
Sr 28,2-4: “…Perdoa a ofensa do teu próximo e, quando o pedires, as tuas ofensas serão perdoadas. Um homem guarda rancor contra outro e pede a Deus que o cure? Não tem compaixão do seu semelhante e pede perdão para os seus próprios pecados?…”. // Rm 14,7-9: “Nenhum de nós vive para si mesmo e nenhum de nós morre para si mesmo. Se vivemos, vivemos para o Senhor, e se morremos, morremos para o Senhor… Na verdade, Cristo morreu e ressuscitou… pelos vivos e os mortos”. // Mt 18,32-35: “«…Então, o seu senhor mandou-o chamar e disse: ‘Servo mau, perdoei-te tudo o que me devias, porque mo pediste. Não devias, também tu, compadecer-te do teu companheiro, como eu tive compaixão de ti?’. E o senhor, indignado, entregou-o aos verdugos… Assim procederá convosco o meu Pai celeste, se cada um de vós não perdoar a seu irmão de todo o coração»”.
D – «…PERDOA A OFENSA DO TEU PRÓXIMO E, QUANDO O PEDIRES, AS TUAS OFENSAS SERÃO PERDOADAS…» (Sr 28)
C – NÃO DEVIAS, TAMBÉM TU, COMPADECER-TE DO TEU COMPANHEIRO, COMO EU TIVE COMPAIXÃO DE TI? (Mt 18)
O – SE VIVEMOS, VIVEMOS PARA O SENHOR, E SE MORREMOS, MORREMOS PARA O SENHOR… SOMOS D’ELE. (Rm 14)
D – Não se trata tanto de fazer as coisas só por coerência (‘porque fui perdoado devo perdoar’) mas como ‘requisito’ para poder ser perdoado; ou, melhor, como exigência necessária para o perdão.
O – Quer isso dizer que é preciso inverter a ordem dos termos: primeiro perdoar e depois ser perdoado?
C – Também não é questão de ordem ou sequência na sucessão dos atos. Portanto, nem coerência nem sequência. Terá de ser algo de mais profundo e essencial. Já se disse: exigência necessária.
D – Sim. O perdão é como um ‘fluído’, que necessita canais livres, desobstruídos, expeditos – nunca barrados, bloqueados, entupidos – para poder passar de uns aos outros, desde e para Deus!
O – Ou seja, bastará que alguém não queira perdoar a outrem, para, automaticamente, fechar essa ‘passagem’ do perdão… É curioso, trata-se de um canal ou conduta de ‘duplo sentido’: o mesmo “perdão” que não sai de mim, também não pode vir a mim.
C – Quanto ao perdão: ou estamos abertos ou fechados. E quando tu não perdoas, estás a dizer que não queres ser perdoado. Por isso, o único modo de tu seres perdoado é perdoar!
D – Tinha de ser! O perdão é como o amor. Um e outro são como o “sistema circulatório”: não deve haver qualquer obstrução para que o sangue (amor-perdão) circule livremente: desde o coração (Deus) para os órgãos, sistemas e células (que são todos, isto é, os filhos de Deus).
O – E, claro, também vice-versa (com toda a lógica): Entre todos e cada um dos filhos – que somos nós – passando sempre, e cada vez, pelo Pai-Deus!…
X — Serei eu, ó meu Pai e nosso Pai, a causa de qualquer impedimento (‘trombo oclusivo’) na torrente sanguínea do amor-perdão? Afinal, não se trata de fazer grandes coisas para ser ‘perdoador’ dos outros (embora custe!). Basta pensar que não devo estorvar em mim a passagem do perdão: Pois, em definitivo, trata-se do mesmo perdão-amor que – por igual ‘caminho’ – sai de mim, para os outros, e entra em mim; sempre desde Ti, Senhor. E Tu, ó Pai, dir-me-ias, pelas palavras do Teu Filho, quando falava na fé que opera os milagres: «Foi o teu perdão que te perdoou!». Este é o sentido verdadeiro da Palavra de hoje, quer no livro de Ben Sira quer no Evangelho de Jesus… E queremos viver a exortação do Teu filho Paulo: “não devemos viver ou morrer para nós mesmos, mas para o Senhor, Jesus Cristo, que morreu e ressuscitou pelos vivos e os mortos”. Ou, por outras palavras: na vida e na morte, queremos perdoar sempre!
