Zc 9,910: “O teu Rei… vem a ti, humildemente montado num jumentinho… Ele destruirá os carros de combate… E anunciará a paz às nações…”. // Rm 8,13: “Se viverdes segundo a carne, morrereis; mas se pelo Espírito fizerdes morrer as obras da carne, vivereis”. // Mt 11,29-30: «Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração… Porque o meu jugo é suave e a minha carga é leve».

 

CO TEU REI VEM A TI, HUMILDEMENTE MONTADO NUM JUMENTINHO… ELE DESTRUIRÁ OS CARROS DE COMBATE… (Zc 9)

D «APRENDEI DE MIM, QUE SOU MANSO E HUMILDE DE CORAÇÃO… O MEU JUGO É SUAVE E A MINHA CARGA É LEVE» (Mt 11)

O SE VIVERDES SEGUNDO A CARNE, MORREREIS; MAS SE, PELO ESPÍRITO, MORRERDES ÀS OBRAS DA CARNE, VIVEREIS (Rm 8)

C – Mais uma vez, estamos perante o nosso «Deus pequeno, Deus imenso»! O ‘paradoxo’ do fraco, débil, humilde… capaz de vencer toda a força contrária, seja ela física ou espiritual.

O – É verdade. Mas como é possível entender que alguém, “montado num humilde jumentinho, filho de uma jumenta”, vai conseguir “destruir os carros de combate, os cavalos de batalha; e quebrar os arcos dos guerreiros…”?

C – É que são duas realidades opostas que se enfrentam: a dimensão espiritual, transcendente (embora em aparência ‘insignificante’) e a dimensão material de, apenas e só, força física (embora aparentemente ‘superpotente’).

O – Claro, então aparece Paulo que, em estilo clarividente, afirma com rotundidade: “A carne, em si mesma, só pode produzir morte, enquanto que o espírito gera sempre vida”. Não é assim?

D – Seja como for, meus amigos, quando “estiverdes cansados e oprimidos, vinde a Mim porque (nas lutas, mesmo parecendo outro ‘paradoxo’) o meu jugo é suave e a minha carga é leve”.

 

’ X — Aos poucos, vamos compreendendo o significado da nossa expressão “Deus pequeno, Deus imenso”. Logo à partida, pode parecer ‘um impossível’. É que nós, os humanos, gostamos dos ‘extremos’, e escolhemos apenas ‘um’, já que, ao serem opostos e excludentes – para o nosso entender limitado – o ‘outro’ fica de parte… Claro que ficamos com aquele que, ao nosso modo de ver, parece mais forte, mais famoso, mais rico, mais deleitável para os sentidos… Teríamos de conseguir penetrar até aquele nível de fundura onde, mesmo o que parece impossível, deixa de o ser… para conjugarem-se admiravelmente aqueles que julgamos ‘extremos incompatíveis’. E chegaremos a aceitar – até com certa naturalidade – que Deus seja omnipotente, omnisciente, omnipresente… precisamente enquanto se apresenta e age como pequeno, fraco, débil… E olhem que isto não é só questão de fé!  — Mas terás de ser Tu, Jesus, através do teu Espírito, quem nos guie, por essa ‘outra dimensão’, até atingirmos aquela fundura, onde as coisas veem-se “novas”!    

 

[] – ANTÍFONA(S) (~ ‘Mantra(s)’):

() – «Quem queira ser grande, quem queira ser o primeiro seja o escravo de todos, seja o mais pequeno. Eu não vim p’ra ser servido, Eu vim para servir e dar a vida por todos, para que todos possam viver(.x2) em plenitude (x3)»

() – «Na minha fraqueza tornas-me forte; na minha fraqueza tornas-me forte. Só no Teu amor me tornas forte. Só na Tua vida me tornas forte. Na minha fraqueza fazes-Te força em mim!» …

 

«TEXTOS» À LUZ DESTA PALAVRA

[ do Papa / da Bíblia / poesia / fábulas / provérbios / etc. ]

 

Papa Francisco – Acerca de: A humildade humana “abre o coração de Deus”

«A oração humilde obtém misericórdia.

Na parábola do fariseu e o publicano, vemos que ‘o fariseu reza a si mesmo’, numa atitude egoísta e vazia de conteúdo ao passo que o publicano, de modo humilde invoca piedade por saber-se pecador. É fundamental que o crente se interrogue não apenas sobre o “quanto reza”, mas que procure questionar-se acerca do modo, a forma, o “como reza”, ou melhor, como é que está o nosso coração…

A oração diante de Deus deve refletir o que somos. Eis alguns requisitos:

Primeiro, é preciso aprender a reencontrar o caminho para o nosso coração, recuperar o valor da intimidade e do silêncio, porque é ali que Deus nos encontra e fala. E isso obtém-se com a paz interior, que é difícil de alcançar hoje pelo constante “frenesim”.

