– A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico –

(Ciclo B – Domingo 23 do T. Comum)

 

“Então se abrirão os olhos dos cegos e se desimpedirão os ouvidos dos surdos. Então o coxo saltará como um veado e a língua do mudo cantará de alegria. As águas brotarão no deserto e as torrentes na aridez da planície; a terra seca transformar-se-á em lago e a terra árida em nascentes de água”. (Is 35,5-7 / 1ª L.).

 

No livro das profecias de Isaías, este texto vai incluído naquela parte breve (de apenas dois capítulos) considerada e denominada, como «pequeno apocalipse». Ou seja: (1) um julgamento solene; (2) um castigo do inimigo (Edom, neste caso); e (3) o triunfo do povo fiel (‘regresso a Sião’). O texto pertence, concretamente, a esta última parte.

 

A – Quando chega o «momento apocalíptico», aparece como possível e real aquilo que, à partida, parecia mesmo impossível! Mas, o que será, então, uma “situação apocalíptica”?…

B – Estas realidades ‘paradoxais’ – anunciadas desde antigo – só se cumpririam a partir de Jesus de Nazaré. Assim, não é de estranhar que aquela gente dissesse, após a cura do surdo-mudo (no Evangelho de hoje): “Tudo o que Ele faz é admirável!” …

A – É verdade. Porque “abrir os olhos dos cegos e desimpedir os ouvidos dos surdos” só o pode fazer quem tem Deus consigo, isto é, Jesus Cristo, que inicia, assim, ‘o apocalipse final’!

B – Quem seria capaz de fazer com que “o coxo saltasse como um veado e que a língua do mudo cantasse de alegria”, a não ser Quem criou também o ‘salto’ e a ‘música’?

A – E quando “as nascentes de água” inundam tudo quanto é “deserto… terra árida… aridez da planície”… isso é reflexo de outra profecia (‘apocalíptica’): “Olhai, não o notais? – é Deus a falar e a fazer – Algo novo está a nascer. Brotará água no deserto”. (Is 43,18-19).

B – E se isto ainda não chega, pense-se também naqueloutra, do mesmo profeta (Is 11,6), onde, quando chegar o Reino Messiânicoa ‘convivência’ total, entre todos os seres vivos, será perfeita! …

A – Sim. Mesmo que pareçam as coisas mais inverosímeis e irrealizáveis (“o cordeiro com o lobo”, “o leopardo e o cabrito”, “o novilho com o leão”… “a criança a brincar com a víbora ou na toca da serpente”…) transformar-se-ão nas coisas mais normais e naturais do mundo!

B – O poder de Deus sempre o teremos connosco! Poderá faltar apenas, ‘da nossa parte’: a Fé necessária, a Confiança plena, o Amor incondicional! Mas, quando chega esta nossa colaboração, tudo será feito!

 

A/BAfinal, deduzimos, ó Pai, que a Tua Criação ‘é como uma grande brincadeira’,

e Tu, no meio dela, a brincar connosco e com as outras criaturas…

Importa é sabermos ‘entrar’ (conTigo) nesse “imenso e enigmático Jogo”,

como entrou Jesus, Teu Filho, e como entrou Maria, nossa Mãe…

No «jogo do eixo»: às vezes, outros saltam por cima de nós (Tu também!?)

– isto é como a secura do deserto ou como a noite dos olhos cegos –

e outras, somos nós a saltar por cima dos outros (também por cima de Ti!?)

– é quando a água surge no deserto e a luz estala nos olhos apagados –.

E porque o jogo continua, ó Deus e Pai nosso, contamos com a Tua Graça:

que saibamos ‘atingir’ e ‘entrar’ nessa “grande e misteriosa brincadeira”;

pois para sentirmos a alegria de brincar, e para ‘ganharmos’ neste jogo,

precisamos de ter essa: Fé necessáriaEsperança firme e Amor total!

Então, tudo será possível, porque, na Verdade, Tu “fazes tudo novo”! 

 

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