— [♫] – ANTÍFONA(S) (~ ‘Mantra(s)’):
(♪) – «Perdoa, Senhor, o nosso dia, a ausência de gestos corajosos, a fraqueza dos atos consentidos, a vida nos momentos mal amados» …
(♪) – «No meio da multidão, oiço uma voz que me diz: – “Samaritano, estende a mão, faz teu irmão mais feliz!”» (2)…
(♪) – «Há quem diga que muito Te ama, há quem diga que muito Te quer… mas não fazem aquilo que Tu ensinaste a fazer-(2). São pessoas que fazem a guerra, são pessoas que levam a dor… e depois ainda ousam falar no teu nome, Senhor-(2)» …
«TEXTOS» À LUZ DESTA PALAVRA
[ do Papa / da Bíblia / Outros ]
— Papa Francisco –
Acerca de: Quem fecha o coração ao amor não pode ser perdoado.
«O “perdão” não se pode dar a quem fecha o seu coração ao amor aos outros e é incapaz de se sentir perdoado…
O Evangelho do dia oferece-nos um ensinamento sobre o perdão, que não nega o mal imediatamente, mas reconhece que o ser humano, criado à imagem de Deus, é sempre maior do que o mal que comete… A Pedro já lhe parecia o máximo perdoar sete vezes uma mesma pessoa, e talvez a nós já nos pareça muito fazê-lo duas vezes, mas Jesus lhe responde “setenta vezes sete”.
A parábola do rei misericordioso e do servo impiedoso que Jesus conta como exemplo mostra até onde se deve perdoar. O rei é um homem generoso que, cheio de compaixão, perdoa uma dívida enorme a um servo que o suplica. Mas este mesmo servo, assim que encontra outro servo como ele que lhe deve cem denários, se comporta de modo impiedoso, fazendo com que o coloquem na prisão.
A atitude incoerente deste servo é também a nossa quando recusamos o perdão aos nossos irmãos. Mas aquele rei da parábola é a imagem de Deus que nos ama com um amor tão rico de misericórdia que nos acolhe, nos ama e nos perdoa continuamente…
Desde o nosso Batismo, Deus nos perdoou uma dívida impagável: o pecado original. Depois, com uma misericórdia sem limites, ele nos perdoa todas as culpas apenas mostremos, embora seja só pequeno, um sinal de arrependimento…
Quando estamos tentados a fechar o nosso coração a quem nos ofendeu e nos pede perdão, recordemos as palavras do Pai celeste ao servo impiedoso: “Eu perdoei-te toda a tua dívida, porque tu me suplicaste. Não devias tu também ter compaixão do teu companheiro, como eu tive compaixão de ti?”…
Alguém que tenha experimentado a alegria, a paz e a liberdade interior, que vem do facto de ser perdoado, pode, por sua vez, abrir-se à possibilidade de perdoar… No Pai Nosso pede-se “perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”…
O perdão de Deus é o sinal de seu amor transbordante por cada um de nós; é o amor que nos deixa livres para nos afastar, como o filho pródigo, mas que espera a cada dia o nosso retorno; é o amor contínuo do pastor pela ovelha perdida; é a ternura que acolhe todo o pecador que bate à sua porta… O Pai celeste é pleno de amor e quer oferecê-lo, mas não o pode fazer se fecharmos o nosso coração ao amor pelos outros».
[Papa Francisco – Angelus – (17.09.2017)]
// PARA outras REFLEXÕES AFINS: http://palavradeamorpalavra.sallep.net
15 Setembro, 2023
«Não devias compadecer-te do teu companheiro, como eu tive compaixão de ti?»
