
(Ciclo C – Domingo 33 do Tempo Comum)
«TESTEMUNHAS» DA TRANSCENDÊNCIA!
Diz-se: O mundo – toda a sociedade humana – tem necessidade de “profetas” sagazes e capazes de interpretar o presente, e de apontar a direção e sentido de um futuro melhor. E nós devemos saber que os verdadeiros profetas “anunciam” e “denunciam”… Sim, hão de ser, portanto, autênticas e qualificadas testemunhas da Verdade!
Eles são os que, desde há muito, avisam a todos os que, consciente e voluntariamente, se desviam do Caminho da Verdade e vivem na mentira e na Maldade. E, ao tempo que lhes fazem cair na conta do erro, lembram-lhes que, se não mudarem o sentido dos seus passos, o destino que lhes espera será a perdição. É isto que “denuncia” um profeta (do séc. V a.C.) Malaquias: “Há de vir o dia do Senhor, ardente como uma fornalha; e serão como a palha todos os soberbos e malfeitores. O dia que há de vir os abrasará – diz o Senhor do Universo – e não lhes deixará raiz nem ramos”… Palavras terríveis para os que não querem emendar e «con-verter» o sentido das suas vidas, consoante o que a “voz interior” (?) lhes censura.
Mas é o mesmo profeta quem também “anuncia” um futuro bem diferente, para os que – ao invés dos primeiros – apostaram no Bem e na Verdade: “Mas para vós que temeis o meu nome, nascerá o sol de justiça, trazendo nos seus raios a salvação”. (Ml 3 / 1ª L.). É preciso lembrar, já agora, que “temer o Seu nome” (o tal «temor de Deus») tem – na Nova Aliança – a tradução de «amar tanto a Deus que se teme causar-Lhe a mais mínima ofensa ou desgosto». Aliás, muito semelhante à linguagem romântica do mais puro “amor de paixão” (do género do Livro bíblico «Cântico dos Cânticos», por exemplo)… Tudo, próprio das verdadeiras testemunhas que Deus e o mundo precisam, hoje e sempre. Mas, é evidente, as testemunhas autênticas não têm, na verdade, a vida fácil!
Primeiro, como todo o cidadão, têm que trabalhar para viver (“com o suor do seu rosto”/Gn-3) para não depender de ninguém no sustento diário. É assim que escreve Paulo aos cristãos de Tessalónica, pondo-se, ele e os seus companheiros, como modelos – “testemunhas” –: “Irmãos: Vós sabeis como deveis imitar-nos, pois não vivemos entre vós na ociosidade, nem comemos de graça o pão de ninguém. Trabalhámos dia e noite, com esforço e fadiga, para não sermos pesados a nenhum de vós”. E, mais à frente, conclui com aquela sentença conhecida: “Quem não quer trabalhar, também não deve comer”.(2 Ts 3 / 2ª L.).
Em segundo lugar, e já na sua missão específica de profetas e “testemunhas da transcendência”, terão de seguir, nada menos que o exemplo do seu Mestre e Salvador, Jesus Cristo, Ele que é «a fiel Testemunha», conforme proclama – logo no início – o livro do Apocalipse, “…Jesus Cristo, a Testemunha fiel, o Primeiro vencedor da morte e o Soberano dos reis da terra… Aquele que nos ama e nos purificou dos nossos pecados com o seu sangue” (Ap 1, 5). E, desde logo, este Jesus é quem avisa, no seu Evangelho de hoje, acerca da paixão e cruz – semelhante à Sua – que devem passar os Seus discípulos, “testemunhas da Verdade”: “Haverá fenómenos espantosos e grandes sinais no céu. Mas antes de tudo isto, deitar-vos-ão as mãos e hão de perseguir-vos, entregando-vos às sinagogas e às prisões… por causa do Meu nome”. E acrescenta, a seguir, para lhes confirmar na sua «vocação de testemunhas»: “Assim tereis ocasião de dar testemunho”. Para concluir a Sua descrição profética das várias “calamidades”… com estas palavras finais: “Causarão a morte a alguns de vós, e sereis odiados por causa do Meu nome; mas nenhum cabelo da vossa cabeça se perderá. Pela vossa perseverança salvareis as vossas almas»”. (Lc 21 / 3ª L.).
