23a- Amor-essência de tudo

 (Ciclo A – Domingo da SS. TRINDADE – T. Comum)

AMOR – ESSÊNCIA DE TUDO! 

Na origem e no fim (sem origem nem fim!), dentro e fora, por baixo e por cima, antes e depois… ou, simbolicamente, no «Alfa et Omega»: aí está o essencial!

Quem não chegar a intuir, ou pelo menos aceitar, que o AMOR – só este que se escreve com letras grandes – é a essência de TUDO, e que está portanto “na origem” de tudo o que, alguma vez, começou a existir (!?)… este tal indivíduo terá perdido o sentido natural da sua vida e existência. Se for assim, que triste situação!

Percebe-se, então, que ao contemplarmos agora este sublime e transcendente Mistério – o mistério dos mistérios! – a que chamamos Mistério da “Santíssima Trindade”, embora sem o podermos compreender, teremos de estar preparados para o Amor, e dispostos a aceitar um “mistério de Amor”, irrenunciável!

Já nos primórdios do sentido religioso da história da “Humanidade”, e mesmo quando o sentir geral era considerar Deus como aquele Ser terrível, Juiz supremo – mesmo nos inícios bíblicos do AT – havia como que uma intuição: a Divindade tinha de ser “um Deus clemente e compassivo… cheio de misericórdia e fidelidade”… (Ex 34 / 1ª L.).

E uma vez ultrapassada aquela Antiga aliança, Jesus (Verbo Encarnado) ao estabelecer a Nova Aliança, revela-nos o mistério de Um Deus em Três Pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito. (“Ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”-Mt 28). Esta é a primeira revelação clara do mistério trinitário, isto é, que Deus é Uno e Trino, em simultâneo. Agora sabemos também, depois de uma elaboração teológica de vinte séculos, que o ambiente “natural” (sobrenatural?) das relações inter-Pessoais no seio da Comunidade Trinitária é, apenas e só, o AMOR. Porque o Amor mútuo entre o Pai e o Filho constitui a terceira Pessoa, o Espírito Santo, que será, também, essencialmente Amor. Bem sabemos que já o apóstolo João, numa das suas cartas (1 Jo 4, 8), havia tido aquela sagaz intuição: “Deus é Amor” – lembram-se? – como a melhor síntese das relações trinitárias.

Sendo assim, meus amigos, qual é o nosso sítio vital neste mistério?

Deveremos, antes de mais nada, deixar-nos envolver e penetrar pelo Amor. Por este Amor que, pelos vistos, é a “razão de ser” de tudo! Desde logo, temos o exemplo do Pai Deus que “amou tanto o mundo que entregou o seu Filho Unigénito, para que todo o homem que acredita n’Ele não pereça, mas tenha a vida eterna”… (Jo 3 / 3ª L.). E ficamos abismados ao contemplar o modo como o próprio Filho (“segunda Pessoa”) Se entrega só por Amor – livremente! – segundo a Vontade do Pai, que também é só por Amor, quer resgatar o desgraçado ser humano, “perdido” por vontade própria e pela sua “errática” liberdade.

A missão do Espírito (“terceira Pessoa”) será, por consequência, levar à perfeição do Amor esta Obra de Salvação, onde – como vemos – aparece implicada toda a SS. TRINDEADE. Está tudo bem claro na “saudação” conclusiva da “segunda carta” de Paulo aos Coríntios, “fórmula” já habitual entre aqueles cristãos, e com a qual o apóstolo, ao despedir-se de todos, encomenda-os à Graça (amigável) do Filho, ao Amor (fontal) do Pai e à Comunhão (unitiva) do Espírito: “A graça do nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam convosco”. (2 Cor 13 / 2ª L.).

Nada melhor, para nos deixarmos envolver e penetrar pelo Amor Trinitário e sermos permeáveis e dóceis à Sua Graça e Fidelidade, do que seguirmos o estilo de vida que nos traça a Palavra hoje, em vários aspetos. A começar pelo crer, admirar e adorar este Mistério de Deus, uno e trino: (“Diante do Senhor que passava… Moisés caiu de joelhos e prostrou-se em adoração…”-1ª L). Logo, caminhar com alegria pela senda do amor mútuo, que é o “vínculo da perfeição”: (“Sede alegres, trabalhai pela vossa perfeição, animai-vos uns aos outros, tende os mesmos sentimentos, para viverdes em paz…”-2ª L). E assim, tendo sempre como o melhor Amigo Cristo Jesus, enviado pelo Pai, encarnado como homem por obra e graça do Espírito Santo, temos já em nós a Vida Eterna: (“Quem acredita no Filho de Deus não perecerá, mas terá a vida eterna…”-3ª L).

 

Perante o mistério incompreensível

da Tua Divindade, Senhor, Deus uno e trino

mas confiados plenamente no Teu Amor,

não podemos nem sabemos fazer outra coisa

senão amar-Te e adorar-Te para sempre…

E assim, é este hoje o nosso Cântico de Louvor:

Bendito sejas, Senhor, Deus dos nossos pais:

digno de louvor e de glória para sempre!

Bendito o Teu nome glorioso e santo:

digno de louvor e de glória para sempre!

Bendito sejas no templo santo da Tua glória:

digno de louvor e de glória para sempre!

Bendito sejas no trono da Tua realeza:

digno de louvor e de glória para sempre!

Bendito sejas, Tu que sondas os abismos

e estás sentado sobre os Querubins:

digno de louvor e de glória para sempre!

Bendito sejas no firmamento do céu:

digno de louvor e de glória para sempre!

Bendito o Teu Amor criador, de Abbá, Pai-Mãe!

Bendito o Teu Amor salvador, de Filho, Jesus Cristo!

Bendito o Teu Amor santificador, de Espírito Santo!

            [ Salmo Responsorial / de: Dn 3 ]