– A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico –

(Ciclo B – Domingo 12 do T. Comum)

 

“Irmãos: O amor de Cristo nos impele, ao pensarmos que um só morreu por todos e que todos, portanto, morreram. Cristo morreu por todos, para que os vivos deixem de viver para si próprios, mas vivam para Aquele que morreu e ressuscitou por eles”. (2Cor 5,14-15 / 2ª L.).

 

Na sequência do texto da semana passada (escatologia individual), Paulo entra agora no tema da “reconciliação”; o que ele chama “mistério” e “ministério” da reconciliação. E esse “amor” a que Paulo se refere não é o amor dele e dos coríntios por Cristo, mas é o amor de Cristo por eles e por todos os humanos… E este sim, este é um Amor diferente, amor Total, que nos urge, nos absorve, nos cativa, nos impacta, nos lança, nos impele, nos …

 

A – Quem entrega a sua vida, quem morre para evitar que outros morram com outra morte diferente e merecida, esse recebe normalmente o apelativo de ‘vicário’, pois morre ‘em vez de’ outro, ‘no seu lugar’. Fala-se, então, de ‘morte vicária’, em substituição de quem deveria morrer, para que este não morra.

B – Nós trocamos esse ‘termo’ pelo de “redentor”, “resgatador” ou “libertador”. Por isso, Cristo Jesus foi, é e será sempre o nosso Redentor e Salvador. E Paulo foi experto e lúcido nesta questão.

A – Utiliza, normalmente, argumentos de lógica coerente que ninguém pode refutar, embora, no início, possam parecer ilógicos“Um só morreu por todos, portanto, todos morreram”. À partida, parece um contrassenso, já que precisamente Jesus morreu para que os outros não morressem (!?).

B – Só que Paulo leva mais longe a sua coerência, ao jogar com os dois níveis de morte: morte corporal e morte espiritual. Ou seja, Cristo “aceitou” a sua morte (corporal) temporariamente, para que aos homens não lhes atingisse a morte (espiritual) eterna! Por isso é que “o amor de Cristo nos impele”!

A – E como que dando a volta ao argumento, diz: “Se Cristo morreu assim por todos os vivos, é para que estes deixem também de viver para si e vivam para Cristo”. Claro, tudo isto só tem sentido à luz da Ressurreição de Cristo Jesus, que acaba por ser o argumento fundamental e absoluto.

B – Quer dizer, entregar a nossa vida mortal por Ele, como Ele fez por nós! Isto seria apenas e só, um dever coerente de gratidão. ‘Dever’ que, para Paulo, vai unido ao de “dar a vida pelos outros”, seguindo precisamente o exemplo de Cristo (embora isto não apareça, explícito, no presente texto).

A – Mas há outras passagens do NT a confirmá-lo… Por exemplo, o texto do apóstolo João: “Assim como Jesus deu a vida por nós, também nós devemos dar a vida pelos nossos irmãos” (1Jo 3,16).

 

A/BNão seríamos capazes de apreciar e louvar as maravilhas desta vida na terra

se Tu, Jesus, não tivesses aceite a Vontade do Pai de Te ‘incarnares’ nesta vida...

Também sabemos que nunca poderíamos entregar ou dar a vida pelos outros

se não tivéssemos a força e o vigor do Teu exemplo, na Tua Paixão até à Cruz!

Sentimo-nos, Jesus, urgidosimpelidos e cativados por este Teu Amor infinito,

que nos renova e nos leva até dar a vida por Ti e pelos irmãos numa entrega total,

como é a Vontade misericordiosa do “Teu Pai e nosso Pai, Teu Deus e nosso Deus”.

 

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