
(Ciclo A – Domingo 3 de Páscoa)
«NÓS ESPERÁVAMOS…»
Na verdade, é mesmo triste conjugar em pretérito (imperfeito) um verbo que em si é positivo!… Eram dois discípulos (?), já desanimados e decididos a desertar, que iam afastando-se do grupo comunitário principal. E talvez porque, apesar de tudo, caminhavam juntos (“onde dois ou mais… aí estou Eu”), o mesmo Jesus – que já estava presente neles! – fez-se visível, embora “os seus olhos estavam impedidos de O reconhecerem”… (Jo 20). Também aqui, como em tantas ocasiões (por ex. se recordamos a reflexão acerca de Tomé) o desânimo, a perda da fé, a desesperança… apoderam-se mais facilmente dos corações quando estes se afastam da Comunidade ou vivem, conscientemente, à margem dela. E eles dizem-no claramente ao novo caminhante: “Nós esperávamos…”. (Que é como dizer, «agora já não esperamos… porque infelizmente, para nós, este sonho de salvação e de vida está acabado»).
É interessante constatar, porém, que, já na parte final do caminho e após ter re-vivido a Palavra através da reflexão de Jesus escutada atentamente, eles querem aumentar e reforçar o seu reduzido grupo de dois com a presença de mais um membro: “Fica connosco, porque o dia está a terminar e vem caindo a noite”… Parece que agora, o sentido e o valor da comunidade começam a ser mais importantes para eles: nesta altura acabam de ser “conquistados” para a causa comunitária, que antes não tinham captado ou compreendido.
É claro que só agora estão em condições de assumir e assimilar o que é fundamental em toda a comunidade ou família que se preze. Aquilo que constitui o sentido nuclear das verdadeiras e profundas relações humanas: o Amor – o próprio Jesus – DEUS! É o ponto culminante: “E quando Se pôs à mesa, tomou o pão, recitou a bênção, partiu-o e entregou-lho. Nesse momento abriram-se-lhes os olhos e reconheceram-n’O. Mas Ele desapareceu da sua presença”… Claro que Jesus, Deus, como dissemos, já estava com eles e neles, como não podia ser de outro modo, mas só agora – na mesa “eucarística”, comunitária, familiar – é que “O reconhecem… ao partir o pão”. E a consequência normal e direta (porque a comunidade autêntica nunca pode ficar fechada em si mesma) é sair para a missão: comunicar! “Partiram imediatamente de regresso a Jerusalém e encontraram reunidos os Onze e os que estavam com eles, e contaram o que tinha acontecido no caminho, e como O tinham reconhecido ao partir o pão” (Jo 20 / 3ª L.). Todo aquele que é testemunha, e vive a Fé pela Palavra e pela Eucaristia, de repente sente-se impulsionado a levar e contagiar a mensagem da Verdade que Salva.
E a Vida continua, naquelas primeiras comunidades cristãs – lembram-se? – e prossegue… e parece que já nada e ninguém pode parar esta força libertadora! Sim, porque os mesmos inimigos que mataram Jesus, ainda ali presentes, e outros mais… já não constituem qualquer estorvo o barreira para os discípulos daquele Jesus Vivo, no seu caminho e missão de proclamar, aos quatro ventos, a Verdade do Ressuscitado, e lançar-lhes na cara a realidade do seu pretenso “deicídio”(?). É que, aqueles que inicialmente foram cobardes e incrédulos, agora, após a infusão do Espírito de Jesus nos seus corações, são capazes de enfrentar sacrifícios, perseguições e até à própria morte, sem qualquer temor. E vemos como aqui é o próprio Pedro (“o primeiro evangelizador”) que fala aos judeus: “…vós destes-Lhe a morte, cravando-O na cruz pela mão de gente perversa. Mas Deus ressuscitou-O, livrando-O dos laços da morte, porque não era possível que Ele ficasse sob o domínio da morte”…(At 2).
Assim, cada um dos novos apóstolos da “Boa Nova” (“Evangelho”) pode agora proclamar, aplicando, com verdade o Salmo 15/16 como está a fazer a 1ª leitura. “O Senhor está sempre na minha presença, com Ele a meu lado não vacilarei. Por isso o meu coração se alegra e a minha alma exulta, e até o meu corpo descansa tranquilo”… Porque – e note-se que está a falar ainda desde a comunidade (de Jerusalém) – “Foi este Jesus que Deus ressuscitou, e disso todos nós somos testemunhas”… (At 2 / 1ª L.).
Agora dizemos-Te, Senhor: Tu és o nosso Deus,
a porção da nossa herança e do nosso cálice!
E quando algum sinal de desesperança
se aproxima da nossa comunidade,
talvez pela proximidade da mansão dos mortos,
lugar da negra escuridão e da corrupção…
então, a graça que traz o Teu Espírito
vem sempre aconselhar-nos, ó Senhor,
e está junto de nós a toda a hora do dia,
e até de noite nos inspira interiormente.
Se Tu estás sempre na nossa presença,
contigo, Senhor, ao nosso lado,
nunca iremos vacilar ou desanimar…
Porém, o nosso coração se alegra,
a nossa alma exulta de alegria,
e até o nosso corpo descansa tranquilo.
Sentimos sempre, Senhor, o teu calor
no seio das comunidades de batizados;
e conhecendo os caminhos da vida,
levamos o Teu Evangelho de Salvação
a todos os que esperam a Boa Notícia,
para todos sentirmos a alegria na esperança
da Tua presença plena e eterna, Senhor.