Ainda que estas perseguições e mortes consigam espantar-nos, ou possamos pensar que são realidades de outros planetas (episódios da «Guerra das Galáxias»), o certo é que se trata de uma situação constante (cá, no nosso planeta Terra) em todas as épocas do Cristianismo durante estes vinte séculos da sua história. E para que, às “testemunhas proféticas” da época atual (s. XXI), não lhes caia isto da memória aí estão as contínuas torturas e mortes de “cristãos” (porque «testemunhas fiéis») em várias partes do nosso mundo, testemunhadas por alguns meios de comunicação, se bem que outros (?) querem ignorá-lo propositadamente (!) o que não deixa de ser uma outra forma de “perseguição” programada!…
Pois, meus amigos, fica bem claro que os discípulos de Cristo – a “Testemunha fiel” até à morte de Cruz – não devem ser “menos” do que o seu Mestre, nesta sua missão de «testemunhar fielmente a transcendência» …
E nós, onde é que estamos “situados”?!
Se quisermos convidar todas as criaturas
– o mar, a terra, os rios, as montanhas…
ao som da cítara, da lira, da tuba e da trombeta –
para louvar as Tuas maravilhas, ó Deus,
teremos de compreender, antes de mais,
o que significa “sermos testemunhas fiéis”,
conscientes de transmitir a Tua Verdade,
e o sentido que tem esta afirmação do Salmo:
«O Senhor virá para julgar a terra,
julgará o mundo com justiça
e todos os povos com equidade»…
É que o Teu Filho Jesus tinha-nos dito
que o Pai não vai julgar ninguém,
pois deixou ao Filho o poder de julgar *.
Mas Ele mesmo, numa outra altura,
adverte que será a própria Palavra da Verdade
que a todos nos julgará no «Dia da verdade»,
e que, portanto, o “filho do Homem” também não julga**.
Então, ó Pai nosso, já estamos a perceber…
Afinal vamos ser nós próprios, cada um de nós,
a “julgar-nos” diante do espelho da Palavra viva
e da defesa da Verdade total e absoluta,
vivida – ou não – qual verdadeiras «testemunhas»!
[ do Salmo Responsorial / 97 (98) ]
(*)- Jo 5,22 / (**)- Jo 12,48
11 Novembro, 2016
«TESTEMUNHAS» DA TRANSCENDÊNCIA!
Luis López A Palavra REFLETIDA 0 Comments
(Ciclo C – Domingo 33 do Tempo Comum)
«TESTEMUNHAS» DA TRANSCENDÊNCIA!
Diz-se: O mundo – toda a sociedade humana – tem necessidade de “profetas” sagazes e capazes de interpretar o presente, e de apontar a direção e sentido de um futuro melhor. E nós devemos saber que os verdadeiros profetas “anunciam” e “denunciam”… Sim, hão de ser, portanto, autênticas e qualificadas testemunhas da Verdade!
Eles são os que, desde há muito, avisam a todos os que, consciente e voluntariamente, se desviam do Caminho da Verdade e vivem na mentira e na Maldade. E, ao tempo que lhes fazem cair na conta do erro, lembram-lhes que, se não mudarem o sentido dos seus passos, o destino que lhes espera será a perdição. É isto que “denuncia” um profeta (do séc. V a.C.) Malaquias: “Há de vir o dia do Senhor, ardente como uma fornalha; e serão como a palha todos os soberbos e malfeitores. O dia que há de vir os abrasará – diz o Senhor do Universo – e não lhes deixará raiz nem ramos”… Palavras terríveis para os que não querem emendar e «con-verter» o sentido das suas vidas, consoante o que a “voz interior” (?) lhes censura.
Mas é o mesmo profeta quem também “anuncia” um futuro bem diferente, para os que – ao invés dos primeiros – apostaram no Bem e na Verdade: “Mas para vós que temeis o meu nome, nascerá o sol de justiça, trazendo nos seus raios a salvação”. (Ml 3 / 1ª L.). É preciso lembrar, já agora, que “temer o Seu nome” (o tal «temor de Deus») tem – na Nova Aliança – a tradução de «amar tanto a Deus que se teme causar-Lhe a mais mínima ofensa ou desgosto». Aliás, muito semelhante à linguagem romântica do mais puro “amor de paixão” (do género do Livro bíblico «Cântico dos Cânticos», por exemplo)… Tudo, próprio das verdadeiras testemunhas que Deus e o mundo precisam, hoje e sempre. Mas, é evidente, as testemunhas autênticas não têm, na verdade, a vida fácil!
