– A PALAVRA, refletida ao ritmo Litúrgico –

(Ciclo C – Solenidade do CORPO e SANGUE de CRISTO)

 

“Irmãos: Eu recebi do Senhor o que também vos transmiti: O Senhor Jesus, na noite em que ia ser entregue, tomou o pão e, dando graças, partiu-o e disse: «Isto é o meu Corpo, entregue por vós. Fazei isto em memória de Mim»… «Este cálice é a nova aliança no meu Sangue…». Na verdade, todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes deste cálice, anunciareis a morte do Senhor, até que Ele venha”. (1Cor 11,23-26 / 2ª L.)

                                                                                            

Nesta parte da sua Carta à comunidade cristã de Corinto, Paulo alerta os fiéis coríntios acerca do risco de misturar – nas suas Assembleias Litúrgicas Cristãs – certos ritos pagãos helenistas com os próprios da liturgia cristã…  Parecia existir algum grupo que continuava a observar certas práticas cultuais do paganismo (de que lhes fala nestes capítulos: 8-13), junto com alguma influência suspeita das ‘refeições sagradas’ não cristãs; para já não falar do “frenesim delirante” de certos ritos (12,2-3) com os quais, os ‘fiéis de Corinto’, podiam confundir os verdadeiros carismas… Então, Paulo aproveita para lhes deixar, por escrito e de maneira clara e concisa, em que consiste o núcleo central e básico da Liturgia EUCARÍSTICA Cristã.

A – Mais uma vez temos a ocasião de constatar que – cá por estas nossas terras – a sabedoria humilde, mas inteligente e perspicaz, do povo cristão batizou estas Festas como ‘Corpo de Deus’!

B – Uma intuição preciosa! E assim, nós podemos registar aqui o que já noutra altura afirmámos: «Esta Festa do Corpo e Sangue de Cristo, ou “Corpo de Deus”, é a expressão de um Mistério que encerra – em carne e espírito – a loucura de uma Paixão que acaba em Amor Total»…

A – Ora, nem mais! E, conforme afirma o próprio Apóstolo, esta “Tradição” e “mandato” lhe “foi revelado” diretamente por Jesus (“eu recebi do Senhor o que também vos transmiti”), embora já tivesse sido transmitido aos ‘Doze’, aquando da Instituição da Eucaristia, naquela Última Ceia.

B – E mais uma vez, lembramos e atualizamos a realidade que exprime o facto de Jesus – desde aquela Sua ‘última e primeira(?) Ceia’ – ter “separado” o Corpo e o Sangue ao “Consagrar”, para significar a sua Morte, como sucede, aliás, ao separar o corpo do sangue num ‘vivente sanguíneo’.

A – É bem patente, para os cristãos, que, naquela Paixão e Morte de Cruz, Jesus entregou o Seu Espírito, isto é, morreu, quando todo o Seu Sangue – “derramado” – acabou por deixar Seu Corpo.

B – Como é que podemos e devemos interpretar, para nós, aqui e agora, essa exigente e radical “palavra de Jesus” (repetida duas vezes / no pão e no vinho): «Fazei isto em memória de Mim»?

A – Será que significa, apenas e só, repetirmos (com o ‘sacerdote’) as palavras dessa dupla consagração: “isto é o Meu Corpo”, “isto é o Meu Sangue”? Ou haverá mais qualquer coisa?…

B – Parece que – efetivamente – esse “mais qualquer coisa” que falta é o mais importante! Sim: deveremos repetir, não apenas as Suas palavras, mas sobretudo o gesto da Sua Vida: o Seu Caminho, em que foi entregando-Se – “gota a gota”(!) – até à morte de Cruz… e Ressurreição!

 

A-B: Ó Jesus, corpo-carne, sangue-fogo… mistério, loucura de um Amor Total! 

Sim, Tu és o “Corpo de Deus”, és «o Pão que os Anjos comem,

que aos mortais matas a fome, transformado em pão do homem»

Para nos alimentar de Ti, Jesus-Deus, temos de viver como “irmãos”,

porque «só os “filhos” comem este Pão, nunca ‘lançado aos cães’»…

«Bom pastor, Pão da verdade, leva-nos Tu para o Pai!»[da: «Sequência»].

 

// PARA uma outra REFLEXÃO ALARGADA: http://palavradeamorpalavra.sallep.net