– A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico –

(Ciclo C – Domingo 5 de PÁSCOA)

 

“Dizia Jesus aos seus discípulos: «… Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros. Como Eu vos amei, amai-vos também uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros»”. (Jo 13,34-35 / 3ª L).

 

Situemo-nos no fim da “última Ceia”, ‘à sobremesa’ daquele derradeiro jantar, em que Jesus – após a saída do cenáculo de Judas o traidor – fala agora aberta e francamente desta “Sua Hora” e faz a Revelação de Si mesmo através do ‘grande sinal’: Paixão, Morte e Ressurreição! É o que conhecemos como o Discurso de Despedida; e que João, o autor inspirado deste Evangelho, como tal “discípulo amado” bem próximo de Jesus (“apoiado naturalmente sobre o Seu peito”/13,25) vai descrevendo com calma e pormenorizadamente… E o modo como João estrutura o seu ‘quarto Evangelho’, em duas partes, é este: na I (caps. 1 a 12) é a manifestação de Jesus ‘ao mundo’; e na II (caps. 13 a 21) a manifestação de Jesus ‘aos Seus’. Estamos, portanto, no início desta revelação de Jesus aos Seus discípulos

 

A – Não é difícil, para qualquer ser humano – e Jesus era humano em grau sumo – imaginar esse estado de ânimo, anterior à passagem desta vida para o Além; estado em que surgem sentimentos tão aparentemente opostos comoperturbação e pazagitação e calma espiritualcomoção e fundura.

B – Não esqueçam que estamos nas horas prévias àquela “terrível agonia” de Jesus no Horto das Oliveiras. E esses ‘sentimentos díspares’ tomam posse d’Ele como em todo o ser humano normal.

A – O sentir comum do povo sabe e comenta que, nesses momentos específicos prévios à morte, as pessoas costumam ser altamente sinceras e verdadeiras, livres de toda a barreira e preconceito…

B – Naquela ocasião – única e culminante para Jesus – intuímos que está a deixar falar o próprio Coração, humano-divino. Diríamos, melhor, Ele deixa-Se atingir até ao mais essencial do seu Ser: que é exatamente o Amor. Lembremos a definição de Deus que dá João“Deus é Amor” (1Jo 4,8).

A – Será isto que o próprio Jesus queria dizer quando manifestou “É chegada a minha hora”? – Pois só neste sentido se justificaria: o conteúdo radicalessencial, das suas Palavras em volta do Amor.

B – Claro. Só assim, nesta fase final, pode deixar-nos o Seu mandamento Novo do Amor «Amai-vos uns aos outros como Eu vos amo!». E para nós, a medida desse “amai-vos” é o Seu “vos amo”!

A – Mas, digo eu, onde é que está ‘a novidade’ deste mandato ‘novo’, se já no AT estava mandado “amarás ao próximo como a ti mesmo”? (Lv 19,18). Tinha-o ordenado Javé-Deus, o Deus de sempre!

B – Sim, mas agora, por vontade do mesmo Deus, o seu Filho quer demonstrar a todos que esse “como a ti mesmo” não pode ser o limite para o que não tem limite. E o Amor só pode ter por limite o próprio Amor, que é ilimitado. Ou seja: uma entrega total e definitiva pelo ser amado!

A – Que é exatamente o que faz Jesus na Sua Paixão e Morte de Cruz!… Então (como dizia Jesus) «quem puder entender que entenda!»… E se alguém não for capaz, tem um problema que deverá tentar resolver!

 

A-B: Olha, Jesus, precisamente pela dificuldade que sentimos para amar

“como Tu nos amas”, compreendemos o longe que ainda estamos de fazer

realidade que “o nosso amor de irmãos” nos identifique como “Teus discípulos”!

Já temos, Jesus, o Teu exemplo supremo de Amor, que ninguém pode negar!

Que mais podemos pedir?… Então, deixa que ousemos pedir o que Tu desejas:

Venha connosco o Teu Divino Espírito para incendiar, de vez, o nosso coração! 

 

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