– A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico –

(Ciclo B – Domingo 21 do T. Comum)

 

Irmãos: Submetei-vos uns aos outros pela submissão que tendes a Cristo: as mulheres, aos seus maridos como ao Senhor, porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da Igreja… Assim devem os maridos amar as suas mulheres, como os seus corpos… Ninguém, de facto, odiou jamais o seu corpo, antes o alimenta e lhe presta cuidados, como Cristo à Igreja… É grande este mistério, mas digo-o em relação a Cristo e à Igreja”. (Ef 5,21-23.28-32 / 2ª L.).

 

Este é um dos textos ‘paulinos’ controversos, relativamente à mútua relação entre a mulher e o homem (*)… Desde logo, haverá que partir sempre da natureza inscrita no ser humano enquanto binómio sexual homem e mulher… E neste sentido, por exemplo, constatam-se ‘ditos papulares’, já desde antigo, tais como: «Os homens são todos iguais» (que repetem as mulheres, e também alguns homens?); ou «As mulheres são piores que os homens» (que dizem as próprias mulheres, e também alguns homens?); etc. Seria interessante conhecermos o que os especialistas na matéria têm a dizer acerca do porquê destes ‘ditos’ repetidos!… Não acham?… Além desta Reflexão.

(*) – Embora a Carta ‘aos Ef não se atribua à autoria de Paulo, considera-se ‘paulina’ pela sua doutrina.

 

A – O tema do nosso texto começa por uma exortação ou conselho que abrange a todos, é universal: “Sede submissos uns aos outros pela dependência de Cristo”.

B – Assim sendo, uma coisa fica assente: A certeza de que, o que vem a seguir, ainda que pareça referido à mulher ‘ou’ referido ao homem, deve ser aplicado aos ‘dois’, por igual e simultaneamente…

A – Porém, logo a seguir – tal como em textos de outras Cartas de Paulo – insiste-se, com alguma reiteração (!?), na submissão da mulher ao homem (e não vice-versa!).

B – Há especialistas bíblicos que ‘desculpam’ esta atitude de Paulo pelo facto de, naqueles tempos e lugares, terem surgido conflitos, com certa frequência, tendo como causa um excessivo protagonismo feminino conflituoso nas ‘assembleias cristãs’

A – Aliás, parece que – noutros ambientes mais ou menos próximos da ‘igreja’ – havia condutas censuráveis ‘em mulheres’, quer da alta quer da baixa classe social…

B – Ambos motivos podem ser válidos como explicação para algumas das expressões paulinas. No entanto, noutros textos de Paulo (onde já não se duvida da sua autoria) aparece como defensor da dignidade da mulher face ao homem, dando-lhe dignidadeprotagonismo ‘iguais’.

A – Por exemplo, quando se refere a certas mulheres, suas colaboradoras, para as “louvar” e “recomendar” pelo seu intenso compromisso cristão e eclesial: Febe (a ‘diaconisa’), Júnia, Maria, Trifena, Trifosa, Pérside, Júlia, Priscila (ou Prisca)… (ver: Rm 16,1-15).

B – O que fica claro, e definitivo, é que, Paulo teve de lutar – contra a corrente de vento e maré – para, partindo dos costumes da época, conseguir colocar, em pé de igualdade, a dignidade da mulher e do homem. [Cf.: Estudos do Papa Bento XVI (Joseph Ratzinger); e de Santa Teresa Benedita da Cruz (Edith Stein)].

 

A/BAqui estamos, “vivemos e existimos”, Senhor, como Tu nos geraste na Tua Criação…

Então, que saibamos assumir-nos, cada um de nós, no que somos a “nível sexual”…

E pedimos a Tua Graça para aceitarmos aqueles outros, que são “diferentes”…

Que tentemos defender a sua igual dignidade desde as nossas diferenças como irmãos.

 

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