Comet passing earth in a nebula cloud ( earth uv map from http://visibleearth.nasa.gov )
(Ciclo C – Domingo 32 do Tempo Comum)  

PERDER – OU NÃO – A «ORIENTAÇÃO» CERTA!

Outra vez “o número sete”, simbólico!… Pois era uma vez, uma mãe que tinha «sete filhos»… e era uma outra mulher que havia desposado, sucessivamente, «sete maridos»… Quer os sete filhos quer os sete maridos, foram morrendo, também sucessivamente… Estranhas histórias, “chocantes paralelismos” – antitéticos? – onde os melhores valores humano-divinos podem aparecer, em confronto, com os piores vícios e “deformidades” humanas…

Nas nossas sociedades, sempre houve – e sempre haverá, devido à existência universal das forças do Mal e a fraqueza humana – pessoas com sede de «domínio» e pessoas «dominadas»; pessoas que exercem violência – física ou psíquica – sobre pessoas pacíficas e pacificadoras… Também isto é tão antigo como a humanidade.

“Naqueles dias, foram presos sete irmãos, juntamente com a mãe, pelo rei da Síria, que quis obrigá-los, à força de golpes de azorrague e de nervos de boi a comer carne de porco proibida pela lei judaica”… Uma pessoa, com sede de poder, que assim, sem mais nem menos, impõe, pela força, a sua lei sobre a vontade dos outros! Desde logo, este rei tinha perdido «a orientação» certa. (E, já agora abrindo parêntese, uma curiosidade: passaram mais de vinte séculos (!) e, um outro “rei da Síria” – que agora já não se chama Antíoco(?) – e seus “apoiantes”, continuam a exercer o seu poder no meio da maior violência da guerra… no reino do genocídio e da morte… É isto que aprendemos em mais de dois mil anos de civilização? E fechar parêntese). Como é possível, a gente desviar-se, tão facilmente, do rumo certo, do caminho da verdade!

Ainda bem que, no meio daquela “massacre”, sob o suplício daquelas terríveis torturas a que foram submetidos, sucessivamente, os sete irmãos (depois de lhes “cortar, um após outro, os diversos membros do seu corpo”), eles foram capazes de não perder a coragem para defender, até à morte, os valores do seu povo, do seu Deus. Estes não perderam a “orientação” certa! O texto diz: “O próprio rei, e quantos o acompanhavam, estavam admirados com a força de ânimo de cada jovem… que não faziam nenhum caso das torturas… E, no meio dos suplícios, falavam assim: «Vale a pena morrermos às mãos dos homens, quando temos a esperança em Deus de que Ele nos ressuscitará…»”.(2 Mac 7 / 1ª L.).

Bom, a estória da outra mulher (no Evangelho) que teve, sucessivamente, sete maridos, foi uma situação caricata inventada por “alguns saduceus, inimigos de Jesus, que negam a ressurreição”, para Lhe pôr à prova. Cá está outra gente que «perdeu a boa direção e sentido»! São avisados por Jesus, pela sua «desorientação», quando lhes adverte de que “andam muito enganados”, até porque “na vida futura não haverá casamentos”. E – a respeito da ressurreição dos mortos – após lhes lembrar o facto da “imortalidade” dos patriarcas Abraão, Isaac e Jacob, cuja “sobrevivência” é devida ao seu Deus e que, portanto, não pode ser «deus de mortos»… conclui assim Jesus: “«Então, é um Deus de vivos, porque para Ele todos estão vivos»”. (Lc 20 / 3ª L.).

Apesar de tudo, vemos como natural e compreensível essa real dificuldade e relutância que sentimos para aceitarmos a tal “passagem” em direção ao não “visto” nem “tocado”, esse famoso “túnel” a que chamamos “morte”! Não obstante, e para além da Fé, temos de reconhecer a existência de muitos “motivos”… para uma esperança segura nesse Além de Felicidade, a começar, evidentemente, pelo testemunho da fé firme e da esperança certa de tantas pessoas que vivem neste mundo, muitas delas, até, nos nossos ambientes… Elas têm a sua “segurança” ancorada sempre nesse «Deus dos vivos», o Pai de Jesus e nosso Pai… É questão de focalizar os nossos «recetores» para esses «emissores», nossos irmãos, que estão sempre “bem orientados” e «em sintonia» com o Deus -Vivo!- de todos os homens -vivos!- desde antes de “Abraão, Isaac e Jacob”… até ao fim dos tempos!

Ficaremos, então, com as seguintes “certezas” de São Paulo. E reparem que começa por deixar bem assente «a Origem de Tudo»: Deus-Pai e Cristo-Jesus. “Irmãos: Jesus Cristo, nosso Senhor, e Deus, nosso Pai, que nos amou e nos deu, pela sua graça, eterna consolação e feliz esperança, confortem os vossos corações e os tornem firmes em toda a espécie de boas obras e palavras… O Senhor é fiel: Ele vos dará firmeza e vos guardará do Maligno… para dirigir os vossos corações, a fim de que amem a Deus e aguardem a Cristo com perseverança”. (2 Ts 2 / 2ª L.).

 

Será que eu posso hoje, Senhor, rezar este salmo,

esta oração de um inocente vilmente acusado,

que manifesta grande confiança em Ti?…

É que Tu sabes, ó Deus, que eu não sou inocente

e que tantas vezes me sinto incapaz de confiar,

enquanto me acho desorientado, afastado de Ti…

Porém, quero que atendas a minha oração,

feita com franqueza e sinceridade;

pois sei que sempre que Te invoco, Senhor,

me ouves e escutas as minhas palavras

Agora, firma os meus passos nas Tuas veredas,

para que não vacilem os meus pés.

Que eu não me desvie daquela «orientação»

que me guia e conduz a Ti, com segurança,

pelo único Caminho que é o Teu Filho Jesus…

Assim, nunca me dominará a tristeza da morte

nem me assustará a incerteza do Além.

Tu me protegerás à sombra das Tuas asas,

longe dos ímpios que me fazem violência

E quando a Tua voz de Pai e Amigo me chamar

para Ti – a esse “estado de Felicidade” sem fim –

eu mereça, Senhor, contemplar a Tua face.

Ficarei, então, saciado com a Tua imagem,

quando, ao despertar, surgir a Tua Glória!

            [ do Salmo Responsorial / 16 (17) ]