Ex 22,20-22.26: “«Não prejudicarás o estrangeiro, nem o oprimirás, porque vós próprios fostes estrangeiros na terra do Egito. Não maltratarás a viúva nem o órfão. Se lhes fizeres algum mal e eles clamarem por Mim, escutarei o seu clamor… Se eles Me invocarem, escutá-los-ei, porque sou misericordioso»”. // Mt 22,36-40: “«Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?». Jesus respondeu: «‘Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todo o teu espírito’. Este é o maior e o primeiro mandamento. O segundo, porém, é semelhante a este: ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’. Nestes dois mandamentos resume-se toda a Lei e os Profetas»”. // 1Ts 1,8-9: “Em toda a parte se divulgou a vossa fé em Deus, de modo que não precisamos de falar sobre ela. De facto, são eles próprios que relatam o acolhimento que tivemos junto de vós”.

 

D – «SE LHES FIZERES ALGUM MAL (AOS ESTRANGEIROS…) E ELES CLAMAREM POR MIM, EU ESCUTAREI O SEU CLAMOR…» (Ex 22)

C – «AMARÁS O SENHOR, TEU DEUS, COM TODO O TEU CORAÇÃO… E AMARÁS O TEU PRÓXIMO COMO A TI MESMO» (Mt 22)

O – EM TODA A PARTE SE DIVULGOU A VOSSA FÉ EM DEUS, DE MODO QUE NÃO PRECISAMOS DE FALAR SOBRE ELA (1Ts 1)

 

C – É admirável que, já no AT, a Lei inspirada por Deus (a Moisés) tivesse em conta e defendesse os mais pobres e vulneráveis, pondo como base um argumento de lógica: “vós próprios fostes estrangeiros”.

O – Na verdade, parece que, já naquela altura, ‘primitiva’, Javé-Deus considerava como feito a Si o que se fizer a órfãos, viúvas, estrangeiros… para bem ou para mal!

C – Parece ficar assente que Deus toma sempre partido pelos mais indefesos, que não têm outro protetor ou defensor, aqueles que, pela sua fraqueza e pequenez, podem ser abusados pelos mais poderosos…  

D – Porém, será o Filho, Jesus, quem conseguirá (pelas suas palavras e pelo seu exemplo) colocar todos os humanos – quanto filhos do Pai-Deus – no mesmo nível de importância e dignidade.

C – Dignidade que, ao mesmo tempo, é a mesma de Deus. Não de outro modo podem ser explicadas as palavras do Filho Jesus, quando põe em pé de igualdade – “Deus e o próximo” – ao resumir ‘toda a Lei e os Profetas’ no “Seu Mandamento do Amor”.

O – Nunca ninguém, como Jesus, teria autoridade para sintetizar ou condensar ‘tudo’ na palavra ‘Amor’: “Amarás o Senhor, teu Deus, e amarás o teu próximo como a ti mesmo”.

C – Os primeiros discípulos de Jesus – os primeiros cristãos – assim o entenderam e viveram, como atesta S. Paulo, escrevendo aos cristãos de Tessalónica, que “acolhiam na sua terra os forasteiros”, como enviados de Deus. E parece que isto era ‘público e notório’: “divulgou-se em toda a parte”.

 

’ X — Embora ‘Javé’ – o ‘nome’ que se dava a Deus no AT – não o manifestasse ainda claramente, alguns textos bíblicos (Palavra de Deus!) como é o caso de Êxodo 22 (e outros, com mais aproximação ainda) deixam entrever que o feito aos outros – em bem ou em mal – é como se fosse feito ao mesmo Deus. Oh, grande e admirável mistério! Impensável para nós, ainda que maravilhoso! E ao mesmo tempo, terrível realidade, porque nos é difícil aceitá-lo, e ainda mais difícil vivê-lo, em cada dia, na nossa realidade vital. Então, podemos sentir-nos tentados a pensar que esta interpretação dos textos do AT não deve ser correta… Mas, para não haver qualquer dúvida, o próprio Filho de Deus, Jesus, no-lo manifestou “já abertamente”: “«Em verdade vos digo: ‘Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes’ … ‘Sempre que deixastes de fazer isto a um destes pequeninos, foi a Mim que o deixastes de fazer’»”.(Mt 25,40.45). Mas era bom lembrar toda a explicação que Jesus faz do Juízo Final [nos versículos 31-46 desse c.25 /Ver: fim].  — E nós sabemos, Jesus,  que esses ‘pequeninos’ somos todos os Teus irmãos, os humanos, com os quais Tu quiseste “identificar-Te” ao realizares o Mistério da Tua Encarnação. Seremos nós capazes de interiorizar e viver esta “identificação com todos os nossos irmãos”, a começar pelos ‘mais pequenos’? – Tentaremos vivê-lo sempre, com a força do Teu Espírito!    

 

[] – ANTÍFONA(S) (~ ‘Mantra(s)’):

() – «Como o Pai Me amou Eu vos tenho amado. Permanecei no Meu Amor. Permanecei no Meu Amor!» …

() – «Não te importes das raças nem da cor da pele: Ama todos como irmãos e faz o bem.(2) Cristo quer a tua ajuda para amar, para amar, Cristo quer a tua ajuda para amar»

() – «Recebemos do Senhor um mandamento novo: “Amemo-nos uns aos outros como Ele nos amou. Amemo-nos uns aos outros como Ele nos amou”!» …

() – «Confitemini Domino quoniam bonus! Confitemini Domino! Alleluia!» …   – Taizé –  [Aclamai o Senhor porque é bom! Aclamai o Senhor! Aleluia!]           