[ do Salmo Responsorial / 15 (16) ]
27 Abril, 2017
«NÓS ESPERÁVAMOS…»
Luis López A Palavra REFLETIDA 0 Comments
(Ciclo A – Domingo 3 de Páscoa)
«NÓS ESPERÁVAMOS…»
Na verdade, é mesmo triste conjugar em pretérito (imperfeito) um verbo que em si é positivo!… Eram dois discípulos (?), já desanimados e decididos a desertar, que iam afastando-se do grupo comunitário principal. E talvez porque, apesar de tudo, caminhavam juntos (“onde dois ou mais… aí estou Eu”), o mesmo Jesus – que já estava presente neles! – fez-se visível, embora “os seus olhos estavam impedidos de O reconhecerem”… (Jo 20). Também aqui, como em tantas ocasiões (por ex. se recordamos a reflexão acerca de Tomé) o desânimo, a perda da fé, a desesperança… apoderam-se mais facilmente dos corações quando estes se afastam da Comunidade ou vivem, conscientemente, à margem dela. E eles dizem-no claramente ao novo caminhante: “Nós esperávamos…”. (Que é como dizer, «agora já não esperamos… porque infelizmente, para nós, este sonho de salvação e de vida está acabado»).
É interessante constatar, porém, que, já na parte final do caminho e após ter re-vivido a Palavra através da reflexão de Jesus escutada atentamente, eles querem aumentar e reforçar o seu reduzido grupo de dois com a presença de mais um membro: “Fica connosco, porque o dia está a terminar e vem caindo a noite”… Parece que agora, o sentido e o valor da comunidade começam a ser mais importantes para eles: nesta altura acabam de ser “conquistados” para a causa comunitária, que antes não tinham captado ou compreendido.
É claro que só agora estão em condições de assumir e assimilar o que é fundamental em toda a comunidade ou família que se preze. Aquilo que constitui o sentido nuclear das verdadeiras e profundas relações humanas: o Amor – o próprio Jesus – DEUS! É o ponto culminante: “E quando Se pôs à mesa, tomou o pão, recitou a bênção, partiu-o e entregou-lho. Nesse momento abriram-se-lhes os olhos e reconheceram-n’O. Mas Ele desapareceu da sua presença”… Claro que Jesus, Deus, como dissemos, já estava com eles e neles, como não podia ser de outro modo, mas só agora – na mesa “eucarística”, comunitária, familiar – é que “O reconhecem… ao partir o pão”. E a consequência normal e direta (porque a comunidade autêntica nunca pode ficar fechada em si mesma) é sair para a missão: comunicar! “Partiram imediatamente de regresso a Jerusalém e encontraram reunidos os Onze e os que estavam com eles, e contaram o que tinha acontecido no caminho, e como O tinham reconhecido ao partir o pão” (Jo 20 / 3ª L.). Todo aquele que é testemunha, e vive a Fé pela Palavra e pela Eucaristia, de repente sente-se impulsionado a levar e contagiar a mensagem da Verdade que Salva.
E a Vida continua, naquelas primeiras comunidades cristãs – lembram-se? – e prossegue… e parece que já nada e ninguém pode parar esta força libertadora! Sim, porque os mesmos inimigos que mataram Jesus, ainda ali presentes, e outros mais… já não constituem qualquer estorvo o barreira para os discípulos daquele Jesus Vivo, no seu caminho e missão de proclamar, aos quatro ventos, a Verdade do Ressuscitado, e lançar-lhes na cara a realidade do seu pretenso “deicídio”(?). É que, aqueles que inicialmente foram cobardes e incrédulos, agora, após a infusão do Espírito de Jesus nos seus corações, são capazes de enfrentar sacrifícios, perseguições e até à própria morte, sem qualquer temor. E vemos como aqui é o próprio Pedro (“o primeiro evangelizador”) que fala aos judeus: “…vós destes-Lhe a morte, cravando-O na cruz pela mão de gente perversa. Mas Deus ressuscitou-O, livrando-O dos laços da morte, porque não era possível que Ele ficasse sob o domínio da morte”…(At 2).
Assim, cada um dos novos apóstolos da “Boa Nova” (“Evangelho”) pode agora proclamar, aplicando, com verdade o Salmo 15/16 como está a fazer a 1ª leitura. “O Senhor está sempre na minha presença, com Ele a meu lado não vacilarei. Por isso o meu coração se alegra e a minha alma exulta, e até o meu corpo descansa tranquilo”… Porque – e note-se que está a falar ainda desde a comunidade (de Jerusalém) – “Foi este Jesus que Deus ressuscitou, e disso todos nós somos testemunhas”… (At 2 / 1ª L.).
Agora dizemos-Te, Senhor: Tu és o nosso Deus,
a porção da nossa herança e do nosso cálice!
E quando algum sinal de desesperança
se aproxima da nossa comunidade,
talvez pela proximidade da mansão dos mortos,
lugar da negra escuridão e da corrupção…
então, a graça que traz o Teu Espírito
vem sempre aconselhar-nos, ó Senhor,
e está junto de nós a toda a hora do dia,
e até de noite nos inspira interiormente.
Se Tu estás sempre na nossa presença,
contigo, Senhor, ao nosso lado,
nunca iremos vacilar ou desanimar…
Porém, o nosso coração se alegra,
a nossa alma exulta de alegria,
e até o nosso corpo descansa tranquilo.
Sentimos sempre, Senhor, o teu calor
no seio das comunidades de batizados;
e conhecendo os caminhos da vida,
levamos o Teu Evangelho de Salvação
a todos os que esperam a Boa Notícia,
para todos sentirmos a alegria na esperança
da Tua presença plena e eterna, Senhor.
[ do Salmo Responsorial / 15 (16) ]