
(Ciclo C – Domingo 34 do Tempo Comum)
EU SOU O «ALFA» E O «ÓMEGA»!
Mas, afinal, o que é “o tempo”? Qual é, para nós, o significado do tempo? E para Deus? Será que Deus “vê” o tempo como nós o vemos?… Para já, encontramos na Escritura Sagrada expressões como esta: «Mil anos, diante de ti, Senhor, são como o dia de ontem, que passou» (Sl 90,4). Na realidade, é como se Deus não tivesse que “esperar pelo tempo”. Ou, então, como que tudo está “em presente” para Deus. Como se o tempo ficasse “diluído” na Eternidade (!?). É que, as «coordenadas espácio-temporais», em que nós estamos “imersos”, “nos movemos e existimos”, não têm entidade para Deus… (Ou sim?). – Cá está mais outro mistério (para nós, não para Deus evidentemente)!
De facto, aparecem-nos um tanto misteriosas – ou, quando menos, chocantes – as palavras finais do Evangelho de hoje, até porque não nos parece que fosse esse o “desfecho esperado” daquela situação… Está Jesus, cravado na cruz, e já prestes a morrer, quando um dos dois malfeitores crucificados com Ele, ao repreender o outro colega criminoso que está insultando a Jesus, censura-o deste modo: “«Não temes a Deus, tu que sofres o mesmo suplício? Quanto a nós, fez-se justiça, pois recebemos o castigo das nossas más ações. Mas Ele nada praticou de condenável»”. Então, arrependido, e lamentando o mal praticado, volta-se para Jesus e suplica-Lhe: “«Jesus, lembra-Te de Mim, quando vieres com a tua realeza»”. E é então quando Jesus, que agora já não é capaz de “esperar”(!), responde-lhe: “«Em verdade te digo: Hoje estarás comigo no Paraíso»”. (Lc 23 / 3ª L.). E porque é que esta resposta de Jesus pode parecer um tanto “imprevisível”? Desde logo, nós não achamos “natural” que “o perdão e a recompensa” sejam assim, tão rápidos e inesperados. Onde é que está aqui “o tempo”? Não é verdade que nos parece normal haver um “tempo” mínimo de reparação e purificação?… Pois a verdade é que para Jesus, para Deus – pelo menos nesta classe de situações humanas – «não existe nem o ontem nem o amanhã», apenas existe “o Hoje”!
E nós? Seremos também nós capazes – como Jesus, Deus – de «ver» o ontem e o amanhã como um “presente infinito”, como um «hoje eterno»?… O que é que será necessário mudar, no nosso pensamento, na nossa perspetiva e, principalmente, nas nossas vidas?
Se é verdade que nós somos, ou temos de ser, solidários com Jesus, não só na glória, mas antes e também, na cruz (como o «bom ladrão»), então poderemos confiar n’Ele… no ontem, no hoje e no amanhã, pois tudo é “presente em Jesus”… Ele é, ao mesmo tempo e sempre, «o “alfa”(Α) e o “ómega”(Ω)»!
Uma vez que aqueles nossos antepassados, do tempo do “rei David”, antecessor e figura do Messias Jesus, reconheciam serem, a respeito de David, “ossos dos seus ossos e carne da sua carne” (2 Sm 5 / 1ª L.), com muita mais razão nós a respeito do verdadeiro Messias, Jesus Cristo! Porque se Ele “se encarnou” para ser «solidário connosco» até a morte de cruz, nós somos chamados a participar – «carne na carne sua» – até chegar à «realeza da cruz», já que Ele “reina desde a Cruz”. São Paulo di-lo-ia assim: “Se morrermos com Ele, com Ele reinaremos”.
Por isso, o mesmo Paulo, na sua carta aos cristãos de Colossos, exorta-nos a sermos agradecidos, enquanto descreve o triunfo Glorioso e Eterno da «realeza de Cristo»: “Demos graças a Deus Pai… que nos libertou do poder das trevas e nos transferiu para o reino do seu Filho muito amado, no qual temos a redenção, o perdão dos pecados. Cristo é a imagem de Deus invisível, o Primogénito de toda a criatura; Porque n’Ele foram criadas todas as coisas no céu e na terra, visíveis e invisíveis… Ele é anterior a todas as coisas e n’Ele tudo subsiste… Ele é o Princípio, o Primogénito de entre os mortos; em tudo Ele tem o primeiro lugar. Aprouve a Deus que n’Ele residisse toda a plenitude”.(Cl 1 / 2ª L.).
