– A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico –

(Ciclo A – Domingo 13 do T. Comum)

 

“Disse Jesus…: «Quem ama o pai ou a mãe mais do que a Mim, não é digno de Mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a Mim, não é digno de Mim. Quem não toma a sua cruz para Me seguir, não é digno de Mim»”. (Mt 10,37-38 / 3ª L.).

 

“Palavras” de Jesus que até podem “escandalizar” a muitos ou, quando menos, “chocar” a toda a gente. E, desde logo, podem resultar incompreensíveis à primeira vista… Será que se aplicam a todos, em geral, ou são exigidas apenas a alguns?… E de que tipo de amor, ou amores, se trata? … Parece, logo à partida, que se põe ao mesmo nível de relevância o amor aos que nos geraram e o amor aos que nós geramos… Seja como for, talvez valha a pena refletirmos sobre a questão de fundo!

 

A – Nesta ocasião, Jesus está a falar “aos seus apóstolos”, como querendo dar a entender que se refere preferentemente a eles, isto é, a um grupo de “escolhidos” de entre os “discípulos”…

B – Mesmo assim, quer a forma gramatical usada (“quem…”) quer o sentido e conteúdo da própria expressão (universal) parecem não admitir qualquer tipo de limitações ou exceções…

A – Mas, indo ao sentido “literal” das palavras, o que é que pode significar “amar mais” ou “amar menos”, pois se introduz um termo “comparativo”? (E dizem que «toda a comparação é odiosa»).

B – Há ainda uma outra coisa “estranha” que nos pode ajudar a compreender. Jesus coloca, logo a seguir às duas afirmações anteriores, esta de “tomar a nossa cruz para O seguir”. Como se quisesse dar a entender que cumprir e viver o anterior não vai ser precisamente fácil…

A – Porém, não deixa de ser evidente que quando amamos a uma pessoa ou coisa intensamente – por uma atração ou convicção natural – a verdade é que não aceitamos nenhuma ingerência pelo meio (!?).

B – Bom, aqui parece não se tratar tanto de optar por uma das partes e renunciar ou rejeitar a(s) outra(s), quanto de evitar que, o menos importante, para nós, nos afaste do mais transcendente!

A – Seja como for, aqui parece somos convidados (como que “obrigados”) a contrariar os nossos afetos (instintivos) mais fortes relativamente aos nossos entes mais queridos. Não é verdade? …

B – Pode parecer, mas não é bem assim. Se pensarmos com atenção, aqui não se exige “amar menos” senão “amar mais”, o que é muito diferente. Porque se queremos “amar mais”, isto é, aumentar o amor aos nossos “familiares”… basta “amarmos sempre mais a Deus”! Não é?

A – Bom, vistas assim as coisas, então quer dizer que “a chave” está em “Amar sempre mais…” para, assim, “nunca amar menos”! Claro. É que – nunca o esqueçamos – afinal, o Amor, Deus, é o único que não tem limites!…

B – É evidente que, se não fosse entendido assim, Deus estava numa espécie de contradição. Pois Ele diz (pela Palavra do Filho) «Amai-vos como Eu vos amo!», ou seja, “infinitamente”! Assim, já não se amará mais nem se amará menos. Porque onde o amor for infinito, não pode haver exclusividades, nem menospreços, nem…!

 

A/BSenhor Deus, «amar-Te sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos»

é, desde muito antigo (*), a tradução ‘antecedente’ do «Mandamento do Amor» de Jesus.

Agora importa que aprendamos a hierarquizar os diversos destinatários do nosso amor,

para pormos no lugar preferente o que é “Primeiro” e assim “o outro” ficará honrado…

Ajuda-nos, ó Pai nosso, a amar os nossos familiares com “o afeto” que Tu criaste.

E, a eles e a todos, sem distinção, com esse Amor generoso e infinito que Tu nos tens,

amor que nós Te dedicamos, Pai, “sobre todas as coisas”, com eterna gratidão…

(*)(Dt 6,5 / Lv 19,18).

 

// PARA uma outra REFLEXÃO ALARGADA: http://palavradeamorpalavra.sallep.net