
(Ciclo A – Domingo 3 – Quaresma)
MULHER-APÓSTOLO PELA “ÁGUA VIVA”!
Como são diferentes e díspares – e por vezes enfrentadas! – as atitudes, ou reações, das pessoas perante a mesma Palavra ou, se quiserem, perante a Vontade de Deus, clara e realmente sentida no nosso interior!
Ao confrontar-nos hoje com esta Palavra, que relata, em pormenor, o encontro desta mulher da Samaria – a que chamamos “samaritana” – com o próprio Messias Jesus, no bocal daquele famoso “poço de Jacob”, vem à minha memória um outro episódio, em certo sentido paralelo, mas contraposto. Foi naquela outra ocasião em que Jesus acabava de curar um possesso, libertando-o daquela “legião” de demónios, que logo entraram numa grande vara de porcos, até se precipitarem no lago e afogarem-se todos… Ao que parece, naquela altura, Jesus estava disposto a entrar naquela povoação (da região “pagã” de Gerasa) para anunciar o Reino de Deus àquelas gentes… E o que é que aqueles gerasenos disseram a Jesus? Pois mais ou menos isto: “Vai-te embora! Não te queremos aqui! A tua presença incomoda-nos!” (cf. Lc 8, 26-39).
Ainda bem que no caso da terra desta “samaritana” – cujos habitantes eram também “meio-pagãos” – a coisa foi muito diferente, perfeitamente oposta! A última parte do Evangelho de hoje não deixa lugar a dúvidas: “Muitos samaritanos daquela cidade acreditaram em Jesus, por causa da palavra da mulher, que testemunhava: «Ele disse-me tudo o que eu fiz». Por isso os samaritanos, quando vieram ao encontro de Jesus, pediram-Lhe que ficasse com eles. E ficou lá dois dias. Ao ouvi-l’O, muitos acreditaram e diziam à mulher: «Já não é por causa das tuas palavras que acreditamos. Nós próprios ouvimos e sabemos que Ele é realmente o Salvador do mundo»” (Jo 4 / 3ª L.). Além do mais, há outra questão que convém ressaltar nas palavras finais que os samaritanos diziam à mulher. Isto é, que eles próprios começaram a acreditar no Messias Salvador, em primeiro lugar pelas palavras da mulher samaritana, embora também, finalmente, pela presença e palavra do próprio Jesus. Temos aqui, portanto, a primeira mulher-apóstolo do “país” da Samaria!
Não é de estranhar que, só alguns anos após este episódio, quando já o Messias Salvador tinha sido Glorificado, um dos Seus discípulos, de nome Filipe, na sua tarefa de evangelizador, ao passar por esse território da Samaria, achasse aquele acolhimento e aceitação entusiástica da Palavra de Salvação que pregava, por parte dos “samaritanos”, tal como o descrevem os Atos dos Apóstolos. Aí encontramos expressões deste género: “Houve grande alegria naquela cidade… homens e mulheres começaram a receber o batismo… Pedro e João iam, então, impondo as mãos sobre eles, e recebiam o Espírito Santo…” (cf. At 8, 4-25). Todos eles conterrâneos – “discípulos”? – daquela tal samaritana a quem – alguns anos antes – Jesus “pro-vocara” e “con-vocara”, e que soube semear neles a primeira semente do Reino, trazido por aquele Profeta Jesus de Nazaré!
Mas, afinal – perguntamos nós – que classe de tesouro é este, que soube descobrir e transmitir aquela mulher samaritana no seu (in)oportuno encontro com o Profeta Jesus de Nazaré? Qual a “pérola de grande valor”? – Pois nada menos que a Fonte de Água Viva, conforme se relata noutra parte do mesmo Evangelho. “«Se conhecesses o dom de Deus e quem é Aquele que te diz: ‘Dá-Me de beber’, tu é que Lhe pedirias e Ele te daria água viva… E aquele que beber da água que Eu lhe der nunca mais terá sede: a água que Eu lhe der tornar-se-á nele uma nascente que jorra para a vida eterna»”… (Jo 4 / 3ª L.). «Nascente de água viva» que, já desde a antiga aliança, era prefigurada naquele “rochedo do monte Horeb… que, pela vara de Moisés, deixou brotar água… para beber todo o povo”… (Ex 17 / 1ª L). Porque, como noutra parte escreverá Paulo aos coríntios, “aquele rochedo era Cristo”. (cf. 1 Cor 10, 4).