 

«TEXTOS» À LUZ DESTA PALAVRA

[ do Papa / da Bíblia / Outros ]

Papa Francisco

     – ‘Extratos’ do Discurso… Chamamento à Paz –    [ Realizado num destes dias (20-10-2020) ]

«Queridos irmãos e irmãs!

É motivo de alegria e gratidão a Deus poder encontrar-nos aqui, no Capitólio, no coração de Roma… De várias religiões, estamos a rezar, uns próximos dos outros, pela paz. …

…De facto, “o mandamento da paz está inscrito nas profundezas das tradições religiosas”. (FRANCISCO, Enc. “Fratelli tutti” – FT, 284).

…“Não fiquemos em discussões teóricas, tomemos contato com as feridas, toquemos a carne de quem paga os danos. […] Prestemos atenção aos prófugos, àqueles que sofreram as radiações atómicas ou os ataques químicos, às mulheres que perderam os filhos, às crianças mutiladas ou privadas da sua infância”.(FT, 261). Hoje, as tribulações das guerras são agravadas também pela pandemia do Coronavírus e pela impossibilidade, em muitos países, de se ter acesso aos tratamentos necessários. …

…A lição da pandemia atual, se quisermos ser honestos, é “a consciência de sermos uma comunidade mundial que viaja no mesmo barco, onde o mal de um prejudica a todos. Lembremos que ninguém se salva sozinho, que só é possível salvar-nos juntos” (FT, 32). A fraternidade, que brota da consciência de sermos uma única humanidade, deve penetrar na vida dos povos, nas comunidades, no íntimo dos governantes, nos foros internacionais. Deste modo, fará crescer a consciência de que só juntos nos salvaremos, encontrando-nos, negociando, desistindo de combater-nos, reconciliando-nos, moderando a linguagem da política e da propaganda, desenvolvendo percursos concretos para a paz (cf. FT, 231) … De facto, com a ajuda de Deus, é possível construir um mundo de paz, onde nos salvamos juntos. …

…As guerras e a paz, as pandemias e o cuidado da saúde, a fome e o acesso ao alimento, o aquecimento global e a sustentabilidade do desenvolvimento, as migrações e deslocamentos das populações, a eliminação do perigo nuclear e a redução das desigualdades… não afetam unicamente a cada nação ou país. Hoje entendemo-lo melhor, num mundo cheio de conexões, mas que frequentemente perde o sentido da fraternidade. Somos irmãos e irmãs, todos!… Peçamos ao Altíssimo que, após este tempo de prova, não haja mais um “os outros”, mas um grande “nós” rico de diversidade. …

…Pedimos aos governantes que rejeitem a linguagem da divisão, que está suportada por sentimentos de medo e de desconfiança, e para que não se iniciem caminhos que não tenham volta atrás. Olhemos juntos para as vítimas, Há muitos, demasiados, conflitos ainda abertos nos nosso mundo. …

…Ninguém pode alhear-se nem olhar para outro lado ou lavar as mãos. Somos todos corresponsáveis. Todos precisamos de perdoar e sermos perdoados. As injustiças do mundo e da história curam-se, não com ódio e vergonha, mas com o amor, diálogo e perdão.

Que Deus inspire estes ideais em todos nós, neste caminho que fazemos juntos, e, transformando os corações de cada um, nos faça mensageiros do a mor e da paz».

[ Piazza del Campidoglio – Roma-20.10.2020 ]

 

Texto Bíblico

– O relato do Juízo Final ou Juízo Definitivo –  (No Evangelista Mateus)

«Quando o Filho do Homem vier na sua glória, acompanhado por todos os seus anjos, há de sentar-se no seu trono de glória. Perante Ele, vão reunir-se todos os povos e Ele separará as pessoas umas das outras, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. À sua direita porá as ovelhas e à sua esquerda, os cabritos. O Rei dirá, então, aos da sua direita: ‘Vinde, benditos de meu Pai! Recebei em herança o Reino que vos está preparado desde a criação do mundo. Porque tive fome e destes-Me de comer, tive sede e destes-Me de beber, era peregrino e recolhestes-Me, estava nu e destes-Me que vestir, adoeci e visitastes-Me, estive na prisão e fostes ter coMigo’. Então, os justos vão responder-lhe: ‘Senhor, quando foi que Te vimos com fome e Te demos de comer, ou com sede e Te demos de beber? Quando Te vimos peregrino e Te recolhemos, ou nu e Te vestimos? E quando Te vimos doente ou na prisão, e fomos visitar-Te?’. E o Rei vai dizer-lhes, em resposta: ‘Em verdade vos digo: Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes’. Em seguida dirá aos da esquerda: ‘Afastai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, que está preparado para o diabo e para os seus anjos! Porque tive fome e não Me destes de comer, tive sede e não Me destes de beber, era peregrino e não Me recolhestes, estava nu e não Me vestistes, doente e na prisão e não fostes visitar-Me’. Por sua vez, eles perguntarão: ‘Quando foi que Te vimos com fome, ou com sede, ou peregrino, ou nu, ou doente, ou na prisão, e não Te socorremos?’. Ele responderá então: ‘Em verdade vos digo: Sempre que deixastes de fazer isto a um destes pequeninos, foi a Mim que o deixastes de fazer’. Estes irão para o suplício eterno, e os justos, para a vida eterna».

[ Mt 25,31-46 ]

 

 

// PARA outras REFLEXÕES AFINS:  http://palavradeamorpalavra.sallep.net