lo todos, por experiência própria e alheia! Poderá ser de qualquer um dos diversos e variados modos que conhecemos. Sejam eles mais repentinos, inesperados ou violentos: como numa catástrofe natural; numa agressão humana (guerra, atentado…); num acidente ou desastre de qualquer meio de transporte… Ou sejam eles mais lentos e/ou (in)esperados: como os produzidos pelas doenças (algumas tão aceleradas!); ou como o desgaste lento e natural da velhice… etc., etc. Este é, e será sempre, «o fim do mundo» que importa!
A Palavra deste domingo vai, evidentemente, nesta onda. Porque se é verdade que “o cenário deste mundo passa” e pode acabar – de improviso! – em qualquer momento e lugar, para assim começar uma Outra “Vida” numa outra dimensão… então, é evidente que não podemos viver assim, despreocupados («dolce far niente») como se nada se passasse, pondo em sério risco ou em grave perigo Essa Vida, que, afinal, será o natural prolongamento do que Esta tiver sido “aqui e agora”. Só nesta dimensão e perspetiva hão de ser entendidas e interpretadas as diversas “palavras” da Palavra desta Eucaristia: “Vigiai, porque não sabeis em que dia virá”…; “estai vós também preparados, porque na hora em que menos pensais”… (Mt 24 / 3ª L.). Ou então: “Vós sabeis em que tempo estamos”…; “a noite vai adiantada e o dia está próximo”…; “vistamos as armas da luz”… (Rm 13 / 2ª L.). E também: “vinde, ó casa de Jacob, caminhemos à luz do Senhor”… (Is 2 / 1ª L.).
Então, à vista desta classe de “alertas”, cada um de nós faça a sua reflexão… a sua meditação, a sua oração e o seu compromisso!… Não sejamos tão bobos como “o rei” daquela história. Procuremos “atingir” esse género de VIGILÂNCIA CONVENIENTE – sem aflição – que nos interessa a todos!
Como é verdade, Senhor, que,
se vivermos segundo a Tua Palavra,
vamos sentir os acontecimentos
– passados, presentes e vindouros –
com a doce expetativa de quem caminha
para a tua Casa, na Jerusalém Celeste!…
«Vivam seguros quantos te amam,
os que descansam tranquilos
dentro dos muros dos Teus palácios»…
Vamos olhar sempre para o futuro
com a esperança gozosa
de quem vai a caminho
da Celebração Eterna do teu Nome…
E queremos pedir a tua paz, Senhor,
para a Jerusalém de cá,
para os nossos irmãos e amigos,
para todos os que nos acompanham
nesta caminhada vigilante,
nesta travessia certa embora difícil,
nesta vida terreal desperta e alegre;
e sempre com esse olhar claro
de uma «Esperança previdente»…
Que alegria quando oiça dizer aos irmãos:
«Amigos, vamos para a Casa do Senhor»!
[ do Salmo Responsorial / Sl 121(122) ]
26 Novembro, 2016
VIGILÂNCIA CONVENIENTE… QUAL VIGILÂNCIA?
Luis López A Palavra REFLETIDA 0 Comments
(Ciclo A – 1º Domingo do Advento)
VIGILÂNCIA CONVENIENTE… QUAL VIGILÂNCIA?
Aquela fábula ou parábola «O bobo e o rei» vem agora de molde para o tema que hoje iremos abordar. Sim, aquele rei que entrega o seu cetro ao bobo da corte, com o encargo de ficar com ele até encontrar, em todo o reino, um indivíduo ainda mais estúpido para lho entregar. Lembram-se? O caso é que tendo o rei adoecido gravemente, no leito de morte chama pelo seu bobo. Ao contar-lhe o rei que está “prestes a partir para uma longa viagem”, o bobo pergunta-lhe: “E quando é que vai regressar?”. – “Não, não voltarei mais!” – responde o rei. – “E quais os preparativos que o rei fez para esta longa expedição?” – insiste o bobo. Aí o rei responde tristemente: “Nenhum!”. E o bobo conclui: “Então, toma lá o cetro, porque agora encontrei alguém mais estúpido do que eu!”.