Ora bem, com a Força desta água viva que jorra até à vida eterna, toda a conversão é possível e toda a transformação é certa e segura. É que esta “água viva” não é outra coisa que o mesmo Espírito, que Jesus nos dá a beber. As palavras autorizadas de Paulo o confirmam, na 2ª leitura de hoje: “O Amor de Deus é derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos é dado”… (Rm 5 / 2ª L.). «Bebamos» sempre dessa Água… «vivamos» sempre nesse Amor… «aspiremos» sempre esse Espírito!
Hoje, Senhor, ao ouvirmos a Tua voz,
não queremos fechar ou endurecer
os nossos corações, como em Gerasa
ou como nessa outra cidade de Cafarnaum…
Nós, como aquela “mulher do poço”
e como as gentes da sua terra,
preferimos antes a Tua água viva
do que outras águas estagnadas,
recolhidas em cisternas lamacentas…
porque nós queremos ter, como Tu, Jesus,
uma outra água e um outro alimento:
o alimento de fazer, antes da mais,
a Vontade do Teu e nosso Pai.
Vamos ouvir e escutar melhor
a Tua divina voz, Senhor Jesus,
voz que nos pro-voca, e nos con-voca
para fazer de nós Teus apóstolos enviados,
como aquela mulher samaritana,
o primeiro apóstolo entre as suas gentes…
Nós exultamos de alegria em Ti,
que és o nosso Deus e Salvador,
e sentimos como é bom sermos
filhos do Teu povo resgatado
e ovelhas do Teu rebanho,
que vivem sempre na Tua presença,
no louvor e perene ação de graças!…
[ do Salmo Responsorial / 94 (95) ]
17 Março, 2017
MULHER-APÓSTOLO PELA “ÁGUA VIVA”!
Luis López A Palavra REFLETIDA 0 Comments
(Ciclo A – Domingo 3 – Quaresma)
MULHER-APÓSTOLO PELA “ÁGUA VIVA”!
Como são diferentes e díspares – e por vezes enfrentadas! – as atitudes, ou reações, das pessoas perante a mesma Palavra ou, se quiserem, perante a Vontade de Deus, clara e realmente sentida no nosso interior!
Ao confrontar-nos hoje com esta Palavra, que relata, em pormenor, o encontro desta mulher da Samaria – a que chamamos “samaritana” – com o próprio Messias Jesus, no bocal daquele famoso “poço de Jacob”, vem à minha memória um outro episódio, em certo sentido paralelo, mas contraposto. Foi naquela outra ocasião em que Jesus acabava de curar um possesso, libertando-o daquela “legião” de demónios, que logo entraram numa grande vara de porcos, até se precipitarem no lago e afogarem-se todos… Ao que parece, naquela altura, Jesus estava disposto a entrar naquela povoação (da região “pagã” de Gerasa) para anunciar o Reino de Deus àquelas gentes… E o que é que aqueles gerasenos disseram a Jesus? Pois mais ou menos isto: “Vai-te embora! Não te queremos aqui! A tua presença incomoda-nos!” (cf. Lc 8, 26-39).
Ainda bem que no caso da terra desta “samaritana” – cujos habitantes eram também “meio-pagãos” – a coisa foi muito diferente, perfeitamente oposta! A última parte do Evangelho de hoje não deixa lugar a dúvidas: “Muitos samaritanos daquela cidade acreditaram em Jesus, por causa da palavra da mulher, que testemunhava: «Ele disse-me tudo o que eu fiz». Por isso os samaritanos, quando vieram ao encontro de Jesus, pediram-Lhe que ficasse com eles. E ficou lá dois dias. Ao ouvi-l’O, muitos acreditaram e diziam à mulher: «Já não é por causa das tuas palavras que acreditamos. Nós próprios ouvimos e sabemos que Ele é realmente o Salvador do mundo»” (Jo 4 / 3ª L.). Além do mais, há outra questão que convém ressaltar nas palavras finais que os samaritanos diziam à mulher. Isto é, que eles próprios começaram a acreditar no Messias Salvador, em primeiro lugar pelas palavras da mulher samaritana, embora também, finalmente, pela presença e palavra do próprio Jesus. Temos aqui, portanto, a primeira mulher-apóstolo do “país” da Samaria!
