
(Ciclo A – Domingo 13 -Tempo Com.)
A «SUNAMITA»… E O PROFETA!
“Certo dia, o profeta Eliseu passou por Sunam”. É assim que começa o relato da primeira Leitura de hoje, do 2 Livro dos Reis. Aliás, em todos os tempos posteriores, várias histórias e alguns romances inspiraram-se neste «episódio» bíblico… Pois naquela povoação vivia um casal, que não tinha filhos, ao que parece, pelo facto de “o marido ser já de idade avançada” (?). O caso é que o prémio que teve este matrimónio – sobretudo a mulher – por dar hospitalidade e tratar com amizade aquele “santo homem de Deus”, foi nada menos que, “no prazo do ano seguinte, ter um filho nos braços”. (2 Rs 4 / 1ª L.). Assim foi premiada pelo próprio Deus através de Eliseu, aquela mulher (conhecida como «sunamita», habitante de Sunam), que soube acolher e alimentar o profeta, enviado de Deus, como é devido, e como era hábito por aqueles tempos e latitudes…
Não é que as boas ações e aquela dedicação do casal em favor do profeta fossem feitas para obter aquela ou outra qualquer retribuição. Pelo menos, isso não aparece no relato. Porém, nesta situação – como em tantas outras – aparece clara a lição que Deus nos quer dar a todos, e que podemos resumir assim: «Nenhuma boa obra realizada nesta vida ficará sem recompensa». Bem é verdade que isto, no Antigo Testamento, interpretava-se como bens e retribuições deste mundo e nesta vida…
No entanto, ao chegar Jesus de Nazaré, na plenitude dos tempos (Novo Testamento), as coisas foram esclarecidas, completadas e aperfeiçoadas… como convinha à Missão do Profeta da Galileia. Na Sua doutrina e na Sua atitude, Jesus vem demonstrar que a recompensa e retribuição, pelo bem feito, ultrapassa estas fronteiras espácio-temporais e tem um sentido transcendente por estar fundamentada na fé no Além. O Evangelho de hoje oferece-nos algumas afirmações “radicais”, como por exemplo: “quem ama o pai ou a mãe mais do que a Mim, não é digno de Mim”; “quem perder a sua vida por minha causa, há de encontrá-la”; “quem receber um profeta… ou um justo… terá recompensa de profeta… ou de justo”; “quem der de beber, nem que seja um copo de água fresca, a um destes pequeninos, por ele ser meu discípulo, em verdade vos digo: Não perderá a sua recompensa»” (Mt 10 / 3ª L.). Expressões deste género só podem ter sentido e explicação se interpretadas à luz da transcendência, pela fé e esperança cristãs na vida futura.
Deveríamos saber, porém, que, no campo do Amor – que afinal é o essencial e o mais importante – o nosso proceder teria de ser sem olhar para a retribuição, sem termos em atenção as possíveis compensações… Todavia – e precisamente porque «somos humanos» – Deus sabe que não iríamos muito longe, no esforço, no trabalho… na luta, se não tivéssemos em perspetiva, no horizonte futuro, a garantia da recompensa que nos espera…
Nessa mesma linha de coerência e de exigência evangélica de Jesus, o apóstolo Paulo – escrevendo aos cristãos de Roma – traça, para todos nós, este esquema lógico e perfeitamente coerente: “Todos nós que fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte… Para que, assim como Cristo ressuscitou dos mortos, pela glória do Pai, também nós vivamos uma vida nova. Se morremos com Cristo, acreditamos que também com Ele viveremos… Assim, vós também, considerai-vos mortos para o pecado e vivos para Deus, em Cristo Jesus”. (Rm 6 / 2ª L.).
E já que a nossa recompensa vai associada à Glória de Cristo Jesus, em todos os sentidos, a nossa atitude de vida, cá na terra, terá que estar pautada pelo exemplo e a vida de Jesus. Porque, certamente, será «assim na terra como no Céu»!
Ainda que aquela mulher de Sunam foi presenteada com a melhor prenda que podia esperar – a maternidade –, os que conseguimos imitar e viver o exemplo de Jesus, que a Palavra de hoje nos apresenta, não somos menos ditosos, pois a nossa recompensa é de outra dimensão… Todavia: os nossos louvores à «sunamita»!
«A Bondade está estabelecida para sempre»,
é a Tua afirmação, Senhor, que o salmista
recolheu da Tua inspiração, desde muito antigo.
Mas seremos nós capazes de assumir
a transcendência desta realidade libertadora?…
Está aí, ó Pai, o fundamento da nossa salvação,
a base de todas as nossas recompensas…
Assim, cantamos eternamente as Tuas misericórdias
e para sempre proclamamos a Tua fidelidade
que no céu permanece sempre firme…
Na verdade, somos felizes quando Te aclamamos,
e quando caminhamos à luz do Teu rosto.
Em cada passo dado neste caminho, Senhor,
acompanha-nos, ensina-nos, ajuda-nos
a não antepor os interesses e gostos pessoais
às exigências do Amor, aos outros e a Ti.
Tu nunca Te deixarás ganhar em generosidade!
[ do Salmo Responsorial / 88 (89) ]
30 Junho, 2017
A «SUNAMITA»… E O PROFETA!
