28cc- «Recordo-vos, irmãos, o Evangelho que vos anunciei...

– A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico –

(Ciclo C – Domingo 5 do T. Comum)

Recordo-vos, irmãos, o Evangelho que vos anunciei e que recebestes, no qual permaneceis e pelo qual sereis salvos, se o conservais como eu vo-lo anunciei; aliás, teríeis abraçado a fé em vão. Transmiti-vos em primeiro lugar o que eu mesmo recebi: Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras; foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras…”. (1 Cor 15,1-4 / 2ª L).

 

O conceito de “dualismo” – “matéria” e “espírito” – na filosofia e teologia (que os ‘filósofos gregos’ do tempo de S. Paulo consideravam já como «dois princípios ou realidades não subordináveis e irredutíveis entre si») constituía – entre outras várias – uma das “tentações” mais graves que a comunidade cristã de Corinto tinha de enfrentar naquele tempo. Paulo conhecia muito bem o perigo que esta doutrina filosófica constituía para os seus cristãos daquela comunidade, por sinal fervorosa, mas inserida naquele ambiente de paganismo helenista… É que não é fácil ter fé na ressurreição – de Cristo e dos seres humanos – aceitando, ao mesmo tempo, esse conceito de “dualismo”. Isso seria equivalente a assumir «a coexistência de dois princípios eternos, necessários e opostos», com as ‘inevitáveis’ consequências nefastas …

 

A – A primeira coisa que faz Paulo – neste capítulo 15, já no final da sua carta – é colocar no centro da sua doutrina (quer dizer, da doutrina que lhes anunciou desde o princípio, a doutrina de sempre!) colocar, aí no centro, o próprio “Evangelho”, inteiro e verdadeiro, sem recortes nem acréscimos!

B – Exatamente, é este “Evangelho de Jesus” que tem como eixo fulcral o Mistério da Ressurreição! Isto é, Cristo fez possível “o facto de o espírito – a alma – não poder morrer”, e, como tal, o ter de se unir à matéria – o corpo – ‘em glória’, o que nós proclamamos como «a ressurreição da carne»

A – Ou seja, todos os cristãos (não apenas os coríntios) somos obrigados a aceitar e tentar compreender esta dualidade (que não ‘dualismo’) no sentido cristão: a ‘matéria’ é entendida em função do ‘espírito’; portanto, o corpo subordinado à alma. Nunca vice-versa!

B – Então, bastará a fidelidade a este “Evangelho”, com tudo o que isso significa e exige, para termos resolvida a questão do Amor e da nossa Felicidade, por muito elevada e ambiciosa que seja.

A – A fidelidade a esse Evangelho supõe e exige (como “recorda” a Carta): “recebê-lo e conservá-lo tal como nos foi anunciado, e permanecer nele… Se não for assim, teríamos abraçado a fé em vão”.

B – E apresenta – em esquema – o itinerário vital de Jesus: “Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras; foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras”.     

A – O mesmo Paulo entende que o nosso “itinerário de vida” deve seguir o esquema vital de Jesus na sua passagem por esta terra. Ou seja: Dar exemploEvangelizarPaixão/MorteRessurreição.

B – Por isso, havemos de estar vigilantes para detetar, denunciar e rejeitar tanto pseudo-evangelho –surgido entre nós, nestes tempos nossos – que não é «o Evangelho de Jesus»; ao invés, vai sendo “recortado” à medida do nosso gosto, ‘eliminando’ as páginas onde apareça “ab-negação e cruz”! …

 

A-B: É verdade, Jesus. Se o Teu Evangelho é este que Paulo nos apresenta,

ainda estamos longe de aceitá-lo e vivê-lo na sua radicalidade, sem ‘recortes’!

Sinceramente: uns mais do que outros, andamos a fugir da tua Cruz

– quer dizer, das ‘nossas cruzes’ e de tudo o que significa “negação” –;

e fazemos ‘caso omisso’ da Tua palavra-chave, clara e radical (Mc 8,34 / e par.):

“Quem quiser seguir-Me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e venha coMigo”.

Senhor Jesus, tem compaixão de nós, e perdoa todos aqueles que, ‘desorientados’,

tentam viver e ‘amar’ – consciente e voluntariamente? – ignorando a Tua Cruz!   

                 

 // PARA uma outra REFLEXÃO ALARGADA: http://palavradeamorpalavra.sallep.net