Quando a gente fala acerca do “fim do mundo”… não sabemos se entende corretamente o significado dessa expressão! Há quem pense que S. Paulo tem a “culpa” (?) desta história, quando repetia, e escrevia nas suas cartas, que “o fim do mundo estava já muito próximo”… Ou, talvez, seja melhor perceber um outro significado que está por trás dessa expressão!… Porque se forem entendidas como uma espécie de catástrofe cósmica instantânea e total, para acabar, de uma vez por todas, com tudo o que tem vida, é evidente que, já no tempo de Paulo, também não se cumpriu, da maneira como ele e aqueles primeiros cristãos parece que esperavam (?)… Desde logo, se se tratar desse modo catastrófico de “fim do mundo”, julgo que há muita gente que não consegue entendê-lo assim, entre eles quem isto escreve. Mais ainda, podemos perguntar-nos: será que é necessária a existência “desse fim do mundo” em algum momento?… Ou será que o sentido da expressão de Paulo, e sobretudo da Palavra de Jesus, é bem outro?… Desde logo, o verdadeiro “fim (deste) mundo visível” acontece (está a acontecer!) continuamente para todo o ser humano – e também para todo o ser vivo (?) – desde que “a vida” existe nesta terra… Pois, real e verdadeiramente, no instante em que “esta vida” acaba, para qualquer ser humano, “este mundo findou” para ele! Sabemo-lo todos, por experiência própria e alheia! Poderá ser de qualquer um dos diversos e variados modos que conhecemos. Sejam eles mais repentinos, inesperados ou violentos: como numa catástrofe natural; numa agressão humana (guerra, atentado…); num acidente ou desastre de qualquer meio de transporte… Ou sejam eles mais lentos e/ou (in)esperados: como os produzidos pelas doenças (algumas tão aceleradas!); ou como o desgaste lento e natural da velhice… etc., etc. Este é, e será sempre, «o fim do mundo» que importa!
A Palavra deste domingo vai, evidentemente, nesta onda. Porque se é verdade que “o cenário deste mundo passa” e pode acabar – de improviso! – em qualquer momento e lugar, para assim começar uma Outra “Vida” numa outra dimensão… então, é evidente que não podemos viver assim, despreocupados («dolce far niente») como se nada se passasse, pondo em sério risco ou em grave perigo Essa Vida, que, afinal, será o natural prolongamento do que Esta tiver sido “aqui e agora”. Só nesta dimensão e perspetiva hão de ser entendidas e interpretadas as diversas “palavras” da Palavra desta Eucaristia: “Vigiai, porque não sabeis em que dia virá”…; “estai vós também preparados, porque na hora em que menos pensais”… (Mt 24 / 3ª L.). Ou então: “Vós sabeis em que tempo estamos”…; “a noite vai adiantada e o dia está próximo”…; “vistamos as armas da luz”… (Rm 13 / 2ª L.). E também: “vinde, ó casa de Jacob, caminhemos à luz do Senhor”… (Is 2 / 1ª L.).
Então, à vista desta classe de “alertas”, cada um de nós faça a sua reflexão… a sua meditação, a sua oração e o seu compromisso!… Não sejamos tão bobos como “o rei” daquela história. Procuremos “atingir” esse género de VIGILÂNCIA CONVENIENTE – sem aflição – que nos interessa a todos!
Como é verdade, Senhor, que,
se vivermos segundo a Tua Palavra,
vamos sentir os acontecimentos
– passados, presentes e vindouros –
com a doce expetativa de quem caminha
para a tua Casa, na Jerusalém Celeste!…
«Vivam seguros quantos te amam,
os que descansam tranquilos
dentro dos muros dos Teus palácios»…
Vamos olhar sempre para o futuro
com a esperança gozosa
de quem vai a caminho
da Celebração Eterna do teu Nome…
E queremos pedir a tua paz, Senhor,
para a Jerusalém de cá,
para os nossos irmãos e amigos,
para todos os que nos acompanham
nesta caminhada vigilante,
nesta travessia certa embora difícil,
nesta vida terreal desperta e alegre;
e sempre com esse olhar claro
de uma «Esperança previdente»…
Que alegria quando oiça dizer aos irmãos:
«Amigos, vamos para a Casa do Senhor»!
[ do Salmo Responsorial / Sl 121(122) ]