
(Ciclo A – Domingo 1 – Quaresma)
«ESTÁ ESCRITO»!
A «tentação para o mal» estará sempre connosco, como tantas outras realidades humanas que sempre nos acompanham… A vida, neste vale de prova (“milícia é a vida do homem sobre a terra”, diz a Escritura) decorre entre duas forças antagónicas, tão antigas (ou mais?) como a Humanidade (“Ormuzd” e “Ahriman”): o Bem e o Mal. E não vale a pena alguém pretender contornar, ignorar ou suprimir esta verdade capital! Também este é outro profundo e universal mistério. Terrível mistério, intimamente ligado a essoutro mistério da Liberdade humana – lembram-se? –. E tudo isto – não convém esquecê-lo! – desde as mesmas origens da “aventura humana”, aquando daquele paradigma figurado do homem-mulher, Adão-Eva. Eles viram-se confrontados, logo à partida, com esta sugestiva e sedutora, mas ao mesmo tempo crua e dura, realidade de ter que optar, sem outra alternativa, entre duas forças ou polos opostos e excludentes. E lá estava, plantada mesmo no meio, “a árvore da ciência do bem e do mal”! Não havia fuga ou escapatória possível; também não cabiam escusas ou evasivas. E foi precisamente a serpente – outro paradigma figurado – quem o disse claramente naquela altura (a eles e a cada um de nós!): «De maneira nenhuma! Não morrereis. Mas Deus sabe que, no dia em que o comerdes, abrir-se-ão os vossos olhos e sereis como deuses, ficando a conhecer o bem e o mal». E, claro, quando a escolha é – consciente e livremente – mal feita, no sentido errado, então tudo fica deturpado, virado às avessas. “Abriram-se então os seus olhos e compreenderam que estavam nus”. (Gn 2-3 / 1ª L.). E ficaram atrapalhados. E tiveram que tapar ou disfarçar, apressados e confusos, aquelas “suas vergonhas”, que até então eram admiráveis maravilhas da Criação (?!).
Sorte a nossa e privilégio imerecido que, nesta contenda das tentações, temos uma arma, de defesa e de ataque, na própria Palavra de Deus, Palavra de Amor, para sairmos sempre vitoriosos. Ao mesmo tempo que, à nossa frente, avança o nosso Salvador, Jesus, «a Palavra Encarnada», a demonstrar – qual “novo Adão”, em expressão de Paulo (Rm 5) – que esta vitória sobre toda a tentação é possível pela força da Palavra. De tal maneira que nesta ocasião, como em outros casos, podia dizer-nos Jesus: “Dei-vos exemplo para que vós sigais os meus passos”... No Evangelho de hoje aparece, portanto, essa lição a aprender e seguir, em todo o tipo de tentação. Eis o modo como Jesus utiliza a Palavra (“está escrito”) como escudo e espada para vencer o Diabo, ou Satanás: “«Está escrito: ‘Nem só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus’»” (na primeira tentação). E é tão eficaz o seu exemplo, que até o próprio espírito Maligno, aprende logo a lição e contra-ataca também usando a Palavra (na segunda tentação): “…pois está escrito: ‘Deus mandará aos seus Anjos que te recebam nas suas mãos, para que não tropeces em alguma pedra’». Porém, neste campo e a esse nível, o Tentador nada tem a fazer, pois Jesus retorque simplesmente: “«Também está escrito: ‘Não tentarás o Senhor teu Deus’»”. E, finalmente, após o “terceiro assalto” do Maligno, a Palavra utilizada por Jesus é terminante e definitiva: “«Vai-te, Satanás, porque está escrito: ‘Adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele prestarás culto’»”… (Mt 4 / 3ª L.). Resta-nos pois seguir o exemplo e estilo de Jesus; porque assim, a Força e o Espírito que Ele infunde em nós através da Sua Palavra, estarão sempre connosco nesta luta contra o Mal. Pois não é outro o significado de expressões como esta, que já escutamos mais do que uma vez: «Também nós venceremos a tentação – com Jesus e como Jesus! – pela oração e o sacrifício… com a força da Palavra de Deus».
Toda esta realidade, da luta no meio das tentações, teve o seu início, portanto, naquele “mal original” que Paulo argumenta e resume assim (na sua carta aos romanos): Porque se é verdade que – simbolicamente! – “por um só homem-mulher (Adão-Eva) entrou o pecado, o mal e a morte no mundo”… é ainda mais verdade que – realmente! – “com muito mais razão, ao receberem com abundância a graça e o dom da justiça… pela obra e a vida de um só, JESUS CRISTO, virá para todos a justificação, que dá a Vida… e todos se tornarão justos”. (Rm 5 / 2ª L.).
Também «está escrito» (é Palavra de Deus):
“Tu és, ó Deus, Paciente e Misericordioso”…
E porque “está escrito”, Senhor,
compadece-Te e tem compaixão de mim
pela Tua bondade e misericórdia…
E quando a tentação me venceu
e a minha decisão foi errada,
apaga os meus pecados, ó Deus,
e purifica-me de todas as faltas…
Pedes-me para reconhecer o meu pecado
e assim Tu poderes curar as minhas chagas,
mas não queres que me atormente
com a lembrança das minhas faltas e erros,
porque isto “não está escrito”, Senhor.
Queres, isso sim, criar em mim
um coração puro, e fazer nascer
dentro de mim um espírito firme…
Eu prometo não “sair” da Tua presença
e conservar e aumentar em mim
o Teu espírito de santidade…
E assim, na companhia dos meus irmãos,
vou sentir e viver a Tua Salvação,
para cantar eternamente o Teu louvor…
[ do Salmo Responsorial / 50 (51) ]
3 Março, 2017
«ESTÁ ESCRITO»!
