– A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico –

(Ciclo B – Domingo 14 do T. Comum)

 

“Jesus dirigiu-Se à sua terra… Quando chegou o sábado, começou a ensinar na sinagoga … E ficavam perplexos a seu respeito. Jesus disse-lhes: «Um profeta só é desprezado na sua terra, entre os seus parentes e em sua casa». E não podia ali fazer qualquer milagre; apenas curou alguns doentes, impondo-lhes as mãos. Estava admirado com a falta de fé daquela gente”. (Mc 6,1-2.4-5 / 3ª L.).

 

Foi esta a primeira vez que Jesus – na sua vida pública – voltou à sua terra, Nazaré. E deve ter sido a primeira e a única, a julgar pelo que lemos também neste relato («De onde Lhe vem tudo isto?… Não é Ele o carpinteiro, filho de Maria, e irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? E não estão as suas irmãs aqui entre nós?»…). Mas sobretudo pelo que aconteceu no fim, e que Lucas regista na ‘passagem paralela’ deste episódio (Lc 4,29). Aí se diz que aqueles conterrâneos, indignados, “quiseram despenhá-l’O por um precipício”… Porém, antes de abandonar a sua terra, sem poder fazer milagres pela sua falta de fé, “curou alguns doentes impondo-lhes as mãos”. Com certeza que estes últimos seriam dos mais esquecidos e abandonados da aldeia, mas de uma fé simples!

 

A – Afinal, e para resumir toda esta situação, ficou famosa a afirmação de Jesus: «Um profeta só é desprezado na sua terra…»; ou, pelo menos, «não é bem recebido». Mas isto, a que pode ser devido?

B – Podemos pensar, em primeiro lugar, que alguma gente pode estar cheia de “preconceitos”. Achavam “a sabedoria que Jesus manifestava” como ‘não normal’ – na sua opinião! – tendo em conta o percurso da vida de Jesus na sua aldeia. (Se afinal – pensavam eles – era como ‘qualquer um de nós’!).

A – É evidente que, enquanto os indivíduos, ou os grupos, não se libertem de preconceitos acerca das outras pessoas (ou de ‘seja lá o que for’) estarão fechados a toda e qualquer verdade nova.

B – Há, no entanto, além do preconceito, uma outra causa para explicar isso de fechar os olhos à luz e se opor à real e patente verdade. É apoiar-se apenas no material, apostar só “na carne”…

A – Dir-se-ia, então, que ficamos fechados ao Espírito e ao espiritual, de maneira que só contaria para nós o que vemos ou tocamos. Por ex., os laços sanguíneos ou carnais: é o carpinteiro… filho de Maria… primo-irmão de Tiago, de José, de Simão, de Judas… e da outra parentela

B – Apenas e só conta – para esses tais – a dimensão espácio-temporal e/ou a dimensão ‘físico-química’… Mas a Escritura é reiterativa, clara e radical neste sentido. Tem expressões deste teor: «Ai daquele homem que se apoia apenas no homem, na carne, e não no Senhor Deus!». [cf.: Jr 17; Is 2; …].

 

A/BNinguém pode presumir ou orgulhar-se de estar livre de preconceitos…

Tu, Jesus, que conheces esta realidade nas pessoas, e foste vítima dela muitas vezes,

envolve-nos e penetra-nos com a luz do Teu Espírito, que desfaz toda a falsidade…

Nunca sejamos nós daqueles indivíduos, sobre os que nos alertam as Escrituras,

os tais “homens que se apoiam apenas e só noutros homens” em vez de em Deus!

E que saibamos, Jesus, pôr os laços humanos e de sangue no seu lugar próprio.

 

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