Quando nos pomos, Senhor, a pensar no “Além”,
acerca das “verdades” que chamamos “eternas”,
aquelas «coisas que vão suceder no fim»
e que os nossos pais chamam de «novíssimos»…
Quando se aproxima inexorável a morte corporal
– e alguns a duvidar se vai ser apenas e só “corporal”? –
reconhecemos, então, que isso nos causa aflição,
e talvez sobressalto e agitação interior…
E assim, podemos ficar confusos… até ao desespero
se não soubermos acudir, ó Pai nosso,
ao Teu abraço compassivo de “perdão misericordioso”!…
Só o facto de pensarmos no «tempo e eternidade»
– estando nós habituados ao visível, palpável e caduco –
assusta-nos por vezes, e ficamos tristes e abatidos…
Então, ajuda-nos, Senhor, a pensar, antes, na Tua Casa,
nesse Teu Lar amoroso preparado desde a eternidade
para todos nós, que somos Teus filhos em Jesus…
Que aprendamos a aceitar com alegria, ó Deus,
o abraço libertador e salvador do Teu Filho Jesus,
que é o princípio e o fim – «alfa e ómega» – de Tudo;
e que saibamos, nesta travessia de “viandantes”,
pensar e realizar a nossa vida “ao ritmo do Amor”,
tendo em Jesus, o Filho, uma Confiança ilimitada…
E assim, quando se aproximar “o trânsito para o Além”;
quando chegar «a hora da verdade»;
quando aparecer “o Dia da Libertação”…
então, possa, cada um de nós e todos jutos, ó Pai,
– como irmãos e Teus filhos muito amados –
cantarmos o salmo da nossa Redenção:
“Que alegria quando me disseram:
«Vamos para a Casa do Senhor»”!
[ do Salmo Responsorial / 121 (122) ]
http://irmaoluis.sallep.net
18 Novembro, 2016
EU SOU O «ALFA» E O «ÓMEGA»!
Luis López A Palavra REFLETIDA 0 Comments
(Ciclo C – Domingo 34 do Tempo Comum)
EU SOU O «ALFA» E O «ÓMEGA»!
Mas, afinal, o que é “o tempo”? Qual é, para nós, o significado do tempo? E para Deus? Será que Deus “vê” o tempo como nós o vemos?… Para já, encontramos na Escritura Sagrada expressões como esta: «Mil anos, diante de ti, Senhor, são como o dia de ontem, que passou» (Sl 90,4). Na realidade, é como se Deus não tivesse que “esperar pelo tempo”. Ou, então, como que tudo está “em presente” para Deus. Como se o tempo ficasse “diluído” na Eternidade (!?). É que, as «coordenadas espácio-temporais», em que nós estamos “imersos”, “nos movemos e existimos”, não têm entidade para Deus… (Ou sim?). – Cá está mais outro mistério (para nós, não para Deus evidentemente)!
De facto, aparecem-nos um tanto misteriosas – ou, quando menos, chocantes – as palavras finais do Evangelho de hoje, até porque não nos parece que fosse esse o “desfecho esperado” daquela situação… Está Jesus, cravado na cruz, e já prestes a morrer, quando um dos dois malfeitores crucificados com Ele, ao repreender o outro colega criminoso que está insultando a Jesus, censura-o deste modo: “«Não temes a Deus, tu que sofres o mesmo suplício? Quanto a nós, fez-se justiça, pois recebemos o castigo das nossas más ações. Mas Ele nada praticou de condenável»”. Então, arrependido, e lamentando o mal praticado, volta-se para Jesus e suplica-Lhe: “«Jesus, lembra-Te de Mim, quando vieres com a tua realeza»”. E é então quando Jesus, que agora já não é capaz de “esperar”(!), responde-lhe: “«Em verdade te digo: Hoje estarás comigo no Paraíso»”. (Lc 23 / 3ª L.). E porque é que esta resposta de Jesus pode parecer um tanto “imprevisível”? Desde logo, nós não achamos “natural” que “o perdão e a recompensa” sejam assim, tão rápidos e inesperados. Onde é que está aqui “o tempo”? Não é verdade que nos parece normal haver um “tempo” mínimo de reparação e purificação?… Pois a verdade é que para Jesus, para Deus – pelo menos nesta classe de situações humanas – «não existe nem o ontem nem o amanhã», apenas existe “o Hoje”!
