– A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico –

(Ciclo C – ASCENSÃO do Senhor / 7 de Páscoa)

“«Na verdade, João batizou com água; vós, porém, sereis batizados no Espírito Santo, dentro de poucos dias… Recebereis a força do Espírito Santo, que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém e em toda a Judeia e na Samaria e até aos confins da terra»”. (At 1,5.8 / 1ª L).

 

Segundo o autor Lucas (neste início do seu segundo livro, os Atos dos Apóstolos) Jesus, “após ter dado aos discípulos muitas provas de estar vivo e ressuscitado, aparecendo-lhes durante quarenta dias e falando-lhes do reino de Deus… mandou-lhes que não se afastassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai”… Porém, os discípulos continuam sem entender, já que ainda estão a pensar na “restauração do reino de Israel”. Ora bom, Jesus dá agora por terminada a Sua missão na terra, e “ascende” para o Céu, deixando ao Espírito Santo a missão de continuar a instauração do “reino”… que não é ‘reino de Israel’, mas o Reino de Deus!

 

A – Jesus, já Ressuscitado, tem falado, nestes últimos dias, de “o Espírito Santo”, que será enviado – da Sua parte e da parte do Pai – para abrir o Entendimento dos discípulos, que ainda não são capazes de “entender” muitas coisas importantes…

B – E hoje diz-lhes que devem esperar “a promessa do Pai”: que, muito em breve, o Espírito Santo, que procede do Filho e do Pai, começará a ser – como já vimos – o “protagonista principal”, no nascimento, crescimento e consolidação da Igreja de Cristo, que não é outra coisa senão o tal “Reino de Deus” na terra!

A – Mas, como é que somos ‘gerados’? Ou, então, qual é o nosso ‘nascimento’ nesta Igreja de Cristo? Será que esta é a primeira ação do Espírito Santo como protagonista e promotor?

B – Todos os cristãos sabemos (ou não?) que é pelo sacramento do Batismo que somos gerados e nascemos à Fé em Cristo Jesus. E isso acontece «Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo».

A – No entanto, Jesus esclarece que “este batismo com água” (que vem desde João Batista) já não seria suficiente se – após a Ressurreição de Jesus – não fôssemos “batizados no Espírito Santo”.

B – O próprio João Batista, quando exercia a sua missão de precursor do Messias Jesus, dizia alto e claro, para todos ficarem a saber: “Eu batizo-vos em água, mas vai chegar Alguém mais forte do que eu … Ele há de batizar-vos no Espírito Santo e no fogo” (Lc 3,16). Então: água, Espírito, fogo!

A – Bom, já somos cristãos. Mas, qual o efeito ‘missionário’ a produzir em nós esse Batismo? Ou – utilizando a expressão do Papa Francisco – «somos missão» de quê? – Também isto aparece claro no texto.

B – Efetivamente: “Ao recebermos a força do Espírito Santo, que descerá sobre nós, seremos testemunhas de Jesus Cristo… até aos confins da terra”Ou seja, «somos a missão» de sermos testemunhas!

A – Não esquecendo (como víamos há poucas semanas atrás, na morte de Estêvão) que «ser testemunha» leva, na sua ‘etimologia’ primitiva, o sentido de “mártir” – “dar a vida, de vez” se for o caso –!

 

A-B: Com a Tua atitude, Jesus, de concluir a Redenção que tinhas para realizar na terra

e deixar que Outro – o Espírito Santo – continue a Sua Obra de Santificação,

estás a dar-nos exemplo de como devemos ser humildes, simples e francos!

Que saibamos, Jesus seguir esse exemplo, vivido também por João Batista:

Assim como “ele diminuiu para Tu cresceres”, e Tu ‘saíste’ para ‘entrar’ o Espírito,

nós – chegado o momento – devemos deixar fazer aos outros, para ‘eles crescerem’.

E, longe de nós, Jesus, considerarmo-nos, nem minimamente, ‘imprescindíveis’!

É que também isto nos ensina o Espírito, desde a sua ‘Ação feita sem ser notada’.

 

 

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