Não é de estranhar que, só alguns anos após este episódio, quando já o Messias Salvador tinha sido Glorificado, um dos Seus discípulos, de nome Filipe, na sua tarefa de evangelizador, ao passar por esse território da Samaria, achasse aquele acolhimento e aceitação entusiástica da Palavra de Salvação que pregava, por parte dos “samaritanos”, tal como o descrevem os Atos dos Apóstolos. Aí encontramos expressões deste género: “Houve grande alegria naquela cidade… homens e mulheres começaram a receber o batismo… Pedro e João iam, então, impondo as mãos sobre eles, e recebiam o Espírito Santo…” (cf. At 8, 4-25). Todos eles conterrâneos – “discípulos”? – daquela tal samaritana a quem – alguns anos antes – Jesus “pro-vocara” e “con-vocara”, e que soube semear neles a primeira semente do Reino, trazido por aquele Profeta Jesus de Nazaré!
Mas, afinal – perguntamos nós – que classe de tesouro é este, que soube descobrir e transmitir aquela mulher samaritana no seu (in)oportuno encontro com o Profeta Jesus de Nazaré? Qual a “pérola de grande valor”? – Pois nada menos que a Fonte de Água Viva, conforme se relata noutra parte do mesmo Evangelho. “«Se conhecesses o dom de Deus e quem é Aquele que te diz: ‘Dá-Me de beber’, tu é que Lhe pedirias e Ele te daria água viva… E aquele que beber da água que Eu lhe der nunca mais terá sede: a água que Eu lhe der tornar-se-á nele uma nascente que jorra para a vida eterna»”… (Jo 4 / 3ª L.). «Nascente de água viva» que, já desde a antiga aliança, era prefigurada naquele “rochedo do monte Horeb… que, pela vara de Moisés, deixou brotar água… para beber todo o povo”… (Ex 17 / 1ª L). Porque, como noutra parte escreverá Paulo aos coríntios, “aquele rochedo era Cristo”. (cf. 1 Cor 10, 4).
Ora bem, com a Força desta água viva que jorra até à vida eterna, toda a conversão é possível e toda a transformação é certa e segura. É que esta “água viva” não é outra coisa que o mesmo Espírito, que Jesus nos dá a beber. As palavras autorizadas de Paulo o confirmam, na 2ª leitura de hoje: “O Amor de Deus é derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos é dado”… (Rm 5 / 2ª L.). «Bebamos» sempre dessa Água… «vivamos» sempre nesse Amor… «aspiremos» sempre esse Espírito!
Hoje, Senhor, ao ouvirmos a Tua voz,
não queremos fechar ou endurecer
os nossos corações, como em Gerasa
ou como nessa outra cidade de Cafarnaum…
Nós, como aquela “mulher do poço”
e como as gentes da sua terra,
preferimos antes a Tua água viva
do que outras águas estagnadas,
recolhidas em cisternas lamacentas…
porque nós queremos ter, como Tu, Jesus,
uma outra água e um outro alimento:
o alimento de fazer, antes da mais,
a Vontade do Teu e nosso Pai.
Vamos ouvir e escutar melhor
a Tua divina voz, Senhor Jesus,
voz que nos pro-voca, e nos con-voca
para fazer de nós Teus apóstolos enviados,
como aquela mulher samaritana,
o primeiro apóstolo entre as suas gentes…
Nós exultamos de alegria em Ti,
que és o nosso Deus e Salvador,
e sentimos como é bom sermos
filhos do Teu povo resgatado
e ovelhas do Teu rebanho,
que vivem sempre na Tua presença,
no louvor e perene ação de graças!…
[ do Salmo Responsorial / 94 (95) ]