Luis López A Palavra REFLETIDA
Sr 28,2-4: “…Perdoa a ofensa do teu próximo e, quando o pedires, as tuas ofensas serão perdoadas. Um homem guarda rancor contra outro e pede a Deus que o cure? Não tem compaixão do seu semelhante e pede perdão para os seus próprios pecados?…”. // Rm 14,7-9: “Nenhum de nós vive para si mesmo e nenhum de nós morre para si mesmo. Se vivemos, vivemos para o Senhor, e se morremos, morremos para o Senhor… Na verdade, Cristo morreu e ressuscitou… pelos vivos e os mortos”. // Mt 18,32-35: “«…Então, o seu senhor mandou-o chamar e disse: ‘Servo mau, perdoei-te tudo o que me devias, porque mo pediste. Não devias, também tu, compadecer-te do teu companheiro, como eu tive compaixão de ti?’. E o senhor, indignado, entregou-o aos verdugos… Assim procederá convosco o meu Pai celeste, se cada um de vós não perdoar a seu irmão de todo o coração»”.
D – «…PERDOA A OFENSA DO TEU PRÓXIMO E, QUANDO O PEDIRES, AS TUAS OFENSAS SERÃO PERDOADAS…» (Sr 28)
C – NÃO DEVIAS, TAMBÉM TU, COMPADECER-TE DO TEU COMPANHEIRO, COMO EU TIVE COMPAIXÃO DE TI? (Mt 18)
O – SE VIVEMOS, VIVEMOS PARA O SENHOR, E SE MORREMOS, MORREMOS PARA O SENHOR… SOMOS D’ELE. (Rm 14)
D – Não se trata tanto de fazer as coisas só por coerência (‘porque fui perdoado devo perdoar’) mas como ‘requisito’ para poder ser perdoado; ou, melhor, como exigência necessária para o perdão.
O – Quer isso dizer que é preciso inverter a ordem dos termos: primeiro perdoar e depois ser perdoado?
C – Também não é questão de ordem ou sequência na sucessão dos atos. Portanto, nem coerência nem sequência. Terá de ser algo de mais profundo e essencial. Já se disse: exigência necessária.
D – Sim. O perdão é como um ‘fluído’, que necessita canais livres, desobstruídos, expeditos – nunca barrados, bloqueados, entupidos – para poder passar de uns aos outros, desde e para Deus!
O – Ou seja, bastará que alguém não queira perdoar a outrem, para, automaticamente, fechar essa ‘passagem’ do perdão… É curioso, trata-se de um canal ou conduta de ‘duplo sentido’: o mesmo “perdão” que não sai de mim, também não pode vir a mim.
C – Quanto ao perdão: ou estamos abertos ou fechados. E quando tu não perdoas, estás a dizer que não queres ser perdoado. Por isso, o único modo de tu seres perdoado é perdoar!
D – Tinha de ser! O perdão é como o amor. Um e outro são como o “sistema circulatório”: não deve haver qualquer obstrução para que o sangue (amor-perdão) circule livremente: desde o coração (Deus) para os órgãos, sistemas e células (que são todos, isto é, os filhos de Deus).
O – E, claro, também vice-versa (com toda a lógica): Entre todos e cada um dos filhos – que somos nós – passando sempre, e cada vez, pelo Pai-Deus!…
X — Serei eu, ó meu Pai e nosso Pai, a causa de qualquer impedimento (‘trombo oclusivo’) na torrente sanguínea do amor-perdão? Afinal, não se trata de fazer grandes coisas para ser ‘perdoador’ dos outros (embora custe!). Basta pensar que não devo estorvar em mim a passagem do perdão: Pois, em definitivo, trata-se do mesmo perdão-amor que – por igual ‘caminho’ – sai de mim, para os outros, e entra em mim; sempre desde Ti, Senhor. E Tu, ó Pai, dir-me-ias, pelas palavras do Teu Filho, quando falava na fé que opera os milagres: «Foi o teu perdão que te perdoou!». Este é o sentido verdadeiro da Palavra de hoje, quer no livro de Ben Sira quer no Evangelho de Jesus… E queremos viver a exortação do Teu filho Paulo: “não devemos viver ou morrer para nós mesmos, mas para o Senhor, Jesus Cristo, que morreu e ressuscitou pelos vivos e os mortos”. Ou, por outras palavras: na vida e na morte, queremos perdoar sempre!