Luis López A Palavra REFLETIDA 0 Comments
(Ciclo A – Domingo 1 – Quaresma)
«ESTÁ ESCRITO»!
A «tentação para o mal» estará sempre connosco, como tantas outras realidades humanas que sempre nos acompanham… A vida, neste vale de prova (“milícia é a vida do homem sobre a terra”, diz a Escritura) decorre entre duas forças antagónicas, tão antigas (ou mais?) como a Humanidade (“Ormuzd” e “Ahriman”): o Bem e o Mal. E não vale a pena alguém pretender contornar, ignorar ou suprimir esta verdade capital! Também este é outro profundo e universal mistério. Terrível mistério, intimamente ligado a essoutro mistério da Liberdade humana – lembram-se? –. E tudo isto – não convém esquecê-lo! – desde as mesmas origens da “aventura humana”, aquando daquele paradigma figurado do homem-mulher, Adão-Eva. Eles viram-se confrontados, logo à partida, com esta sugestiva e sedutora, mas ao mesmo tempo crua e dura, realidade de ter que optar, sem outra alternativa, entre duas forças ou polos opostos e excludentes. E lá estava, plantada mesmo no meio, “a árvore da ciência do bem e do mal”! Não havia fuga ou escapatória possível; também não cabiam escusas ou evasivas. E foi precisamente a serpente – outro paradigma figurado – quem o disse claramente naquela altura (a eles e a cada um de nós!): «De maneira nenhuma! Não morrereis. Mas Deus sabe que, no dia em que o comerdes, abrir-se-ão os vossos olhos e sereis como deuses, ficando a conhecer o bem e o mal». E, claro, quando a escolha é – consciente e livremente – mal feita, no sentido errado, então tudo fica deturpado, virado às avessas. “Abriram-se então os seus olhos e compreenderam que estavam nus”. (Gn 2-3 / 1ª L.). E ficaram atrapalhados. E tiveram que tapar ou disfarçar, apressados e confusos, aquelas “suas vergonhas”, que até então eram admiráveis maravilhas da Criação (?!).
Sorte a nossa e privilégio imerecido que, nesta contenda das tentações, temos uma arma, de defesa e de ataque, na própria Palavra de Deus, Palavra de Amor, para sairmos sempre vitoriosos. Ao mesmo tempo que, à nossa frente, avança o nosso Salvador, Jesus, «a Palavra Encarnada», a demonstrar – qual “novo Adão”, em expressão de Paulo (Rm 5) – que esta vitória sobre toda a tentação é possível pela força da Palavra. De tal maneira que nesta ocasião, como em outros casos, podia dizer-nos Jesus: “Dei-vos exemplo para que vós sigais os meus passos”... No Evangelho de hoje aparece, portanto, essa lição a aprender e seguir, em todo o tipo de tentação. Eis o modo como Jesus utiliza a Palavra (“está escrito”) como escudo e espada para vencer o Diabo, ou Satanás: “«Está escrito: ‘Nem só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus’»” (na primeira tentação). E é tão eficaz o seu exemplo, que até o próprio espírito Maligno, aprende logo a lição e contra-ataca também usando a Palavra (na segunda tentação): “…pois está escrito: ‘Deus mandará aos seus Anjos que te recebam nas suas mãos, para que não tropeces em alguma pedra’». Porém, neste campo e a esse nível, o Tentador nada tem a fazer, pois Jesus retorque simplesmente: “«Também está escrito: ‘Não tentarás o Senhor teu Deus’»”. E, finalmente, após o “terceiro assalto” do Maligno, a Palavra utilizada por Jesus é terminante e definitiva: “«Vai-te, Satanás, porque está escrito: ‘Adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele prestarás culto’»”… (Mt 4 / 3ª L.). Resta-nos pois seguir o exemplo e estilo de Jesus; porque assim, a Força e o Espírito que Ele infunde em nós através da Sua Palavra, estarão sempre connosco nesta luta contra o Mal. Pois não é outro o significado de expressões como esta, que já escutamos mais do que uma vez: «Também nós venceremos a tentação – com Jesus e como Jesus! – pela oração e o sacrifício… com a força da Palavra de Deus».
Toda esta realidade, da luta no meio das tentações, teve o seu início, portanto, naquele “mal original” que Paulo argumenta e resume assim (na sua carta aos romanos): Porque se é verdade que – simbolicamente! – “por um só homem-mulher (Adão-Eva) entrou o pecado, o mal e a morte no mundo”… é ainda mais verdade que – realmente! – “com muito mais razão, ao receberem com abundância a graça e o dom da justiça… pela obra e a vida de um só, JESUS CRISTO, virá para todos a justificação, que dá a Vida… e todos se tornarão justos”. (Rm 5 / 2ª L.).
Também «está escrito» (é Palavra de Deus):
“Tu és, ó Deus, Paciente e Misericordioso”…
E porque “está escrito”, Senhor,
compadece-Te e tem compaixão de mim
pela Tua bondade e misericórdia…
E quando a tentação me venceu
e a minha decisão foi errada,
apaga os meus pecados, ó Deus,
e purifica-me de todas as faltas…
Pedes-me para reconhecer o meu pecado
e assim Tu poderes curar as minhas chagas,
mas não queres que me atormente
com a lembrança das minhas faltas e erros,
porque isto “não está escrito”, Senhor.
Queres, isso sim, criar em mim
um coração puro, e fazer nascer
dentro de mim um espírito firme…
Eu prometo não “sair” da Tua presença
e conservar e aumentar em mim
o Teu espírito de santidade…
E assim, na companhia dos meus irmãos,
vou sentir e viver a Tua Salvação,
para cantar eternamente o Teu louvor…
[ do Salmo Responsorial / 50 (51) ]