Ez 33,7-9: “Eis o que diz o Senhor: «Filho do homem, coloquei-te como sentinela na casa de Israel. Quando ouvires a palavra da minha boca, deves avisá-los da minha parte… Se tu avisares o ímpio, para que se converta do seu caminho, e ele não se converter, morrerá nos seus pecados, mas tu salvarás a tua vida»”. // Rm 13,8-9: “Irmãos: Não devais a ninguém coisa alguma, a não ser o amor de uns para com os outros, pois, quem ama o próximo, cumpre a lei… De facto, todos os mandamentos resumem-se nestas palavras: «Amarás ao próximo como a ti mesmo»”. // Mt 18,15-17: “Disse Jesus aos seus discípulos: «Se o teu irmão te ofender, vai ter com ele e repreende-o a sós. Se te escutar, terás ganho o teu irmão… Se não, toma contigo mais uma ou duas pessoas… Se ele não lhes der ouvidos comunica o caso à Igreja…»”.

 

D – «FILHO DO HOMEM… QUANDO OUVIRES A PALAVRA DA MINHA BOCA, DEVES AVISÁ-LOS DA MINHA PARTE…» (Ez 33)

C – DISSE JESUS AOS DISCÍPULOS: «SE O TEU IRMÃO TE OFENDER, VAI TER COM ELE E REPREENDE-O A SÓS…» (Mt 18)

O – IRMÃOS… NÃO DEVAIS A NINGUÉM COISA ALGUMA, A NÃO SER O AMOR DE UNS PARA COM OS OUTROS… (Rm 13)

 

C – Sem dúvida, são palavras exigentes e radicais, quer as mais antigas (no profeta Ezequiel) quer as palavras do próprio Jesus, dirigidas aos discípulos, isto é, a todos nós…

– Claro que se conseguíssemos “não dever nada a ninguém” como diz Paulo, ou seja, nunca ofender-nos uns aos outros, não seria preciso perdoar e corrigir a ninguém, o que, na verdade, nos custa bastante(!?).

– E reparai bem que não se trata apenas de “perdoares a quem te ofendeu”, o que, já por si, é difícil. Mas de procurar ir ter com ele para tentar que compreenda o seu erro e corrija a sua atitude!

– Certamente, o que mais custa – nestes tempos, que são os nossos – é ter de avisar a alguém de que cometeu esta o aquela falta ou que deve evitar tal o qual defeito. Parece ‘mais prático’ reconhecer apenas o que ele faz de bom e a sua virtude, e ficar por aí… Não é verdade?

– No entanto, a Palavra – de hoje e de sempre! – dá a entender que isso não é suficiente. Embora haja quem pense que bastará reconhecer o que é positivo na vida do nosso próximo, para conseguir que ele evite os erros e corrija os defeitos…

– Mas… olhem que a Palavra de Deus é clara. Ela não pode ser modificada segundo o nosso gosto, nem podemos “apagar” – ou “arrancar”! – essas páginas das Escrituras (Sagradas!) pelo facto de as não entendermos, ou porque nos incomodam ou contrariam!

– Sim, “a Palavra” aí está, e continua a ser “aquela espada de dois gumes que penetra até à divisão da alma e do corpo, das articulações e das medulas, e discerne os sentimentos e intenções do coração”, como proclama – com ousadia inteligente – o autor da Carta aos hebreus. (Hb 4,12).

 

 X — Eu tenho medo, ou pelo menos um certo receio, de me deixar (nos deixar) levar pela corrente fácil que, em todo o momento da nossa vida social (‘sociedade do bem-estar’) , pretende apresentar-nos o que é mais prazenteiro e divertido como o melhor e principal objetivo a perseguir sempre. E quando isto não pareça muito correto, a própria inércia mundana e demoníaca se encarrega de no-lo disfarçar com roupagens até de ‘espiritualidade’ (como nos mostra o ‘diálogo’ anterior). Nesta questão de “corrigir o teu irmão”, é natural que se prefira ‘olhar para outro lado’, e deixar andar. ‘Quem me manda complicar a vida, a dos outros e sobretudo a minha!?’. Sim, porque, na verdade, as consequências nefastas para quem “denuncie a mentira e o mal” são bem patentes na Palavra (já desde muito antigo) «pelas perseguições e a mortes». É isso que aconteceu à maior parte dos «profetas de Deus». E para algum deles foi terrível!…  — Ajuda-nos Tu, Jesus, ‘Profeta dos profetas’, que tiveste ainda pior sorte do que a dos mais fiéis e desgraçados desses profetas… E que saibamos entender e assumir esta Palavra“Se tu não falares ao ímpio para o afastar do seu caminho, o ímpio morrerá por causa da sua iniquidade, mas Eu pedir-te-ei contas da sua morte”(Ez 33)Pois isto seria ainda mais terrível!  

 

 [] – ANTÍFONA(S) (~ ‘Mantra(s)’):

() – «No entardecer desta vida, hei de responder pelo Amor» (2) …     [S. João da Cruz]

() – «O amor, para ser autêntico, tem que doer, tem que doer, tem que doer» (2) …

() – « – Se de Ti me afastei sem luz e sem fé, Senhor, tem piedade! – Por não ser

        testemunha fiel do Amor, ó Cristo, piedade! – Quando não soube dar a paz ao

         irmão, Senhor, tem piedade» …

 

«TEXTOS» À LUZ DESTA PALAVRA

do Papa / da Bíblia / Outros ]

            — Papa Francisco –  Acerca da: Correção fraterna

«… Neste Evangelho (Mt 18), Jesus nos ensina que se o meu irmão comete um pecado contra mim, eu devo ter caridade para com ele e, antes de tudo, falar pessoalmente com esta pessoa, explicando-lhe que o que disse ou fez não é bom. Se o irmão não me ouvir, Jesus sugere uma ação progressiva: primeiro, voltar a falar com ele com outras duas ou três pessoas; se, não obstante isso, ele não acolher a exortação, é preciso dizer à comunidade; e se não ouvir sequer a comunidade, é preciso fazer com que sinta a fratura e o distanciamento que ele mesmo provocou…

Neste itinerário é preciso evitar a fofoca da comunidade, e que a atitude deve ser de delicadeza, prudência, humildade, atenção para com quem pecou, de maneira a evitar que as palavras possam ferir e matar o irmão…

Vocês sabem que as palavras matam: quando falo mal, faço uma crítica injusta, isso é matar a fama do outro…

E fazer a correção com discrição, para não mortificar inutilmente o irmão pecador. O objetivo é ajudar o irmão a perceber o que ele fez. Isso também nos ajuda a libertar-nos da ira e do ressentimento que nos fazem mal e que nos levam a insultar e a agredir. Insultar é feio. Nada de insultos. Insultar não é cristão…

Na realidade, diante de Deus, somos todos pecadores e necessitados de perdão. Jesus, de facto, disse-nos para não julgar. A correção fraterna é um serviço recíproco que podemos e devemos fazer uns aos outros. E é possível e eficaz somente se cada um se reconhece pecador e necessitado do perdão do Senhor. A mesma consciência que me faz reconhecer o erro do outro, ainda antes, me lembra que eu mesmo errei e erro tantas vezes …

Entre as condições que são comuns dos que participam na Celebração Eucarística, duas são fundamentais: que todos somos pecadores e que a todos Deus dá a sua misericórdia.

Devemos lembrar-nos sempre disso, antes de corrigirmos fraternalmente o nosso irmão».

 [Papa Francisco – Angelus – (07.09.2014)]

 

// PARA outras REFLEXÕES AFINS:  http://palavradeamorpalavra.sallep.net