E nós? Seremos também nós capazes – como Jesus, Deus – de «ver» o ontem e o amanhã como um “presente infinito”, como um «hoje eterno»?… O que é que será necessário mudar, no nosso pensamento, na nossa perspetiva e, principalmente, nas nossas vidas?
Se é verdade que nós somos, ou temos de ser, solidários com Jesus, não só na glória, mas antes e também, na cruz (como o «bom ladrão»), então poderemos confiar n’Ele… no ontem, no hoje e no amanhã, pois tudo é “presente em Jesus”… Ele é, ao mesmo tempo e sempre, «o “alfa”(Α) e o “ómega”(Ω)»!
Uma vez que aqueles nossos antepassados, do tempo do “rei David”, antecessor e figura do Messias Jesus, reconheciam serem, a respeito de David, “ossos dos seus ossos e carne da sua carne” (2 Sm 5 / 1ª L.), com muita mais razão nós a respeito do verdadeiro Messias, Jesus Cristo! Porque se Ele “se encarnou” para ser «solidário connosco» até a morte de cruz, nós somos chamados a participar – «carne na carne sua» – até chegar à «realeza da cruz», já que Ele “reina desde a Cruz”. São Paulo di-lo-ia assim: “Se morrermos com Ele, com Ele reinaremos”.
Por isso, o mesmo Paulo, na sua carta aos cristãos de Colossos, exorta-nos a sermos agradecidos, enquanto descreve o triunfo Glorioso e Eterno da «realeza de Cristo»: “Demos graças a Deus Pai… que nos libertou do poder das trevas e nos transferiu para o reino do seu Filho muito amado, no qual temos a redenção, o perdão dos pecados. Cristo é a imagem de Deus invisível, o Primogénito de toda a criatura; Porque n’Ele foram criadas todas as coisas no céu e na terra, visíveis e invisíveis… Ele é anterior a todas as coisas e n’Ele tudo subsiste… Ele é o Princípio, o Primogénito de entre os mortos; em tudo Ele tem o primeiro lugar. Aprouve a Deus que n’Ele residisse toda a plenitude”.(Cl 1 / 2ª L.).
Quando nos pomos, Senhor, a pensar no “Além”,
acerca das “verdades” que chamamos “eternas”,
aquelas «coisas que vão suceder no fim»
e que os nossos pais chamam de «novíssimos»…
Quando se aproxima inexorável a morte corporal
– e alguns a duvidar se vai ser apenas e só “corporal”? –
reconhecemos, então, que isso nos causa aflição,
e talvez sobressalto e agitação interior…
E assim, podemos ficar confusos… até ao desespero
se não soubermos acudir, ó Pai nosso,
ao Teu abraço compassivo de “perdão misericordioso”!…
Só o facto de pensarmos no «tempo e eternidade»
– estando nós habituados ao visível, palpável e caduco –
assusta-nos por vezes, e ficamos tristes e abatidos…
Então, ajuda-nos, Senhor, a pensar, antes, na Tua Casa,
nesse Teu Lar amoroso preparado desde a eternidade
para todos nós, que somos Teus filhos em Jesus…
Que aprendamos a aceitar com alegria, ó Deus,
o abraço libertador e salvador do Teu Filho Jesus,
que é o princípio e o fim – «alfa e ómega» – de Tudo;
e que saibamos, nesta travessia de “viandantes”,
pensar e realizar a nossa vida “ao ritmo do Amor”,
tendo em Jesus, o Filho, uma Confiança ilimitada…
E assim, quando se aproximar “o trânsito para o Além”;
quando chegar «a hora da verdade»;
quando aparecer “o Dia da Libertação”…
então, possa, cada um de nós e todos jutos, ó Pai,
– como irmãos e Teus filhos muito amados –
cantarmos o salmo da nossa Redenção:
“Que alegria quando me disseram:
«Vamos para a Casa do Senhor»”!
[ do Salmo Responsorial / 121 (122) ]
http://irmaoluis.sallep.net