— [♫] – ANTÍFONA(S) (~ ‘Mantra(s)’):
(♪) – «Perdoa, Senhor, o nosso dia, a ausência de gestos corajosos, a fraqueza dos atos consentidos, a vida nos momentos mal amados» …
(♪) – «No meio da multidão, oiço uma voz que me diz: – “Samaritano, estende a mão, faz teu irmão mais feliz!”» (2)…
(♪) – «Há quem diga que muito Te ama, há quem diga que muito Te quer… mas não fazem aquilo que Tu ensinaste a fazer-(2). São pessoas que fazem a guerra, são pessoas que levam a dor… e depois ainda ousam falar no teu nome, Senhor-(2)» …
«TEXTOS» À LUZ DESTA PALAVRA
[ do Papa / da Bíblia / Outros ]
— Papa Francisco –
Acerca de: Quem fecha o coração ao amor não pode ser perdoado.
«O “perdão” não se pode dar a quem fecha o seu coração ao amor aos outros e é incapaz de se sentir perdoado…
O Evangelho do dia oferece-nos um ensinamento sobre o perdão, que não nega o mal imediatamente, mas reconhece que o ser humano, criado à imagem de Deus, é sempre maior do que o mal que comete… A Pedro já lhe parecia o máximo perdoar sete vezes uma mesma pessoa, e talvez a nós já nos pareça muito fazê-lo duas vezes, mas Jesus lhe responde “setenta vezes sete”.
A parábola do rei misericordioso e do servo impiedoso que Jesus conta como exemplo mostra até onde se deve perdoar. O rei é um homem generoso que, cheio de compaixão, perdoa uma dívida enorme a um servo que o suplica. Mas este mesmo servo, assim que encontra outro servo como ele que lhe deve cem denários, se comporta de modo impiedoso, fazendo com que o coloquem na prisão.
A atitude incoerente deste servo é também a nossa quando recusamos o perdão aos nossos irmãos. Mas aquele rei da parábola é a imagem de Deus que nos ama com um amor tão rico de misericórdia que nos acolhe, nos ama e nos perdoa continuamente…
Desde o nosso Batismo, Deus nos perdoou uma dívida impagável: o pecado original. Depois, com uma misericórdia sem limites, ele nos perdoa todas as culpas apenas mostremos, embora seja só pequeno, um sinal de arrependimento…
Quando estamos tentados a fechar o nosso coração a quem nos ofendeu e nos pede perdão, recordemos as palavras do Pai celeste ao servo impiedoso: “Eu perdoei-te toda a tua dívida, porque tu me suplicaste. Não devias tu também ter compaixão do teu companheiro, como eu tive compaixão de ti?”…
Alguém que tenha experimentado a alegria, a paz e a liberdade interior, que vem do facto de ser perdoado, pode, por sua vez, abrir-se à possibilidade de perdoar… No Pai Nosso pede-se “perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”…
O perdão de Deus é o sinal de seu amor transbordante por cada um de nós; é o amor que nos deixa livres para nos afastar, como o filho pródigo, mas que espera a cada dia o nosso retorno; é o amor contínuo do pastor pela ovelha perdida; é a ternura que acolhe todo o pecador que bate à sua porta… O Pai celeste é pleno de amor e quer oferecê-lo, mas não o pode fazer se fecharmos o nosso coração ao amor pelos outros».
[Papa Francisco – Angelus – (17.09.2017)]
// PARA outras REFLEXÕES AFINS: http://palavradeamorpalavra.sallep.net