Luis López A Palavra REFLETIDA 0 Comments
(Ciclo A – Domingo 13 -Tempo Com.)
A «SUNAMITA»… E O PROFETA!
“Certo dia, o profeta Eliseu passou por Sunam”. É assim que começa o relato da primeira Leitura de hoje, do 2 Livro dos Reis. Aliás, em todos os tempos posteriores, várias histórias e alguns romances inspiraram-se neste «episódio» bíblico… Pois naquela povoação vivia um casal, que não tinha filhos, ao que parece, pelo facto de “o marido ser já de idade avançada” (?). O caso é que o prémio que teve este matrimónio – sobretudo a mulher – por dar hospitalidade e tratar com amizade aquele “santo homem de Deus”, foi nada menos que, “no prazo do ano seguinte, ter um filho nos braços”. (2 Rs 4 / 1ª L.). Assim foi premiada pelo próprio Deus através de Eliseu, aquela mulher (conhecida como «sunamita», habitante de Sunam), que soube acolher e alimentar o profeta, enviado de Deus, como é devido, e como era hábito por aqueles tempos e latitudes…
Não é que as boas ações e aquela dedicação do casal em favor do profeta fossem feitas para obter aquela ou outra qualquer retribuição. Pelo menos, isso não aparece no relato. Porém, nesta situação – como em tantas outras – aparece clara a lição que Deus nos quer dar a todos, e que podemos resumir assim: «Nenhuma boa obra realizada nesta vida ficará sem recompensa». Bem é verdade que isto, no Antigo Testamento, interpretava-se como bens e retribuições deste mundo e nesta vida…
No entanto, ao chegar Jesus de Nazaré, na plenitude dos tempos (Novo Testamento), as coisas foram esclarecidas, completadas e aperfeiçoadas… como convinha à Missão do Profeta da Galileia. Na Sua doutrina e na Sua atitude, Jesus vem demonstrar que a recompensa e retribuição, pelo bem feito, ultrapassa estas fronteiras espácio-temporais e tem um sentido transcendente por estar fundamentada na fé no Além. O Evangelho de hoje oferece-nos algumas afirmações “radicais”, como por exemplo: “quem ama o pai ou a mãe mais do que a Mim, não é digno de Mim”; “quem perder a sua vida por minha causa, há de encontrá-la”; “quem receber um profeta… ou um justo… terá recompensa de profeta… ou de justo”; “quem der de beber, nem que seja um copo de água fresca, a um destes pequeninos, por ele ser meu discípulo, em verdade vos digo: Não perderá a sua recompensa»” (Mt 10 / 3ª L.). Expressões deste género só podem ter sentido e explicação se interpretadas à luz da transcendência, pela fé e esperança cristãs na vida futura.
Deveríamos saber, porém, que, no campo do Amor – que afinal é o essencial e o mais importante – o nosso proceder teria de ser sem olhar para a retribuição, sem termos em atenção as possíveis compensações… Todavia – e precisamente porque «somos humanos» – Deus sabe que não iríamos muito longe, no esforço, no trabalho… na luta, se não tivéssemos em perspetiva, no horizonte futuro, a garantia da recompensa que nos espera…
Nessa mesma linha de coerência e de exigência evangélica de Jesus, o apóstolo Paulo – escrevendo aos cristãos de Roma – traça, para todos nós, este esquema lógico e perfeitamente coerente: “Todos nós que fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte… Para que, assim como Cristo ressuscitou dos mortos, pela glória do Pai, também nós vivamos uma vida nova. Se morremos com Cristo, acreditamos que também com Ele viveremos… Assim, vós também, considerai-vos mortos para o pecado e vivos para Deus, em Cristo Jesus”. (Rm 6 / 2ª L.).
E já que a nossa recompensa vai associada à Glória de Cristo Jesus, em todos os sentidos, a nossa atitude de vida, cá na terra, terá que estar pautada pelo exemplo e a vida de Jesus. Porque, certamente, será «assim na terra como no Céu»!
Ainda que aquela mulher de Sunam foi presenteada com a melhor prenda que podia esperar – a maternidade –, os que conseguimos imitar e viver o exemplo de Jesus, que a Palavra de hoje nos apresenta, não somos menos ditosos, pois a nossa recompensa é de outra dimensão… Todavia: os nossos louvores à «sunamita»!
«A Bondade está estabelecida para sempre»,
é a Tua afirmação, Senhor, que o salmista
recolheu da Tua inspiração, desde muito antigo.
Mas seremos nós capazes de assumir
a transcendência desta realidade libertadora?…
Está aí, ó Pai, o fundamento da nossa salvação,
a base de todas as nossas recompensas…
Assim, cantamos eternamente as Tuas misericórdias
e para sempre proclamamos a Tua fidelidade
que no céu permanece sempre firme…
Na verdade, somos felizes quando Te aclamamos,
e quando caminhamos à luz do Teu rosto.
Em cada passo dado neste caminho, Senhor,
acompanha-nos, ensina-nos, ajuda-nos
a não antepor os interesses e gostos pessoais
às exigências do Amor, aos outros e a Ti.
Tu nunca Te deixarás ganhar em generosidade!
[ do Salmo Responsorial / 88 (89) ]