8cc- «Ele batizar-vos-á no Espírito Santo e no fogo.

– A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico –

(Ciclo C – BATISMO do Senhor)

“Naquele tempo, o povo estava na expectativa e todos pensavam em seus corações se João não seria o Messias. João disse-lhes: «Eu batizo-vos com água, mas vai chegar quem é mais forte do que eu… Ele batizar-vos-á no Espírito Santo e no fogo» … Quando todo o povo recebeu o batismo, Jesus também foi batizado; e, enquanto orava, o céu abriu-se e o Espírito Santo desceu sobre Ele na forma corporal de uma pomba. E do céu fez-se ouvir esta voz: «Tu és o meu Filho muito amado: em Ti pus toda a minha complacência»”. (Lc 3,15-16.21-22 / 3ª L).

 

Resulta sempre interessante comparar os textos “paralelos” dos três evangelistas sinóticos (Mt, Mc, Lc). Neste texto, que relata o facto de Jesus ter sido batizado por João, quer as coincidências quer as diferenças têm o seu valor e significado. (Ainda que este relato também o apresenta o quarto evangelista, João). Os especialistas na interpretação bíblica coincidem ao afirmar que esta realidade apoia a “inspiração divina” da Escritura Sagrada, onde o Espírito Santo que inspira aos redatores bíblicos é Livre e Veraz, tanto nos textos coincidentes quanto nos diferentes. Na nossa reflexão, vamos incidir, especialmente, nas expressões que Lucas introduz e que completam as narrações dos outros dois sinóticos. Ou seja, algo que seria como ‘exclusivo’ de Lucas.

 

A – O evangelista Lucas tem a preocupação – ou boa previsão – de colocar o evento do batismo de Jesus enquanto está a descrever a última parte da «missão do precursor, João Batista». (Lc 3,2).

B – E assim, começa por dizer que “aquele povo”, que escutava a João, “estava na expectativa, e todos pensavam em seus corações se João não seria o Messias”. É um ‘pensamento’ explicável.

A – Podemos deduzir que a missão de João (atitude e pregação) era tão fiel à vocação recebida de Deus (“já desde o seio materno” / Lc 1,15-17) que o povo chegou a pensar se seria ele ‘o Cristo’.

B – Mais admirável ainda é a sua atitude de humildade e verdade “quando toma a palavra e diz: Eu batizo-vos com água, mas Ele batizar-vos-á com o Espírito Santo e com o fogo”. E vê-se logo que o tem bem assumido quando proclama noutra altura: “É Ele que deve crescer e eu diminuir” (Jo 3,30).

A – Mais ainda. Em palavras do sinótico Mateus, João não se considerava digno de batizar a Jesus, e “opunha-se dizendo: «Eu é que preciso de ser batizado por Ti, e Tu vens ter comigo?».(Mt 3,14).

B – A humildade e o amor à verdade de João puseram em destaque – com a importância que devia ter! – a Missão de Jesus enquanto Messias Salvador: Ele deveria ser mais forte com a fortaleza do Espírito, o tal aparecido “na forma corporal de uma pomba”; e “só Ele batiza no Espírito e no fogo”.

A – E, finalmente, Lucas, ao referir-se “à voz vinda do Céu”, escolhe a versão de Marcos, onde o Pai não diz “este é o meu…” mas, em diálogo direto: “«Tu és o meu Filho muito amado: em Ti…»”, para realçar que o Pai-Deus – “comprazido” – O proclama Seu Filho Amado, diante de todos!

B – Claro que, como sabemos, Jesus não precisava de ser batizado daquele modo. Fê-lo somente porque devia dar bom exemplo (“Convém que assim cumpramos toda a justiça”, disse Ele a João).

 

A-B: Podemos rezar conTigo, Jesus, tentando imitar a Tua “oração ao Pai no batismo”?

Ó Abbá, Pai nosso! Ainda não podemos dizer que tens em nós a Tua complacência,

embora nos sintamos ‘Teus filhos muito amados’ (pois isto já não depende de nós).

Não podemos deixar de Te agradecer, Pai, o nosso Batismo, esse sinal patente

pelo que nos transformas-Te – por Jesus e com Jesus – em “Teus filhos queridos”...

Com a humildade e verdade de João Batista, queremos “ouvir a voz do Esposo”,

para que “isso constitua a nossa alegria, uma alegria sincera e completa”!

       

 // PARA uma outra REFLEXÃO ALARGADA: http://palavradeamorpalavra.sallep.net