18aa- «Eu sou a porta das ovelhas...

– A PALAVRA, Refletida ao ritmo Litúrgico –

(Ciclo A – Domingo 4 da Páscoa)

 

“«…Aquele que entra pela porta é o pastor das ovelhas. O porteiro abre-lhe a porta e as ovelhas conhecem a sua voz… Em verdade, em verdade vos digo: Eu sou a porta das ovelhas… Quem entrar por Mim será salvo: é como a ovelha que entra e sai do aprisco e encontra pastagem… Eu vim para que as minhas ovelhas tenham vida e a tenham em abundância»”. (Jo 10,1-10 / 3ª L.).

 

Neste texto, Jesus começa por dizer que “o pastor das ovelhas é aquele que entra pela porta”. Mas, logo a seguir, vai dizendo que “Ele é, também, a porta do aprisco”. Então, como é que uma pessoa pode ser, em simultâneo, o pastor das ovelhas e a porta por onde elas entram e saem?…

 

A – E o mais interessante é que a coisa não fica por aí. Pois nós sabemos que um dos títulos que se atribui a Jesus, já desde a “figura do cordeiro pascal”, é isso: O “Cordeiro de Deus” imolado…

B – Aliás, pela Sua Encarnação toma a natureza humana, como sabemos. E uma vez que os seres humanos são – na parábola de Jesus – as ovelhas do rebanho, Ele passa a ser também ovelha…

A – Deveras misterioso, além de admirável! Jesus é, ao mesmo tempo, estas três coisas: é pastor, é ovelha (“cordeiro”) e é porta do redil. Seremos capazes de decifrar este “enigma”?…

B – Pelo mistério da Encarnação – como se acaba de lembrar – fica assente o facto de Jesus ser, enquanto homem, solidário «como ovelha com as ovelhas». Por isso, Ele mesmo o confirma ao dizer: “Eu vim para que as minhas ovelhas tenham vida e a tenham em abundância”

A – E este “mistério” já tinha sido anunciado e “pré-figurado”, desde muito antigo pelo profeta Isaías (no poema do quarto «Cântico do Servo»): “Como cordeiro levado ao matadouro, e como ovelha sem voz diante daquele que a tosquia, assim Ele não abre a sua boca”… (Is 53,7).

B – Quanto ao de Jesus ser pastor, parece-nos mais fácil de compreender. O próprio Jesus gostava de se apresentar “na figura do pastor”, melhor dizendo, do “bom pastor”

A – É verdade. Vemo-lo, repetidamente, na sequência deste Evangelho: “Eu sou o bom pastor, que dá a vida pelas ovelhas… Conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas conhecem-me… E “é preciso Eu trazer as ovelhas afastadas… até haver um só rebanho e um só pastor” (Jo 10,11ss).

B – E a questão de Jesus ser “a porta” do redil, tem a ver com o tema da «liberdade» (que Deus criou e respeitará sempre). Outros “falsos pastores” poderão limitar e até suprimir a liberdade… mas este Pastor Bom, nunca! Não seria Ele então a porta (sem chave!?) “para entrar e sair”!

A – É para lembrar aquela história da ovelhinha que escapava do redil por uma brecha que havia; e o pastor não queria tapar aquela abertura “por respeito à liberdade da ovelhinha”! Assim é Jesus!   

 

A/B: Não é fácil, Jesus, para o nosso entendimento humano – de simples ovelhinhas

atingir os vários atributos que se integram na Tua Pessoa humano-divina!…

Têm razão os “poetas” (que são “profetas”) como aquele que Te definia como

«Pastor e Cordeiro, sem choça nem lã…». Ajuda-nos, então, a ser, como Tu,

além de ovelhas fiéis, pastores vigilantes e portas de liberdade, para os outros…            

 

// PARA uma outra REFLEXÃO ALARGADA:

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