Segundo, a humildade e simplicidade. Apenas a partir do interior, deste lugar íntimo e sagrado do encontro com Deus, é possível partir para o encontro com os outros. E aqui voltamos ao tipo de oração dos dois homens da parábola. Um, aparece no templo ‘seguro de si porque esqueceu o caminho do coração’. O outro, ‘apresenta-se numa atitude de humildade e arrependimento’ com uma simples oração: “Ó Deus, tende piedade de mim, pecador!”. Que bela oração esta! Vamos repeti-la todos, por três vezes (…).

O tipo de oração praticado pelo fariseu remete para a soberba da corrupção, quando se esquece o coração e apenas se pavoneia diante de si próprio no espelho. A soberba compromete toda a boa ação, esvazia a oração, afasta-nos de Deus e dos outros.

Se a oração do soberbo não chega ao coração de Deus, a oração humilde do miserável pecador ‘escancara o coração de Deus’.

Isto leva-nos a concluir: Deus tem uma fraqueza, tem como que uma debilidade total pelos humildes: diante de um coração humilde, Deus abre o Seu coração de par em par».

 [ Papa Francisco – Na Reflexão da Audiência geral – 4ªf. (Vaticano/01.06.2016) ]

 

Texto de S. João Crisóstomo (séc. IV) – Acerca de “A fraqueza de Deus…” partindo de “1Cor”.

“Por meio de homens ignorantes, a Cruz persuadiu, e mais: persuadiu a terra inteira. Não falava de coisas sem importância, mas de Deus, da verdadeira Religião, do modo de viver o Evangelho e do futuro juízo. De incultos e ignorantes, fez amigos da sabedoria. Vê como a loucura de Deus é mais sábia que os homens e a fraqueza, mais forte.

De que modo mais forte? Cobriu toda a terra, cativou a todos por seu poder. Sucedeu exatamente o contrário do que pretendiam aqueles que tentavam apagar o nome do Crucificado. Este Nome floresceu e cresceu enormemente, mas seus inimigos pereceram em ruína total. Sendo vivos, lutando contra o Morto, nada conseguiram. Por isso, quando o grego me chama de ‘morto’, mostra-se totalmente insensato, pois eu, que aos seus olhos passo por ignorante, me revelo mais sábio que os sábios. Ele, tratando-me de fraco, dá provas de ser o mais fraco. Tudo o que, pela graça de Deus, souberam realizar aqueles publicanos e pescadores, nem mesmo puderam imaginar os filósofos, os reis, numa palavra, todo o mundo perscrutando inúmeras coisas.

Pensando nisto, Paulo dizia: ‘O que é fraqueza de Deus é mais forte que todos os homens’ (1Cor1).

Com isso prova-se a pregação divina. Quando é que se pensou: doze homens, sem instrução, morando em lagos, rios e desertos, que se lançam a tão grande empresa? Quando se pensou que pessoas que talvez nunca houvessem pisado numa cidade, e, em sua praça pública, atacassem o mundo inteiro? Quem sobre eles escreveu, mostrou claramente que eles eram medrosos e pusilânimes, sem querer negar ou esconder os defeitos deles. Ora, este é o maior argumento em favor de sua veracidade.

O que é que dizem então a respeito deles? Que, preso o Cristo depois de tantos milagres feitos, uns fugiram e o principal deles o negou.

Donde lhes veio que, durante a vida de Cristo, não resistiram à fúria dos judeus, mas, uma vez ele morto e sepultado – visto que, como dizeis, Cristo não ressuscitou, nem lhes falou, nem os encorajou – entraram em luta contra o mundo inteiro? Não teriam dito, ao contrário: ‘O que é isto? Não pôde salvar-Se e vai proteger-nos agora? Ainda vivo, não Se socorreu a Si mesmo; e morto, vai-nos estender a mão? Vivo, não sujeitou povo algum, e nós iremos convencer o mundo inteiro, só com dizer seu Nome? Como não será insensato não só fazer, mas até pensar tal coisa?’

Por este motivo é evidente que, se não O tivessem visto ressuscitado e recebido assim a grande prova do Seu poder, jamais se teriam lançado em tamanha aventura”.

              [ Da Homilia sobre “A fraqueza de Deus é mais forte…”(1Cor 1,25) ]

 

// PARA outras REFLEXÕES AFINS:  http://palavradeamorpalavra.sallep.net