Primeiro, como todo o cidadão, têm que trabalhar para viver (“com o suor do seu rosto”/Gn-3) para não depender de ninguém no sustento diário. É assim que escreve Paulo aos cristãos de Tessalónica, pondo-se, ele e os seus companheiros, como modelos – “testemunhas” –: “Irmãos: Vós sabeis como deveis imitar-nos, pois não vivemos entre vós na ociosidade, nem comemos de graça o pão de ninguém. Trabalhámos dia e noite, com esforço e fadiga, para não sermos pesados a nenhum de vós”. E, mais à frente, conclui com aquela sentença conhecida: “Quem não quer trabalhar, também não deve comer”.(2 Ts 3 / 2ª L.).
Em segundo lugar, e já na sua missão específica de profetas e “testemunhas da transcendência”, terão de seguir, nada menos que o exemplo do seu Mestre e Salvador, Jesus Cristo, Ele que é «a fiel Testemunha», conforme proclama – logo no início – o livro do Apocalipse, “…Jesus Cristo, a Testemunha fiel, o Primeiro vencedor da morte e o Soberano dos reis da terra… Aquele que nos ama e nos purificou dos nossos pecados com o seu sangue” (Ap 1, 5). E, desde logo, este Jesus é quem avisa, no seu Evangelho de hoje, acerca da paixão e cruz – semelhante à Sua – que devem passar os Seus discípulos, “testemunhas da Verdade”: “Haverá fenómenos espantosos e grandes sinais no céu. Mas antes de tudo isto, deitar-vos-ão as mãos e hão de perseguir-vos, entregando-vos às sinagogas e às prisões… por causa do Meu nome”. E acrescenta, a seguir, para lhes confirmar na sua «vocação de testemunhas»: “Assim tereis ocasião de dar testemunho”. Para concluir a Sua descrição profética das várias “calamidades”… com estas palavras finais: “Causarão a morte a alguns de vós, e sereis odiados por causa do Meu nome; mas nenhum cabelo da vossa cabeça se perderá. Pela vossa perseverança salvareis as vossas almas»”. (Lc 21 / 3ª L.).
Ainda que estas perseguições e mortes consigam espantar-nos, ou possamos pensar que são realidades de outros planetas (episódios da «Guerra das Galáxias»), o certo é que se trata de uma situação constante (cá, no nosso planeta Terra) em todas as épocas do Cristianismo durante estes vinte séculos da sua história. E para que, às “testemunhas proféticas” da época atual (s. XXI), não lhes caia isto da memória aí estão as contínuas torturas e mortes de “cristãos” (porque «testemunhas fiéis») em várias partes do nosso mundo, testemunhadas por alguns meios de comunicação, se bem que outros (?) querem ignorá-lo propositadamente (!) o que não deixa de ser uma outra forma de “perseguição” programada!…
Pois, meus amigos, fica bem claro que os discípulos de Cristo – a “Testemunha fiel” até à morte de Cruz – não devem ser “menos” do que o seu Mestre, nesta sua missão de «testemunhar fielmente a transcendência» …
E nós, onde é que estamos “situados”?!
Se quisermos convidar todas as criaturas
– o mar, a terra, os rios, as montanhas…
ao som da cítara, da lira, da tuba e da trombeta –
para louvar as Tuas maravilhas, ó Deus,
teremos de compreender, antes de mais,
o que significa “sermos testemunhas fiéis”,
conscientes de transmitir a Tua Verdade,
e o sentido que tem esta afirmação do Salmo:
«O Senhor virá para julgar a terra,
julgará o mundo com justiça
e todos os povos com equidade»…
É que o Teu Filho Jesus tinha-nos dito
que o Pai não vai julgar ninguém,
pois deixou ao Filho o poder de julgar *.
Mas Ele mesmo, numa outra altura,
adverte que será a própria Palavra da Verdade
que a todos nos julgará no «Dia da verdade»,
e que, portanto, o “filho do Homem” também não julga**.
Então, ó Pai nosso, já estamos a perceber…
Afinal vamos ser nós próprios, cada um de nós,
a “julgar-nos” diante do espelho da Palavra viva
e da defesa da Verdade total e absoluta,
vivida – ou não – qual verdadeiras «testemunhas»!
[ do Salmo Responsorial / 97 (98) ]
(*)- Jo 5,22 / (**)- Jo 12,48